A Assembleia da
República, o parlamento moçambicano, aprovou hoje, na generalidade e por
consenso, a Lei do Direito à Informação, que visa essencialmente, informar ao
cidadão sobre assuntos da vida pública e administrativa no país.
A Lei, cujo Projecto
foi submetido na Assembleia da República há cerca de oito anos, garante ainda
que o cidadão moçambicano tenha acesso à informação para que, dessa forma,
busque esclarecimento e controlo sobre os excessos de poder.
Falando momentos após
a aprovação da Lei, o presidente do Instituto de Comunicação Social da África
Austral (MISA) em Moçambique, Fernando Gonçalves, disse que a lei é o que por enquanto o cidadão pode ter, uma vez que deve
(a Lei) estar em consonância com o documento legal sobre o direito à
Informação, adoptado recentemente pela União Africana.
Havendo uma lei
modelo da União Africana sobre o direito à Informação, nós pensamos que alguns
aspectos poderiam ser incorporados para tornar a Lei ainda melhor mas, mesmo
assim estamos satisfeitos com a sua aprovação.
Gonçalves referiu que
a Comissão Africana dos Direitos Humanos e dos Povos recomenda que cada Estado
membro crie uma comissão que zela pelo cumprimento da Lei (dos Direitos Humanos
e dos Povos).
A referida Comissão
deverá, por seu turno, prever mecanismos de apelo, no caso de a informação
solicitada não for aceite pelas instituições públicas.
No entanto, o
presidente do MISA-Moçambique garante que existem alternativas no caso de a
informação não estar ao alcance do cidadão que a solicitou.
Mas quando o
mecanismo de apelo for esgotado, passa-se para o Tribunal Administrativo, disse Gonçalves, explicando que esta
é a entidade que decide em última instância.
Atendendo o período
eleitoral que o país se encontra e, relacionando a aprovação da Lei sobre o
Direito à Informação, a fonte sublinhou não haver nada a obstar, embora
reconheça que quando o cidadão tem o acesso a informação, constitui um pilar
para o crescimento de uma sociedade democrática.
Por seu turno, o
antigo presidente do MISA-Moçambique, Tomás Vieira Mário, afirmou que a
aprovação da Lei abre espaço para que cidadãos solicitem informação cuja acção
tenha impacto na vida pública.
Segundo Vieira Mário,
só o facto de a Lei sobre o Direito à Informação trazer uma definição do
Segredo do Estado, torna-a muito importante, uma vez que até recentemente não
era possível saber quem havia de definir as balizas.
Vieira Mário
manifestou o seu cepticismo sobre o cumprimento da Lei, depois da sua aprovação
na especialidade.
Resta saber se o
Estado estará disposto em termos estruturais e que hajam comissões
institucionais para que, de facto, a informação esteja disponível em tempo útil
ao cidadão, disse.
Vieira Mário fez
questão de frisar que a Lei sobre o Direito à Informação não é para jornalistas
mas sim para o cidadão.
Nós tivemos a
iniciativa sim, mas a lei é para todo o cidadão que tenha direito à informação
na posse do Estado, afirmou.
Aparentemente, a
aprovação da Lei na especialidade deverá ocorrer na próxima legislatura, pois o
parlamento encerra as suas actividades na próxima segunda-feira.
Fonte: AIM - 21.08.2014
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