A TALHE DE FOICE, por Machado da Graça
E chega ao ridículo de vestir o tal candidato com vestes islâmicas e cofió vermelho durante a recente visita deste a Cabo Delgado. Afinal o tão cristão Nyusi, que até foi à peregrinação à Namaacha, no Sul, transforma-se em islâmico no Norte? O que a geografia faz à fé de alguns... Quem quiser acreditar neste camaleonismo religioso que acredite mas, depois, não venha chorar que foi aldrabado.
A quatro meses das eleições gerais, presidenciais e provinciais, o partido Frelimo lançou uma campanha de choque para desestabilizar Daviz Simango, o MDM e a sua principal base de apoio, a cidade da Beira.
Por estapafúrdia que seja esta ideia de retirar à cidade da Beira cerca de 80% da sua área, estou convencido que ela vai andar, permanentemente, no ar durante estes próximos quatro meses, retirando à direcção do MDM o tempo e a disponibilidade necessárias para a preparação da campanha eleitoral e controlo eficaz do processo de votação.
Num outro país, muito provavelmente o Conselho Constitucional tomaria imediatamente medidas para parar com o absurdo e a vida voltaria ao normal, mas, por cá, as coisas têm tendência a eternizar-se à medida dos interesses do partido dominante.
De qualquer forma, numa província que já está no estado em que está, em termos de violência político-militar, atear mais um foco de conflito, que facilmente pode dar para o torto, é uma medida arriscada que o partido Frelimo pode vir a pagar cara. Que todos nós, os moçambicanos, podemos vir a pagar caro.
Provocar uma revolta urbana na Beira, a capital do Centro, pode ser uma jogada extremamente perigosa. Perigosa para o que resta de Paz e perigosa para a unidade nacional.
E é espantoso que um partido, que enche a sua propaganda de apelos ao diálogo, venha propor uma medida desta dimensão sem qualquer consulta à população a ser afectada. “Bem prega o frei Tomás. Façam todos o que ele diz, ninguém faça o que ele faz.”
Tudo isto só mostra o medo enorme que o partido Frelimo tem dos resultados nas urnas. Com Dhlakama isolado no mato, ataca agora Daviz Simango enquanto nos esmaga com propaganda ao seu desconhecido candidato presidencial, totalmente fora das datas indicadas para a campanha eleitoral.
E chega ao ridículo de vestir o tal candidato com vestes islâmicas e cofió vermelho durante a recente visita deste a Cabo Delgado. Afinal o tão cristão Nyusi, que até foi à peregrinação à Namaacha, no Sul, transforma-se em islâmico no Norte? O que a geografia faz à fé de alguns... Quem quiser acreditar neste camaleonismo religioso que acredite mas, depois, não venha chorar que foi aldrabado.
Em resumo, a golpada da Beira é mais uma arma do arsenal eleitoral. E não nos devemos admirar se surgirem mais, do mesmo género, porque das cabeças luminosas de onde saiu esta ideia, várias outras podem surgir.
SAVANA – 20.06.2014
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