Por Amós Zacarias
Quando se fala da democracia em África, não me passa apenas de um gosto pela expressão, porque de democracia no verdadeiro sentido não existe, pois de acordo com alguns filósofos, etimologicamente a palavra democracia (demo+kratos) é um regime de governo em que, o poder de tomar importantes decisões políticas está com os cidadãos, por meio de representantes eleitos. Mas isto não se verifica em vários países africanos.
Importa lembrar que há poucos anos, Quénia viveu momentos de tanta agitação após as eleições que, de acordo com a tendência de voto, foram vencidas por Raila Odinga com cerca de 45%2525, mas o então Presidente da República, Mwai Kibak, com cerca de 43%2525 dos votos, não reconheceu a sua derrota, acabando por mergulhar o país numa grande crise política, que ceifou vidas humanas. E estava assim a pôr em causa a democracia.
Anos depois, isto é 2008 caso idêntico escalou a região Austral de África, desta feita no Zimbabwe, onde o resultado da votação deu vantagem ao líder do maior partido da oposição zimbabweano, Morgan Tsvangirai, do MDC, mas este resultado não foi aceite por Robert Gabriel Mugabe. Diga-se a verdade que as consequências da instabilidade que aquele país vizinho viveu, se fizeram sentir directamente no nosso território, devido à entrada de tantos zimbabweanos através das zonas fronteiriças de Cuchamano, Machipanda, Pafúri nas províncias de Tete, Manica e Gaza, respectivamente, que vinham à procura de melhores condições de vida. Coitadinhas das zimbabweanas, pois estas foram diversas vezes usadas sexualmente por miúdos em troca de um 15 ou 20 meticais, nos chamados “short times”, em várias esquinas de alguns centros urbanos, até em certas localidades. Esta para mim foi mais uma demonstração de que em África não há democracia na sua verdadeira essência.
Hoje em dia o desrespeito pela democracia, bateu a porta dos costa-marfinenses porque deixaram os seus haveres, sensibilizados pelo sabor da palavra democracia, saíram das casas e votaram no Ouatara, mas Gbagbo que era o detentor do poder disse que, “daqui não me tiras”. Eu pergunto por que tanta ignorância assim? Será que nós que não somos chefes merecemos este tipo de tratamento que os senhores estão a nos dar? Todos africanos deveriam juntar-se para tirar os irmãos do “inferno” em que estão metidos.
A partir de Dezembro passado, a África do norte começou a registar momentos de muita turbulência, devido a problemas de natureza política, a começar pela Tunísia, onde foi preciso que o povo manifestasse para que Ben Ali colocasse à disposição o seu cargo, mesmo ciente dos problemas que o país enfrentava. Ele foi persistente até que foi preciso que se derramasse sangue. Dias depois a fúria popular escalou e mexeu com as pirâmides dos Faraós, isto é, no Egipto, onde os manifestantes reivindicavam a saída de Hosni Mubarak, pois este já se encontrava no poder há mais de duas décadas.
O ponto mais alto das atitudes desumanas de alguns líderes africanos, tornou-se mais notório com as manifestações populares anti-Kadhaffi, que dirige os destinos da Líbia já lá vão mais de 40 anos, onde para lograr os seus objectivos, Kadhaffi usa milicianos para tentar travar a fúria popular e consequentemente acabando com vidas humanas. Que arrogância?
No ano 2008, entrou para história do mundo uma página inesquecível, com a eleição do primeiro presidente negro para a Casa Branca, que é Barack Obama. Quem pensava que um negro, um dia estaria em cima dos destinos dos EUA? Mas a democracia é assim a voz do povo soa mais alto.
Recentemente o mundo parou para testemunhar a demissão do Primeiro-Ministro português, José Sócrates. Obviamente que esta data ficará gravada na história da democracia portuguesa. Esta é uma demonstração clara de que fora de África há democracia.
Pois é, assim é que deve ser democracia. Não adianta estarmos a gritar que somos democráticos, enquanto não sabemos respeitar essa democracia. Quem me dera termos um dia um país, onde os líderes respeitam a vontade do povo!
Fonte: Jornal Notícias - 30.03.2011
1 comentário:
democracia a moda dos filosofos difilmente encontraras pois, no mundo e principamente o povo so decide quem vai decidir por ele, isto e, vota em quem governar sem conhecer o programa do mesmo, nao se espente que o nosso parlamento va mudar a constutuicao sem te consultar e domocracia paciencia
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