Mais pesos pesados abandonam órgãos sociais nas empresas do Estado.
No total são três administradores conhecidos que passam a conformar-se com a lei. Margarida Talapa, Edson Macuácua e Eduardo Mulémbwè ficam no Parlamento, enquanto que Manuel Tomé “atrela-se” à HCB.
Para além dos deputados que acumulavam os mandatos de parlamentares na Assembleia da República com os de presidentes de conselhos de administração de empresas públicas ou participadas pelo Estado, a lista dos deputados abrangidos pela lei de probidade é ainda extensa. Ela engloba ainda os deputados-administradores. São eles Margarida Adamugy Talapa (mcel), Manuel Tomé (HCB), Edson Macuácua (ENH e INATUR) e Eduardo Mulémbwè (ENH).
Nesta lista, destaque vai para a chefe da bancada parlamentar da Frelimo, Margarida Talapa, antiga administradora não executiva da mcel e que renunciou recentemente.
Confrontada várias vezes pela imprensa, a sua atitude foi sempre de “cobardia”, aparecendo nas imagens televisivas sempre a dar costas aos repórteres que a interpelavam. Foi apenas a TV pública que conseguiu uma grande entrevista na qual a deputada chegou a dizer que as pessoas estavam a renunciar. Nessa altura, nenhum deputado havia renunciada a algum cargo, senão Luciano de Castro e Agostinho Vuma, exonerados da empresa Administração Nacional de Estradas (ANE) pelo ministro do pelouro, Cadmiel Muthemba.
Margarida Talapa é o rosto das declarações do seu porta-voz da bancada, Edmundo Galiza Matos Júnior, que veio a público usurpar a função da Comissão Permanente e dizer que o Parlamento havia de agendar um debate de reinterpretação da lei de probidade, pela confusão e polémica por ela geradas.
Na galeria dos administradores, consta ainda Manuel Jorge Tomé, que preferiu largar o Parlamento e continuar como administrador não executivo da Hidroeléctrica de Cahora Bassa (HCB) e como accionista da “Holding” da Frelimo SPI-Gestão & Investimentos, SARL. Tomé renuncia não só ao mandato de deputado, como a invejável posição de membro da Comissão Permanente da AR.
A razão é simples: Manuel Tomé, com uma idade quase para a reforma e deputado por quatro legislaturas (20 anos) pode ter considerado que a reforma já está garantida, para além de que a actual lei de previdência social do deputado prevê direitos permanentes ao deputado que tiver feito dois mandatos.
Nos encontros que Guebuza manteve com os improbos, Manuel Tomé, gozando da sua influência no Executivo, pode ter “negociado” a sua protecção no cargo de administrador da HCB e deixar desta forma o Parlamento.
Na HCB, Manuel Tomé é o mais antigo administrador do actual Conselho de Administração. Primeiro entra como administrador executivo, de 2003 a 2007, e é de lá para cá é administrador não executivo.
Na verdade, o papel de Manuel Tomé no Parlamento era quase incipiente, pelo menos nas intervenções do Plenário e no debate das leis. O seu único papel resumia-se à Comissão Permanente. Nesse sentido, Tomé pode ter-se julgado mais útil fora do que dentro da AR.
Fonte: O País online - 14.03.2013
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