A Cidade de Angoche, em Nampula, está sem energia eléctrica há oito dias devido a uma avaria grossa registada no transformador que alimenta a urbe. Como consequência, os cerca de 85 mil habitantes daquela autarquia estão igualmente privados de abastecimento de água, uma vez que o equipamento de bombagem não pode funcionar sem disponibilidade de electricidade.
Devido à falta de energia eléctrica, as empresas públicas e privadas baseadas na cidade de Angoche estão a acumular prejuízos em razão da privação que enfrentam no contexto da prestação de serviços aos utentes.
O hospital rural local, por exemplo, está há três dias sem energia eléctrica, uma vez que o gerador que vinha garantindo a provisão daquele serviço parou de operar por falta de combustível.
O director do Serviço Distrital da Saúde, Mulher e Acção Social em Angoche, Nilton Napoleão, disse que as cirurgias programadas estão suspensas porque o hospital não tem energia eléctrica. Adicionalmente, os doentes graves serão transferidos para o maior hospital da região norte, localizado na cidade de Nampula.
O sangue em poder da unidade sanitária em Angoche está em risco de ficar inutilizado pelo facto de as geleiras não se encontrarem em funcionamento.
“Avançamos com a proposta de conservar o sangue numa unidade localizada a 13 quilómetros da cidade mas concluímos que não ser a mais recomendável pois, sempre que se julgar necessário a ambulância deve fazer 26 quilómetros para buscar e nesse tempo o doente pode piorar o seu estado de saúde e até morrer”, disse Napoleão.
Por outro lado, a higiene da unidade sanitária também está afectada pela situação, uma vez que as reservas de água podem esgotar a qualquer momento.
Os funcionários das empresas do sector público deslocam-se aos seus postos para conversar porque os equipamentos que justificam o exercício da sua actividade não funcionam por falta de energia eléctrica. No sector privado a situação não foge ao que se vive no público.
A economia da cidade de Angoche depende, em grande medida, da actividade da pesca a qual segundo constatamos funciona a meio gás, pois foi forçada a reduzir o volume de pescarias porque a demanda no mercado baixou em razão das dificuldades de conservação que a falta de energia eléctrica está a impôr.
A nossa Reportagem soube ainda que as empresas que garantem o abastecimento de combustíveis a cidade de Angoche registam rotura dos seus stocks provocada pela grande demanda entretanto não compensada com reabastecimentos atempados a partir das cidades de Nampula e Nacala-Porto como têm acontecido. No mercado paralelo o litro de gasolina custa 70 meticais mais trinta em relação ao preço tabelado pelas entidades competentes.
A avaria que priva a cidade de Angoche do fornecimento de energia eléctrica registou-se na madrugada da última quarta-feira no transformador principal que alimenta a urbe. A primeira avaliação feita pela equipe técnica da empresa Electricidade de Moçambique, no terreno, indicou a necessidade da sua rápida substituição.
Porque na província de Nampula não havia disponibilidade do transformador eléctrico com a potência exigida para a alimentar a cidade de Angoche a EDM viu-se forçada a recorrer a vizinha província de Cabo Delgado. O transformador já se encontra no terreno como pôde testemunhar a Reportagem do Notícias, mas a sua operacionalização não tem previsão, porquanto os trabalhos são de grande envergadura tendo exigido reforço de técnicos entretanto enviados da Direcção Regional Norte daquela empresa pública.
Entretanto, os munícipes de Angoche que nos últimos três dias são forçados a percorrer distâncias para obter água dos poços dizem não estar informados junto da EDM sobre o que está por detrás do apagão que dura a uma semana. Dizem que há um silêncio e até indiferença da direcção da empresa que presta o serviço naquela urbe para esclarecer a situação e avançar previsões do restabelecimento do fornecimento da energia eléctrica e a nossa Reportagem não escapou a essas atitudes.
Fonte: Jornal Notícia – 11.06.2014
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