A Suécia e Moçambique têm desfrutado de relações diplomáticas há 35 anos. A Suécia apoiou a luta pela independência de Moçambique e hoje os nossos dois países partilham um laço estreito como amigos e parceiros de desenvolvimento. Moçambique não é o mesmo país que era em 1975 e a Suécia também não. A globalização e os avanços tecnológicos mudaram para sempre as nossas formas de interagirmos, comunicar e o comércio entre nós e com o mundo.
Hoje a África tem um crescimento económico alto e uma rápida urbanização no mundo. Novas tecnologias de comunicação são aplicadas com uma rapidez relâmpago. Os investimentos estão fluindo. O FMI prevê que sete de entre dez das economias crescentes no mundo serão em África. Um destes países é Moçambique.
Uma nova classe média está emergindo em África. A geração jovem exige empregos, melhor governação e o fim da corrupção. Em toda a parte as pessoas defendem o direito de escolher os seus governantes. Com a África em transição, as políticas da Suécia têm que se adaptar.
Espero que a minha visita a Moçambique possa ajudar a transformar as relações entre os nossos dois países numa parceria nova e moderna em harmonia com as mudanças que estão ocorrendo em África e globalmente. Nós devemos levar as nossas relações bilaterais a um novo nível – para além da ajuda – criando laços sustentáveis por si só entre negócios, instituições, agências e pessoas. As exportações suecas para a África aumentaram em 200 porcento nos últimos anos e nós vemos um grande potencial que desejamos aproveitar.
A Suécia também vê um grande potencial no aumento do comércio inter-regional em África. Isto poderá criar maior auto-suficiência e perspectivas para um crescimento económico ainda mais rápido. Hoje, mais de 80 porcento das exportações dos países africanos vão para mercados fora de África. Isto comparado com os países europeus onde 70 – 80 porcento do comércio é inter-regional.
Todos estes desenvolvimentos positivos são, claro, muito encorajadores. No entanto, mais do que a metade da população em Moçambique, particularmente nas áreas rurais, ainda vive na pobreza.
Como Moçambique demonstra um contínuo crescimento económico forte, novos financiadores procuram investir em recursos naturais e indústrias extractivas. Isto é bem-vindo, dado que promove a criação de empregos e aumento dos rendimentos. Mas como mais riqueza é produzida, os líderes eleitos de Moçambique devem assegurar que isto contribua para o melhoramento da vida dos cidadãos comuns.
No que concerne ao desenvolvimento, a assistência pode ser um agente catalisador. Neste contexto, eu estou encorajada pelos cometimentos feitos pelo Governo de Moçambique para priorizar um crescimento económico sustentável e inclusivo.
Na luta contra a corrupção, este calcanhar de Aquiles do desenvolvimento, é necessária uma liderança forte. Combater a corrupção e assegurar a prestação de contas é necessário não só para o povo de Moçambique, mas também para os contribuintes de impostos suecos. Congratulo-me que existe agora uma nova legislação anti-corrupção que está pendente no Parlamento.
As relações da Suécia com Moçambique foram construídas em valores partilhados em termos de democracia, liberdades civis, respeito pelos direitos humanos, transparência e prestação de contas. O nosso compromisso é com as pessoas pobres de Moçambique para construírem melhores vidas e continuarem fortes. Os Objectivos de Desenvolvimento do Milénio são objectivos partilhados e a solidariedade deve ser estendida para além fronteiras. Se pusermos as perspectivas das pessoas pobres em primeiro lugar e deixar as forças vivas do desenvolvimento guiar as nossas políticas e acções, poderemos trazer uma mudança real e positiva para os homens, as mulheres e crianças que diariamente lutam pela sua sobrevivência.
*Ministra Sueca de Cooperação para o Desenvolvimento Internacional
Fonte: Jornal Notícias - 16.11.2011
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