Por Faustino Igreja, em Blantyre
O Governo do Malawi anunciou o lançamento de uma ofensiva diplomática visando normalizar o relacionamento com Moçambique e a Zâmbia, bem como com a sua antiga potência colonizadora, a Grã-Bretanha.
O anúncio foi feito pelo ministro malawiano dos Negócios Estrangeiros Peter Mutharika, depois da sua chegada a Lilongwe, proveniente de Perth, na Austrália, onde participou na cimeira da Commonwealth.
À margem da cimeira, Peter Mutharika manteve contactos com os seus homólogos de Moçambique e da Zâmbia, respectivamente, Oldemiro Baloi e Chishimba Kambwili, tendo como pano de fundo a troca de informações de interesse comum e a procura de mecanismos para o estreitamento das relações bilaterais.
O governante malawiano avistou-se igualmente com o Secretário britânico para as Relações Exteriores, William Hague, para dar a conhecer os últimos desenvolvimentos registados no Malawi em torno das preocupações levantadas pelo Reino Unido quando as delegações dos dois países se reuniram em Londres há cerca de três semanas.
Peter Mutharika considera normal que hajam problemas entre países vizinhos, mas reconheceu ser importante previlegiar a via do dialogo para se chegar a solução de eventuais divergências.
Naquilo que foi interpretado como uma atitude provocatória, o governo do Malawi tentou há cerca de um ano forçar Moçambique, a aceitar a navegabilidade dos rios Zambeze e Chire sem um estudo de viabilidade, conforme exige a contra-parte moçambicana.
O incidente criou alguma tensão entre Maputo e Lilongwe, apesar dos dois países sublinharem que as relações são cordiais.
Em relação a Zâmbia, o governo de Bingu wa Mutharika deportou sem explicação em Março de 2007, o actual presidente zambiano Michael Sata e declarado imigrante proibido no Malawi.
Na altura, Michael Sata, era líder da oposição na Zâmbia e havia se deslocado a Blantyre em visita privada para se avistar com o antigo presidente Bakili Muluzi.
Apesar de formalmente, o governo malawiano ter revogado a proibição, Michael Sata ainda não se esqueceu da humilhação sofrida no Malawi e exige uma atitude mais pró-activa por parte do seu homologo Bingu wa Mutharika, e que passa pela deslocação deste último a Lusaca para se redimir.
Aparentemente, e ao invés de se deslocar a capital zambiana, Bingu wa Mutharika prefere ignorar a exigência de Michael Sata.
As relações entre o Malawi e a Grã-Bretanha também se deterioram desde Abril deste ano, quando o presidente Bingu wa Mutharika expulsou o Alto-Comissário britânico Fergus Cochrane-Dyet, por ter escrito em carta enviada ao seu governo que o líder malawiano estava a tornar-se ditador.
Depois da expulsão, considerada injustificada pelas autoridades britânicas, o Reino Unido suspendeu a sua ajuda financeira ao governo de Bingu wa Mutharika e expulsou a encarregada de Negócios do Malawi em Londres Flossie Gomile Chidyaonga.
Contudo, o governo do Malawi revogou no mês passado a expulsão do Alto-Comissário britânico, e declarou que o diplomata pode voltar ao país, mas a Grã-Bretanha já anunciou que a normalização das relações ainda vai levar algum tempo e avisou ao governo de Lilongwe que a cooperação bilateral ainda está a ser revista.
Londres avisou ainda ao Malawi que não será tão já que vai nomear um novo Alto-Comisssário para Lilongwe.
Peter Mutharika é irmão mais novo do presidente malawianio e candidato presidencial do partido no poder as eleições gerais de 2014.
Desde Maio de 2009, altura em que o seu irmão mais velho, Bingu wa Mutharika, de setenta e oito anos, foi reeleito para o seu segundo e último mandato, Peter Mutharika já passou sucessivamente pelos ministérios da Justiça e da Educação, e há cerca de dois meses foi nomeado pelo mano, Ministro dos Negócios Estrangeiros, aparentemente para projectar a sua imagem ao nível internacional.
Depois ter participado na cimeira da Commonwealth, Bingu wa Mutharika e esposa ainda continua por terras australianas em gozo de férias, provavelmente até finais de Dezembro.
O Nyasa Times, um jornal electrónico, escreve que de acordo com fontes credíveis, Bingu wa Mutharika teria solicitado quinhentos mil doláres ao Banco Nacional para as suas férias anuais.
Como o dinheiro não estivesse disponível ele recorreu ao Banco Central.
Aquele jornal escreve ainda que o presidente malawiano pediu em cash duzentos e trinta e sete mil doláres, e o remanescente para ser depositado no seu cartão de crédito.
Fonte: Rádio Mocambique - 07.11.2011
Reflectindo: Se o poder não fosse assim tão doce como o mel, Peter Wa Mutharika desistia da candidatura. Os incidentes não são apenas com países vizinhos e a Grã-Bretanha, mas ainda com os seus camaradas partidários. A longo prazo, tudo penalizará ao povo malawiano.
1 comentário:
Este Bindu...
Foi tradição dos governos malawianos (mesmo no tempo em que ia para lá, durante o consulado de Kamuzu)tornar analfabeto aquele povo. Cega-os para que não tenha a capacidade de análise, apenas os que conseguem sair daquela casta é que rebelam, mas são muito poucos.
Além disso, quanta gente tem Internet no Malawi? Quanta gente no Malawi sabe ler e escrever? Enfim, deixo este tpc.
O Bindu como qualquer outro que vier fará o mesmo, porque tem um povo obediente, que eles próprios instrumentalizam...
O Malawi é um país fechado, muito fechado...
Quanto à iniciativa diplomática acho uma boa ideia, mas não creio que o senhor Bindu esteja disposto a engolir a sua arrogância...
Zicomo
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