Nampula - Um professor que dá aulas de dia e de noite a 28 turmas em Nampula, norte de Moçambique, serviu como exemplo das deficientes condições de funcionamento de uma escola secundária onde quase tudo falha, anunciou hoje a Lusa.
Na Escola Secundaria de Moma, a mais de 200 quilómetros de Nampula, capital da província com o mesmo nome, um professor de educação visual tecnológica é responsável por 28 turmas das 8.ª, 9.ª, e 10.ª classes nos períodos diurno e noturno.
Para Casimiro Natrenga, director daquele estabelecimento, o professor em questão não tem tempo para preparar as suas lições e corrigir provas dos estudantes, cujo aproveitamento se considera deficiente.
Natrenga falava na segunda-feira à margem de uma reunião dos gestores de escola e de unidades sanitárias, orientada pelo governador da província, Felismino Ernesto Tocoli.
Na Escola Secundária de Moma estudam 2.452 alunos, dos quais metade são do primeiro ciclo, distribuídos em 39 turmas e assistidos por um total de 40 professores. Destes professores apenas 10 possuem o nível de licenciatura e outros tantos têm bacharelatos.
Implantada em 2002, a Escola Secundária de Moma debate-se, igualmente, com o problema de falta de docentes, sobretudo para as Ciências Naturais. E, como consequência desta situação, aquela instituição ainda não introduziu a disciplina de Filosofia, enquanto a de Francês está a ser lecionada apenas no segundo ciclo.
Pronunciando-se à volta deste cenário, o governador de Nampula disse que o seu executivo está a envidar esforços, para que as escolas não abram sem que para tal tenham sido criadas condições humanas e materiais.
Além de todos os problemas, a secundária de Moma funciona em instalações improvisadas. E ali verificam-se altos níveis de desistências entre as raparigas devido aos casamentos prematuros.
Em Moma, uma localidade remota na fronteira entre as províncias da Zambézia e de Nampula, o gigante mineiro irlandês Kenmare Resources processa areias pesadas para a extração de titânio - utiliza um sofisticado processo tecnológico que parece não ter repercussão no resto da região.
Fonte: Angola press - 01.11.2011
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