A presidente da Liga dos Direitos Humanos moçambicana (LDH), Alice Mabota, defendeu hoje a intervenção da comunidade internacional na resolução da crise política e militar, para que o país não resvale para um conflito mais grave.
Alice Mabota advogou a necessidade da presença de entidades internacionais para mediar a crise em Moçambique, em declarações aos jornalistas, depois de um encontro com uma delegação da Resistência Nacional Moçambicana (Renamo), em que abordou a situação política no país.
"Achamos que a comunidade internacional tem um papel a desempenhar na busca de uma solução para as hostilidades entre o Governo e a Renamo. A comunidade internacional tem por hábito intervir quando já é tarde", afirmou Mabota.
A presidente da LDH considerou que os confrontos entre o braço armado da Renamo e as forças de defesa e segurança moçambicanas no centro do país ainda podem ser contidos, caso a comunidade internacional intervenha.
"Ainda é possível intervir e evitar uma situação mais grave. A LDH não tem dados sobre a situação no terreno, mas está preocupada com as mortes, tanto de civis como de militares", disse Alice Mabota.
A presidente da LDH afirmou que pediu à Renamo que cesse os ataques a civis e que vai endereçar uma carta ao Governo para que desmilitarize a zona onde Afonso Dhlakama se encontra supostamente refugiado, na Serra da Gorongosa, centro do país.
"O Governo tem de parar de enviar forças para a Gorongosa e a Renamo tem de parar os ataques", enfatizou Alice Mabota.
Por seu turno, o chefe da delegação da Renamo nas negociações com o Governo, Saimone Macuiane, afirmou que a unificação do Exército é o caminho para uma paz duradoira em Moçambique.
"Queremos uma solução pacífica e duradoira, mas isso passa pela unificação das forças de defesa e segurança, que garantam que todos se sintam seguros", disse Macuiane.
A exigência da Renamo de uma restruturação nas forças de defesa e segurança moçambicanas está a emperrar as negociações com o Governo moçambicano, que não aceita reintegrar antigos guerrilheiros do movimento em postos de comando no Exército e na polícia.
Nas suas declarações hoje em Maputo, a presidente da LDH considerou "razoável a exigência da Renamo para que o país não tenha duas forças", uma do Governo, outra da oposição.
Após mais de 20 anos de paz, Moçambique vive a sua pior crise política e militar, que começou devido a divergências em torno da lei eleitoral, já ultrapassadas com a aprovação de emendas pela Assembleia da República, mas que prevalece em torno da questão da paridade nas forças de defesa e de segurança e do desarmamento do braço armado da Renamo.
Fonte: LUSA - 18.06.2014
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