sexta-feira, março 14, 2014

Virtudes e fraquezas de Nyussi marcarão tom da campanha eleitoral em Moçambique

Filipe Nyussi é um nome desconhecido fora de Moçambique. E mesmo no país, analistas procuram descobrir como, perante as disputas de poder no partido, o atual ministro da Defesa foi escolhido como candidato da FRELIMO.

Para o membro da FRELIMO e reitor do Instituto Superior de Relações Internacionais de Moçambique, Patrício José, não haverá qualquer mudança na política externa do país com o nome de Nyussi, caso o partido no poder volte a vencer. “Filipe Nyussi vai implementar a política externa de Moçambique, que já está definida. Não há aqui nenhuma novidade”, defende.

Segundo Patrício José, Filipe Nyussi irá “guiar-se pelos valores que a FRELIMO sempre defendeu, que estão no contexto da política externa de Moçambique”.
Isso significa que “vai defender os interesses do país junto dos parceiros que Moçambique tem para que consiga efetivamente criar equilíbrio suficiente para que possa merecer a confiança dos parceiros internacionais.”

Foco político no norte

No entanto, as mudanças que o partido estaria a vislumbrar seriam de âmbito interno. Para Joseph Hanlon, da Open University, a eleição de Filipe Nyussi marcaria o deslocamento do foco político e económico de Moçambique do sul para o norte.
Num artigo divulgado em círculos fechados, o investigador escreve que Alberto Chipande, um dos dirigentes mais fortes da FRELIMO, teria sido chave para a escolha de Nyussi. Chipande tem negócios ligados ao Corredor de Nacala e à ferrovia do Norte, que Nyussi administrou.

Chipande e Nyussi são Macondes, assim como Marcelina Chissano, a esposa do ex-Presidente Joaquim Chissano, que polarizou a política interna do partido com Armando Guebuza. O dilema da FRELIMO era escolher a primeira mulher no nome de Luísa Digo ou o primeiro candidato do norte. Venceu a segunda opção.
A ideia é que até o final do mandato do próximo Presidente, como crescimento de importância dos negócios do gás, o norte ganhe maior peso político e económico no país. Apesar de sair vitorioso na disputa interna do partido, o nome de Filipe Nyussi dá esperanças à oposição que espera vencer as eleições.

Perfil “não inspira confiança”

Filipe Nyussi “não apresenta qualificações ou o perfil de alguém que possa inspirar ao país confiança, primeiro como político mas também como gestor”, afirma o analista político Silvério Ronguane, membro do Movimento Democrático de Moçambique (MDM).
“Afinal o que conta em Moçambique não é a virtude, o perfil, o esforço, o trabalho, é o acaso de ter nascido numa província com carvão ou com gás”, critica. Silvério Ronguane lembra também que “este candidato foi o autor do ataque a Satundjira, portanto pesam sobre ele essas tendências perigosas”.

O candidato preferido de Guebuza era o ministro da Agricultura, José Pacheco, rejeitado pela ala de Joaquim Chissano e Graça Machel. Para Hanlon, Nyussi tornou-se o nome de compromisso entre Guebuza e os grupos Chipande, além de ser aceitável entre os veteranos de guerra.

A imprensa moçambicana já publicou declarações de Joaquim Chissano dando pleno apoio ao candidato do partido. Mas como é que a FRELIMO pretende ganhar as eleições com um nome aparentemente sem muita força e com estes pontos fracos?

“É um jovem que pode criar uma nova perspetiva na visão popular para que a FRELIMO seja vista como sendo aquela que, em processos democráticos, consegue fazer passar uma nova figura que não tem rigorosamente uma participação na luta armada, mas que nasceu no contexto da libertação do país”, responde Patrício José.
Fonte: Deutsche Welle - 13.02.2014

5 comentários:

Anónimo disse...

Nguiliche

1. O Candidato da Frelimo tinha que ser impreterivelmente um "Xingondo"
2. Oa "Xanganas" temem perder definitavamente o poder para o Norte, dai a tal haver presidente do partido e "presidente da república. Os Xanganas pretendem controlar o poder até o fim do "mandato" do "Xingondo" de modo a garantir a devolução do poder para sul, findo o "mandato" do "Xingondo".
3. A Frelimo está convicta que o POVO vota sempre no candidato da Frelimo, que não necessário escolher um candidato conhecido. Portanto, mesmo um chefe de dez casas poderia ganhar as eleições bastava que fosse proposto pela Frelimo. Isto é abusar o POVO.

Anónimo disse...

Tambem acho assim.

Anónimo disse...

Qual seu problema Nguiliche. Esse pais nao pode ser governado com Xingondo? Seja como for o candidato da Frelimo sempre ganha é a realidade.Podem falar oque quiserem NHyssi e a Frelimo ganharão. Sou da Frelimo e natural de Cabo Delgado to feliz com a escolha.aqui em Cabo Delgado a opisição nem vale a pena vir fazer campanha,Somos da Frelimo sempre fomos!

Reflectindo disse...

O último anónimo parece-me que não compreendeu em que Nguiliche quis dizer. Nguiliche parece ser ele mesmo "Xingondo" um termo aplicado para todos os naturais ao sul do rio Save.
Ora, seja ele de que partido for, parece que está claro que o próximo PRM será mesmo um "xingondo". O que Nguiliche coloca como questão é que poder a Frelimo desenhou para o Nhussy se for eleito presidente? Eu faço o mesmo. Vejamos, há bem poucos meses levantou-se a questão do artigo 76, se não estou em erro, dos estatutos do Partido Frelimo. Segundo esse artigo, qualquer membro que exerca o poder do Estado subordina-se ao ao partido. Neste momento, Nhussy é apenas um candidato a PR. Ele não é presidente do Partido nem é secretário-geral. Isso significa que na hierarquia do partido ele quase nada. Nhussy é o primeiro na Frelimo a ser candidato a Presidente da República se muita relevância no partido. É como se fosse candidato independente. O que isso implica?

Anónimo makonde, não fique animado apenas pela candidatura!

NichriSs disse...

Defacto foi clarammente esplicito.