JOANESBURGO, 09 OUT (AIM) – O Presidente do Congresso Nacional Africano (ANC), no poder na vizinha África do Sul, Jacob Zuma, admitiu, durante este último fim-de-semana, que o partido está à beira do colapso, face a crescentes divisões entre os “camaradas” e clima de indisciplina que atingiu um nível que, de algum modo, compromete a sua coesão.
Fazendo uma radiografia da vida do partido, Zuma disse que as divisões e clima de indisciplina a vários níveis preocupam sobremaneira o movimento, quanto mais a situação envolve alguns membros da sua liderança.
Considerou de um perigo quando alguns membros da cúpula chegam a divulgar resultados de encontros secretos a indivíduos que não têm a ver com o partido.
Numa reunião especial do Comité Nacional Executivo (NEC), realizada há dias para discutir, entre outros assuntos, diferenças nas fileiras do partido, Zuma precisou que está a haver divisões e falta de coesão.
O Presidente advertiu que o partido está à beira de colapso se continuar a tolerar indisciplina e divisões entre os camaradas.
“Se este assunto não for abordado atempadamente, a organização vai fragmentar e sujeita ao colapso”, disse.
“Se existem intocáveis”, de acordo com Zuma, “o partido é uma associação de amigos e não mais uma organização”.
Um dos aspectos que afecta as estruturas do ANC é a controvérsia em torno do líder da sua ala juvenil, Julius Malema, que, gozando de apoio de alguns membros do NEC, contribui sobremaneira para o clima de divisionismo.
Em tom como que defendendo unidade e coesão, o estadista sul-africano sublinhou que não se deve sugerir que ao lidar com a ala juvenil, o partido está perante crianças.
“Estes jovens são politicamente crescidos e maduros”, notou.
A liga juvenil está de costas viradas contra Zuma, apesar de ter sido vocal na sua eleição em substituição de Thabo Mbeki, no congresso de Polokwane, na província de Limpopo, em Dezembro de 2007.
Fikile Mbalula, Ministro sul-africano de Desportos e antigo presidente da liga, é o seu candidato preferido para o cargo de Secretário-Geral do partido, em substituição de Mantashe, no próximo congresso a ter lugar em 2012, que também deverá, de acordo com os jovens, adoptar a nacionalização das minas.
Zuma exige que a liga juvenil respeite o partido, acrescentando que os processos disciplinares não visam silenciar os seus líderes.
Acautelou, entretanto, o facto de alguns militantes dedicarem-se a questões de liderança, em vez de se preocuparem pela governação e melhoria de condições da maioria, pondo assim em risco o partido.
Zuma, que procura a sua reeleição, indicou que em vez de discutir questões que apoquentam os sul-africanos, muitos militantes passam tempo a mobilizar “lobbies” para assegurarem posições de liderança.
Por outro lado, o Presidente atacou o papel jogado pela Confederação Sindical Sul-Africana (Cosatu), principal sector de mobilização do apoio do ANC, apontando que aquela organização da defesa dos trabalhadores trata o partido como se fosse inimigo.
Disse que a tendência de a Cosatu usar os seus encontros para atacar o ANC é inaceitável, ilustrando que o seu tom a volta do partido tem vindo a ser problemático.
O líder sul-africano referiu que o partido precisa de ocupar espaço intelectual, especialmente de grupos da sociedade civil.
Desafiou aos militantes para responderem a emergência de uma aliança com agenda sofisticada.
Para salvar a alma do mais antigo movimento de libertação em África, o NEC considerou crucial a realização de uma campanha tendente a purificar, da organização, o que classificou de forças contra-revolucionárias.
Relativamente a casos de corrupção e outras irregularidades que grassam as instituições do Estado e outros quadrantes da vida, a liderança do partido no poder na África do Sul defendeu a tomada de acções contra os militantes que se dedicam aquelas práticas.
Apesar de reinar ambiente de divisionismo, Zuma espera ser reconduzido à liderança do partido no seu próximo congresso.
(AIM)
SUNDAY TIMES/ MAIL & GUARDIAN/ JD/dt
Fonte: AIM - 09.10.2011
2 comentários:
Eu avisei e escrevi...
Tantas vezes.
Uns chamaram-me de louco.
Outros de sei lá o quê.
Avisei mas ninguém me deu ouvido.
Hoje os analistas do dia seguinte estão trancados em casa, são gala galas caseiras.
Não é ser vidente, é o testemunho de quem morreu duas vezes.
E agora caro José? O que me diz? E agora o RS, o que me dizem?
Quem é louco?
Afinal o Mugabe estava errado?
Perguntei a um ex-colega diplomata no BENELUX. E volto a perguntar, afinal andamos aqui a dizer só por dizer? FUI.
Zicomo
Machel passou por isso em Setembro de 1986...
Só que teve AZAR!
Espero que o mesmo AZAR não bata a porta de Jacob Zuma, outro "apegado" ao poder!
O vento começou a soprar na ZÂmbia, e quando soprar de verdade na África do Sul, pode sobrar nas traseiras do quintal- Zimbabwe,Moçambique e Suazilandia!
Quem tem dinheiro , é melhor programar férias nas Seychelles!
Lá o vento não chega!
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