terça-feira, julho 08, 2014

“CASO CELINA RAFAEL”: Sentença adiada para amanhã

O Tribunal Judicial da Cidade de Pemba decidiu adiar para amanhã, 9 de Julho, a leitura da sentença do caso que levou à morte da cidadã Celina Rafael, que terá saltado da viatura em que se fazia transportar, numa boleia, depois de se aperceber que a mesma tinha sido desviada da rota inicialmente acordada.
O caso registou-se a 5 de Outubro do ano transacto na cidade de Pemba, numa altura em que Celina Rafael viajava na companhia de uma cidadã identificada por Amissina Estêvão. Segundo se sabe, as duas mulheres teriam aceitado boleia de indivíduos desconhecidos que, segundo dados apurados pela nossa Reportagem, teriam violado sexualmente Amissina Estêvão, facto que terá contribuído para aterrorizar a sua colega de viagem que acabaria por saltar da viatura em movimento, aparentemente tomada pelo medo.
Na última audiência de julgamento do caso, o Tribunal Judicial da cidade de Pemba, dirigido pela juíza Esperança Raimundo, decidiu ceder perante a pertinência da questão colocada pela mãe da malograda, Bertina Chepo, que insistia em que o Tribunal devia ouvir Reginaldo Assane e Carlos Mutavela, como testemunhas, fundamentando que os dois também viajavam na viatura, da qual Celina Rafael terá saltado, e que, de acordo com a declarante sobreviva, são amigos de Soares José Soares, réu neste processo, indivíduo que conduzia o automóvel e autor confesso da já referida violação sexual.
Em 11 de Junho passado, primeiro dia do julgamento, Bertina Chepo estranhou que, tanto o Tribunal, como o Ministério Público, representado pela procuradora Noélia Madeira, se abstivessem de ouvir as duas testemunhas, que se diz terem ouvido os gritos de socorro da malograda, que bateu insistentemente na cabine da viatura, quando suspeitou do destino e do comportamento do motorista e seus amigos.
Amissina Estêvão disse ao Tribunal que a sua companheira saltou do carro depois de adiantar os seus chinelos, porque temia que o pior estivesse ainda por vir, segundo se pode perceber do seguinte depoimento feito em plena sala de audiências, no primeiro dia de julgamento.
“Ela saltou porque descobriu que não eram boas pessoas. Além da violação sexual de que fui vítima, da mudança não consentida da rota inicial, da ameaça verbal sobre o que iriamos ver por termos apanhado boleia de desconhecidos, o “rally” da viatura e o facto de ela não ter parado no posto de controlo policial à saída da cidade de Pemba, tudo isso metia medo, acho que é por isso que decidiu saltar” disse a declarante.
Pouco antes de ela saltar, ainda de acordo com a deponente, a malograda terá batido a cabine para permitir que elas descessem ali mesmo, pedido que não foi satisfeito pelo trio que ia à frente da viatura uni-cabine.
Este terá sido o momento que antecedeu a decisão dela saltar da viatura, depois do que o carro só pararia com indicação de um outro que vinha atrás, que deu sinais de emergência informando que alguém acabava de se atirar daquele veículo.
Depois de socorrer a vítima, indo já para o hospital provincial de Pemba, Soares José Soares, ainda foi mandado parar no posto policial onde terá falado com os agentes dando a ocorrência, sem que os outros ocupantes ouvissem do teor da conversa.
Estes factos reiterados no julgamento, entretanto, vem num processo que a procuradoria provincial de Cabo Delgado, pela mão do procurador Nazimo Ali Mussa, havia mandado arquivar pretensamente por não haver nexo causa/efeito entre a morte de Celina Rafael e a conduta de Soares José Soares.
A família da malograda pediu a reabertura do processo, o que culminou com o presente julgamento, que de novo não satisfaz Bertina Chepo, razão porque o Tribunal está a prosseguir com as diligências pedidas por Bertina Chepo.
O “Notícias” apurou, por outro lado, que foi necessário chegar à casa em construção, pertença de uma parente duma das testemunhas, onde pretensamente teve lugar a violação sexual de uma das vítimas.
No 30 de Junho, segunda-feira, estava marcada a leitura da sentença, mas o Tribunal deteve-se a ouvir as testemunhas atrás referidas, acabando por decidir adiar a leitura do acórdão para o próximo amanhã, 9 de Julho de 2014.
Fonte: Jornal Notícias - 08.07.2014

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