sexta-feira, junho 20, 2014

Eleições gerais são parte da solução da crise moçambicana – Politólogo

O politólogo Jaime Macuane considerou em declarações à Lusa que a participação da Renamo nas eleições de Outubro é parte da solução para a crise político-militar que Moçambique atravessa.


Para o politólogo, o país até pode realizar eleições num ambiente de instabilidade político-militar, mas "estará a perder a oportunidade" de resolver a atual crise, que recrudesceu no final do mês de maio, quando a Renamo, maior partido da oposição, levantou o cessar-fogo que havia decretado unilateralmente.



"Acredito que o país possa realizar eleições numa situação [de instabilidade] como esta. A questão, no entanto, é o que vai acontecer depois das eleições? Vamos continuar com esta situação militar? Como é que serão acomodadas as reivindicações que estão por detrás desta crise?", questionou o docente de Ciência Política, sublinhado depois que "as eleições são parte da solução da crise política".



Em diversas ocasiões, o Governo moçambicano tem reiterado que as eleições presidenciais, legislativas e provinciais de 15 de outubro se irão realizar, independentemente de, nessa altura, a crise político-militar estar sanada, "com ou sem a Renamo".



Avaliando a recente intensificação da crise militar, pautada por vários ataques de homens armados da Renamo e de contraofensivas do Exército moçambicano, numa situação que tem provocado dezenas de mortes, incluindo de civis, Jaime Macuane questionou o "papel e a direção das negociações" entre as partes, que decorrem em Maputo há mais de um ano.



"Apesar de algum diálogo e do recenseamento de Dhlakama [líder da Renamo], no terreno assistimos ao recrudescimento do conflito, o que nos leva a questionar qual a direção e o papel das negociações para a solução desta crise e qual é o valor real da política para a resolução deste impasse", lamentou o académico.



Embora as negociações políticas tenham regredido, Jaime Macuane defende que o diálogo é a única solução para a atual situação de instabilidade e, por isso, as partes devem "procurar ser pragmáticas" na busca de um entendimento duradouro e sustentável.



"Não acredito que haja alternativas além do diálogo, porque se o aspeto militar fosse uma solução possível, nesta altura, o problema já teria tido o seu desfecho", afirmou o analista político.



Moçambique vive a sua pior crise militar desde a assinatura do Acordo Geral de Paz em 1992, devido a confrontos entre o exército e homens armados da Renamo, sobretudo concentrados na região centro do país.



Fonte: LUSA - 20.06.2014

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