segunda-feira, outubro 31, 2011

Administrador do Chinde: a arrogância, a prepotência e o tribalismo simbolizados num servidor público

Funcionários do Estado no distrito de Chinde, na Zambézia, estão agastados com o comportamento nada abonatório do seu administrador distrital, José Saize. Acusam-no de ser tribalista e de privilegiar relações étnicas no ambiente de trabalho. Pesam também acusações de arrogância, prepotência e gestão danosa, entre outras práticas que consideram-nas como factores que não contribuem para o desenvolvimento do distrito e tolhem o sonho da unidade nacional.

Estas e outras acusações foram proferidas, há dias, na vila-sede distrital de Chinde, na Zambézia, durante um encontro em que o governador provincial, Francisco Itae Meque, manteve com os funcionários do Estado para auscultação dos principais problemas dos servidores públicos. Os mesmos despiram-se do medo e falaram as coisas com os seus próprios nomes, facto que irritou muito ao governador da Zambézia, que disse que nunca tinha imaginado que iria ouvir tanta fúria dos funcionários, por causa do clima de desinteligência instalado.

José Saize é, igualmente, acusado de não dar palavra aos funcionários nas reuniões. Muitas vezes, conforme referiram, ameaça e humilha os funcionários publicamente, com um tom de arrogância, ao mesmo tempo que acusaram a esposa do administrador de interferir na gestão dos assuntos internos da administração.
As acusações a José Saize surgem numa altura em que dirigentes a vários níveis, incluindo o Presidente da República, Armando Guebuza, têm destacado a necessidade de consolidação da unidade nacional e construção da auto-estima e moçambicanidade. Aliás, o próprio governador da Zambézia, tem frequentemente colocado, nos seus discursos, um assento tónico de que não há moçambicanos mais importantes que outros, mas que o grande desafio é cada um fazer a sua parte para o combate à pobreza absoluta.
Benjamin Pedro, funcionário da administração local, afirmou que, vezes sem conta, José Saize proferiu aos servidores públicos expressões feias que põem em causa a unidade nacional, como, por exemplo, “os zambezianos não prestam para nada”. Para este funcionário, no Chinde, só é bom o funcionário quando é natural de Tete, terra natal do actual administrador, de tal forma que, em todo o distrito, ele confia apenas em duas pessoas, nomeadamente, o seu sobrinho que é Chefe do seu Gabinete e o director dos Serviços Distritais da Juventude Ciência e Tecnologia, ambos conterrâneos.
Um outro funcionário que trabalhava na administração local foi, por ordens de José Saize, transferido para prestar trabalho doméstico na residência oficial do administrador. Nessa altura, o funcionário estava doente e precisava de ser tratado, mas não lhe foi dada essa oportunidade senão trabalhos domésticos.
A esposa do administrador do Chinde é funcionária dos Serviços Distritais do Planeamento e Infra-Estruturas, mas é ela que gere os fundos do Centro de Saúde local. Levanta o dinheiro e faz as compras e não traz justificativos. Tudo isto acontece perante um olhar cúmplice do director distrital da Saúde, Mulher e Acção Social, conforme denunciaram na circunstância.

Referiram que, quando o Secretário do Comité distrital de Chinde lhe chama atenção sobre essas e outras práticas, a resposta não tarda: “não me incomode, você fez a décima classe ontem”.

O governador da Zambézia não gostou do que ouviu. Itae Meque não deu tempo para José Saize justificar-se prometendo, no entanto, enviar, em breve, uma equipa multissectorial para investigar as acusações. (Jocas Achar)

Fonte: jornalnoticias - 28.10.2011

5 comentários:

Muna disse...

Vai cair.

Ele brinca com o poder, vai cair.

Vai perder refeições e depois vai andar de tribunal a tribunal à procura de solução para seu problema, enquanto a família entra em estiagem.

Com os "capivas" não se brinca.

Disse.

Zicomo

Anónimo disse...

Os "capivas" vão-lhe fazer a folha.
Mas como protegido da Luísa Diogo, será transferido...e continua!
É assim os "amigos dos capivas"!
Já agora, o que são "capivas", algum bicho do Zambeze?

Muna disse...

Excepcionalmente (respondendo a anónimo):

"Capivaras" diminuindo... "capivas"...

Zicomo

Anónimo disse...

Pensei que fossem pivas-inhacozos!
É um termo que conjuga uma atitude
de pouca inteligência, visto que este antílope, é mesmo "tótó"!
Mas está bem visto, a capivara "come tudo a volta, só deixa restos"!

Reflectindo disse...

O anónimo já explica a razão que faz com que esse administrador seja arrogante, prepotente e tribalista. Afinal, esse é o problema da maioria dos governantes que hoje temos em Mocambique. São seleccionados com base no nepotismo, algum familiar ou amigo que está lá em cima ou a capacidade de delapidar os cofres do para dividir com alguns chefões ou para fins partidários ou mesmo por trafulhices eleitorais que permitem a permanência do partidão no poder ou ampliacão do seu poder.