“Moçambique - Economia e Futuro” é o tema da conferência que assinala o 9.º aniversário do “O País”, agendada para as 08h30 de hoje, no Hotel Girassol Indy, em Maputo, que tem como um dos principais oradores André Corsino Tolentino, diplomata de carreira que ocupou cargos relevantes no Governo de Cabo Verde e em instituições internacionais.
O orador, socorrendo-se das experiências e conhecimento adquiridos ao longo dos anos, deverá abordar a crise económica que abalou o mundo e o estado social em Moçambique, país que regista, nos últimos anos, um crescimento que, porém, tarda a reflectir-se na vida do cidadão.
Tolentino entende que Moçambique está a observar um bom desempenho económico e social na área da educação e protecção social, mas, paradoxalmente, há um atraso político em relação ao ritmo de desenvolvimento económico e social.
André Tolentino faz alusão à actual instabilidade política no país, que pode atrasar o desenvolvimento, considerando tal instabilidade uma anomalia ainda maior quando há um parlamento legitimado e eleito, que vigia o Governo.
“Ao mesmo tempo, de vez em quando, temos saídas deste sistema, com intervenções violentas fora de qualquer conceito democrático. É esse atraso que estou a tentar compreender”, afirma.
Por outro lado, André Tolentino entende que tal situação ocorre “porque as partes envolvidas no processo não foram capazes de explorar todas as possibilidades do diálogo”. E apela “aos meus amigos da Frelimo e da Renamo: sentem-se, porque não exploraram, até ao fim, as vias pacíficas de resolução dos conflitos”.
O intelectual cabo-verdiano adverte, ainda, que o actual cenário económico do país, decorrente das descobertas de recursos naturais, “pode gerar perversões políticas - e nos políticos - capazes de os distanciar do povo em nome dos interesses individuais”. Nesse sentido, Tolentino defende que o Governo deve garantir a distribuição da renda proveniente da riqueza de que o país dispõe.
A conferência Moçambique, Economia e Futuro, a ter lugar esta quarta-feira, em Maputo, enquadra-se no 9.º aniversário do jornal “O País”, e terá ainda como oradores Amélia Nakhare, vice-ministra da Planificação e Desenvolvimento, e Fernando Couto, presidente da Comissão Executiva da Portos do Norte, com a moderação do representante da FAO em Portugal, Hélder Muteia, e de Olívia Massango, directora de Informação do Grupo Soico.
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