As autoridades moçambicanas deviam acompanhar a diáspora de forma mais eficaz, defendeu, em declarações à Lusa, Manuel de Araújo, presidente da Câmara de Quelimane e dirigente da oposição moçambicana.
"Os cabo-verdianos em Lisboa ou nos Estados Unidos têm uma relação melhor estruturada com o seu país de origem do que aquela que nós temos. Há necessidade de haver políticas que possam fomentar a integração destes moçambicanos que, para mim, são uma reserva bastante importante para o desenvolvimento do nosso país", disse Manuel de Araújo, dirigente do Movimento Democrático de Moçambique (MDM), partido da oposição moçambicana.
"Infelizmente, só nos períodos eleitorais é que se nota um engajamento das classes políticas, porque querem eleger gente. A diáspora europeia devia ter mais do que um representante, devia haver, pelo menos, dois deputados pela Europa e também dois para África. Temos apenas um deputado que não tem condições, nem materiais nem financeiras, para cobrir as necessidades e as preocupações da diáspora moçambicana", sublinhou Manuel de Araújo.
O dirigente do MDM, que foi reeleito presidente da Câmara de Quelimane, província da Zambézia, participou na semana passada nas conferências do Estoril Political Forum 2014, organizadas pela Universidade Católica, e mantém contactos regulares com a Associação Nacional dos Municípios Portugueses e com a comunidade moçambicana.
"Em Portugal há a maior comunidade moçambicana na diáspora europeia. Só a África do Sul é que tem mais moçambicanos do que a comunidade moçambicana em Portugal. É uma comunidade dinâmica que está cá há mais de quarenta ou cinquenta anos. Está muito enraizada e tem sido muito dinâmica", considera Manuela de Araújo.
"A primeira vaga veio em número muito pequeno durante o tempo colonial. A maior vaga aconteceu nos anos de 1974 e 1975 e depois nos anos de 1983 e 1984, que foram os piores períodos, quer em termos de ditadura quer em termos económicos. Uma parte considerável saiu de Moçambique por razões económicas, outras por perseguições políticas", disse Manuel de Araújo referindo que "não espera grande coisa" da visita do chefe de Estado moçambicano, que tem início terça-feira, em Lisboa.
"Portugal olha agora Moçambique com outros olhos. Por necessidade. Vê Moçambique como uma resposta à crise que enfrenta. Este ano, devem ter ido a Moçambique mais de dez ministros. Foi o primeiro-ministro e depois ministros e nota-se que há um crescente interesse de Portugal por Moçambique mas é preciso que este investimento não seja feito às expensas da democracia e do desenvolvimento de Moçambique", afirmou, sublinhando que "não espera grande coisa" da visita oficial de Armando Guebuza.
Para o autarca da capital da província da Zambézia, é preciso que a cooperação entre os "dois povos irmãos" seja feita em benefício do bem comum dos dois e não apenas, afirmou, "de algumas elites.
Fonte: Lusa in Club of Mozambique - 30.06.2014
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