A Renamo considerou, na tarde de segunda-feira, a detenção de António Muchanga, membro do Conselho de Estado e porta-voz do presidente da Renamo, Afonso Dhlakama, como tendo sido “um rapto e terrorismo político perpetrado pelo Estado”.
Em conferência de imprensa convocada com o propósito de reagir à detenção de António Muchanga, o membro do Conselho de Estado e da Comissão Política da Renamo, Manuel Francisco Lole, considerou a detenção como tendo o objectivo de coarctar a liberdade política e de intimidar e distrair a opinião política nacional e internacional sobre a actual crise política que o país atravessa.
A detenção de Muchanga, segundo Lole, ocorreu momentos depois do levantamento da imunidade de que este membro do Conselho de Estado usufruía.
A reunião do Conselho de Estado foi convocada na semana passada pelo Presidente da República, com o objectivo de – segundo documentos que a Renamo diz ter recebido – discutir sobre a situação política do país.
“Os documentos que recebemos davam conta da discussão da situação política do país”, disse Manuel Lole, que acrescentou: “Surpreendentemente não discutimos nada que tem a ver com a situação política do país, porque a reunião tratou apenas do levantamento da imunidade do colega António Muchanga, em função do pedido feito pela Procuradoria-Geral da República”.
"Esperávamos que, depois do levantamento da imunidade, a PGR esperasse pela comunicação da Presidência da República. Mas isso não aconteceu. O que assistimos foi imediatamente a detenção, o que dá a entender que o plano já estava feito, e os homens para o deter tinham sido posicionados”, afirmou Lole.
“Ficou claro que o assunto já havia sido discutido num outro fórum, partidário, ou seja, da Frelimo, daí a razão de a decisão do Presidente da República não ter encontrado resistência dos outros membros do Conselho do Estado indicados pela Frelimo”, declarou o dirigente da Renamo.
A detenção já foi comunicada ao presidente da Renamo, Afonso Dhlakama, que pediu calma e instruiu o partido para seguir todos os passos legais para localizar António Muchanga e organizar uma defesa para ele.
O Conselho de Estado é um órgão de consulta do Presidente da República, constituído por 17 membros, sendo 14 indicados pela Frelimo e três pela Renamo, na condição de segundo partido político mais votado. Na reunião da segunda-feira participaram 12 membros daquele órgão, sendo dois da Renamo e 10 da Frelimo. Com a detenção de António Muchanga, a Renamo fica com um representante, já que Afonso Dhlakama nunca chegou a participar naquele órgão. (Bernardo Álvaro)
Fonte: Canalmoz - 08.07.2014
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