O líder da Renamo espera que o encontro com o Presidente sirva para obter garantias quanto aos acordos para o fim das hostilidades e também para preparar o período posterior às eleições, que Afonso Dhlakama espera ganhar.
"Esse encontro é muito importante para mim e para o próprio Presidente da República, porque ele vai deixar o poder", afirmou o presidente do maior partido de oposição no país, em entrevista por telefone à Lusa.
Dhlakama disse que, no encontro entre os dois líderes, ainda por marcar, exigirá garantias de que o Presidente Armando Guebuza deixe instruções, no fim do seu mandato, ao partido no poder para preservar o acordo de cessar-fogo e o entendimento com o Governo, assinados pelas delegações das duas partes no domingo, salientando que "foi sempre a Frelimo que atacou a Renamo e violou os acordos".
"Quero que ele diga que doravante essas coisas vão parar", declarou o líder da oposição, que se mantém no seu refúgio na serra da Gorongosa, no centro do país, e de onde espera sair brevemente, após a transformação dos acordos em leis.
Segundo Dhlakama, o Presidente também quererá garantias da sua parte, para o período posterior às eleições gerais de 15 de Outubro (presidenciais, legislativas e assembleias provinciais), que prevê ganhar.
"Ele poderá pensar que Dhlakama vai vingar-se dos dirigentes da Frelimo e eu também tenho de dizer a ele, como Presidente da República, que não - 'irmão, esqueça, o passado é o passado, fica na história, mas agora vamos olhar para a frente'", afirmou o presidente da Renamo, assegurando que a tentativa de assassínio que diz ter sido alvo, no ataque à sua residência em Satungira, na Gorongosa, a 21 de Outubro passado, está ultrapassada. "A guerra é mesmo assim e ele [Guebuza] também precisa de ouvir da minha boca garantias para o futuro dele".
O fim da crise do último ano e meio entre as duas partes, motivada inicialmente por divergências sobre a lei eleitoral e depois sobre a composição das Forças de Defesa e Segurança, deve também "encorajar os investidores estrangeiros e nacionais, porque são dois líderes que se abraçam, o que significa que é um ato de reconciliação", encerrando um período em que a imagem do país ficou "manchada".
Dhlakama não avançou quando abandonará o local onde se encontra nem para onde, dizendo que está a analisar se sairá para Maputo, ou para Nampula, no norte do país, onde tinha residência antes de se fixar na Gorongosa, ou ainda para a cidade da Beira.
Após uma "vitória militar" nos confrontos com o exército, o líder da Renamo prepara-se agora para iniciar a campanha eleitoral.
"Por termos ganho a campanha está feita", declarou, sustentando que a recente luta resultou numa lei eleitoral, que "permite que os partidos tenham liberdade e o direito de trabalhar nos órgãos eleitorais locais e controlar os eleitores", além do cessar-fogo e das bases de entendimento em relação à integração de homens da Renamo nas Forças de Defesa e Segurança e ainda observadores estrangeiros para vigiar todo o processo.
"Isto é uma revolução e as pessoas sabem quem fez isso, quem obrigou o regime a aceitar esses valores foi o sacrifício do Dhlakama e da Renamo", assinalou, acrescentando que estes ganhos "motivam todos os intelectuais, sobretudo jovens de 18, 20, 30 anos, licenciados, que estão a ver Dhlakama como salvador e querem experimentá-lo para desenvolver as suas políticas setoriais".
"A Renamo vai limpar, já ganhámos", afirmou o líder da oposição, recusando cenários apontados por comentadores políticos e sondagens que colocam a sua candidatura presidencial e o seu partido atrás da Frelimo e do MDM (Movimento Democrático de Moçambique).
Em relação ao candidato presidencial da Frelimo, Filipe Nyusi, Dhlakama prevê que não atinja sequer 30% e, quanto ao MDM, que tem vindo a consolidar a sua força no voto urbano, afirmou que os dissidentes da Renamo que fundaram esta força em 2008 "estão a regressar todos os dias ao partido".
Fonte: LUSA – 27.08.2014
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