Escola primária desconta salários de professores para quotas da Frelimo

A medida está a ser contestada por um grupo de docentes não membros da Frelimo, mas que estão a ser alvo dos descontos.

A Escola Primária de Murrapaniua, em Nampula, está a fazer descontos salariais aos seus funcionários, sobretudo aos professores, para o pagamento das quotas do partido Frelimo, segundo denúncias feitas por alguns professores. Consta que cada professor é descontado cerca de um por cento do seu ordenado.

A cobrança destes valores engloba até professores (e outros funcionários) que não são membros ou simpatizantes da Frelimo.

De acordo com a informação facultada ao “O País” por alguns professores, a decisão foi tomada entre Janeiro e Fevereiro deste ano, durante uma reunião convocada para o efeito pela direcção da escola. O facto é que alguns professores sentem-se lesados pela imposição.

Natalino Montanha e Rodrigues João são exemplos de professores que publicamente vieram contestar a decisão.

Afectos naquele estabelecimento de ensino há mais de cinco anos, dizem ter sido colhidos de surpresa com esta medida e exigem a fórmula usada para os tais descontos, pela direcção da sua instituição.

“Houve uma reunião na qual foi anunciada a medida, só que não tínhamos chegado a um acordo, porque muitos de nós canalizamos as nossas quotas através das nossas células nos bairros. a medida foi ignorada e sofremos os descontos dos salários de Janeiro a Fevereiro, acumulados, e não se apresentaram senhas que justifiquem tal efeito”, contestaram as fontes de forma unânime.

Professores contra os descontos

Professores da Escola Primária Completa de Murrapinua 2, na cidade de Nampula, estão de costas voltadas com a direcção deste estabelecimento de ensino, alegadamente por estarem a ser alvos de descontos salariais obrigatórios, para a quotização ao partido Frelimo.

A situação em causa está a criar um mal-estar entre as partes e que até certo poderá afectar o processo de ensino-aprendizagem.

Director da escola confirma os descontos

A nossa equipa de reportagem confrontou o director deste estabelecimento de ensino, tendo afirmado que os descontos salariais para a quotização do partido Frelimo afectam apenas aos professores membros daquela formação política, num acordo efectuado depois de vários encontros mantidos para o efeito.

“Quando realizámos o tal encontro fomos explícitos, era direccionado apenas aos membros da Frelimo desta escola, que não tinham célula noutros locais e daí saiu à deliberação de descontos junto dos salários, incluindo para a ONP, talvez seja o engano do administrativo que faz as folhas e todos os procedimentos para o efeito”, justificou.

Refira-se que os descontos salariais para a quotização de funcionários públicos na cidade e província de Nampula afectam quase todas as instituições, mas dificilmente se reclama sob risco de se ser conotado como membro de oposição, e daí arcar com as consequências, que poderam culminar com expulsão do aparelho do Estado.

Fonte: O País online - 08.03.2011

Reflectindo: muitos são os que negam que este é um facto, pelo menos na minha província, Nampula. Esses negam porque não se revelam nomes dos lesados e o local como se isso fosse condição para a verificação dos factos. Desta vez há nomes e local, e, o que dizem esses? Quando é que estes desmandos vão terminar em Moçambique? Quem pode acabar com isto? Recordem-se de que em Marromeu, província de Sofala, já houve uma queixa igual directamente à ex-PM, Luísa Diogo, em 2008. Tomou-se alguma medida?