Combatentes dos 16 anos voltam à carga
“O ministro não nos mostrou a proposta do estatuto, só disse que o mesmo nos tratava de forma equilibrada. O que não é verdade”.
Os desmobilizados de guerra voltaram à carga e dizem que estão decididos a manifestar-se e agora é de vez.
Estes justificam tal decisão, dizendo que o Ministério dos Combatentes os ludibriou pelo facto de os ter obrigado a assinar um memorando de entendimento para cancelar as manifestações do grupo sem, no entanto, permitir o acesso à proposta do novo estatuto que se espera inclusivo.
Com efeito, os antigos combatentes e milicianos da guerra dos 16 anos reuniram-se pela manhã desde sábado para comunicar o seu descontentamento. De acordo com os mesmos, o estatuto, a ser aprovado pelo Parlamento, está cheio de artigos discriminatórios, mas eles não sabiam por não terem tido acesso à proposta de lei do estatuto.
“Este estatuto trata os combatentes dos 10 anos (luta de libertação nacional) e os dos 16 anos de forma diferenciada. Na verdade, o mesmo só beneficia os combatentes dos 10 anos em detrimento dos desmobilizados”, explicou o presidente do Fórum dos Desmobilizados de Guerra, Hermínio dos Santos.
O CERNE DA QUESTÃO
Os desmobilizados de guerra, falando sobre o memorando de entendimento que assinaram com o Ministério dos Combatentes para evitar as manifestações que pretendiam realizar, afirmaram terem sido enganados, pois o ministro não se dignou a mostrar o documento que, alegadamente, iria resolver o seu problema, dando-lhes um tratamento equitativo. “O ministro ludibriou-nos (...). Quando fomos para assinar o memorando do cancelamento das manifestações, ele recusou-se a mostrar-nos a proposta, alegando que a mesma estava no Conselho de Ministros e ele não tinha autoridade suficiente para ir buscá-la”, explicou Dos Santos, para depois acrescentar que “o pior de tudo é o facto de nos ter garantido que havia tratamento equilibrado, que o novo estatuto ia acabar com os nossos problemas. Mas descobrimos que não é verdade, porque o mesmo tem muitos pontos discriminatórios”.
Sobre os alegados pontos de discriminação, os desmobilizados apontam para a diferenciação de tratamento para o direito ao funeral, falta de bónus de participação, entre outros.
Por conseguinte, Dos Santos diz que os desmobilizados estão decididos a exigir os seus direitos retirados pelo estatuto discriminatório, nas ruas. “Agora sabemos que estão a enganar-nos e, por isso, não vamos recuar. Eles vão aprovar o novo estatuto enquanto nós estamos na rua a exigir os direitos que nos cortam com a proposta”, concluiu.
Contudo, os mesmos não revelaram para quando estão marcadas as manifestações, alegadamente para que não haja espaço para intimidação nem obstrução deste direito.
Fonte: O País online - 14.03.2011
Sem comentários:
Enviar um comentário