O agente da Polícia que disparou mortalmemte contra o motorista do transporte semi-colectivo de passageiros, “chapa”, na madrugada de quarta-feira, no bairro T3, município da Matola, está detido nas celas da 7.ª esquadra, indiciado de homicídio involuntário.
Alfredo Tivane, de 31 anos de idade, condutor de “chapa”na rota Museu-T3, encontrou a morte cerca da 1.00 hora, quando, no fim de mais uma jornada, ia parquear a viatura, de marca Toyota Hiace, na 7.ª esquadra da Polícia, e foi interpelado por três agentes da corporação.
Segundo Vânia David, cunhada do malogrado, os agentes, que na altura se faziam transportar numa viatura pertencente àquela subunidade policial, bloquearam a sua viatura e o acusaram de promover ralis, tendo-o exigido três mil meticais para não o deter.
“Ele tentou negociar mas os polícias não aceitaram o valor que ele propôs. Ele engrenou a retaguarda, mas quando ia arrancar um dos agentes alvejou-o a tiro na cabeça. Já ferido, o carro que conduzia foi embater numa pequena mercearia e a Polícia levou-lhe debaixo do assento do seu carro”, conta a cunhada.
Na altura, Alfredo fazia-se acompanhar pela namorada, cuja identidade não nos foi facultada, que deu a conhecer o facto à família do Alfredo Tivane.
Na manhã de quarta-feira, familiares e amigos marcharam para a 7.ª esquadra, para exigir justiça, situação que gerou uma autêntica confusão. Populares quase invadiam a esquadra à procura dos agentes da lei e ordem que protagonizaram o que consideram de acção de agentes sem escrúpulos.
“Eu cheguei aqui pela manhã e vi a parte frontal da minha barraca destruída (após o embate provocado pela viatura já descontrolada). Quando me contaram do sucedido, não acreditei que a nossa Polícia fosse cometer um crime tão hediondo. Além disso, eles vieram aqui mas ninguém se responsabilizou pelos damos”, lamentou Castigo Macuácua, proprietário da barraca a que se embateu o “chapa”.
Os restos mortais do jovem vão hoje a enterrar no Cemitério da Lhanguene. Paralelamente à detenção do agente, um processo disciplinar foi instaurado contra outros agentes que vão responder por uso indevido de força e mau manuseamento da arma, segundo o porta-voz da Polícia no Comando Provincial em Maputo, João Machava.
“A comissão de inquérito apurou que houve má actuação dos agentes que recorreram à violência e mostraram dificuldades no manuseamento da arma. Os bens já foram devolvidos à família do malogrado e a corporação está a fornecer todo apoio necessário aos enlutados”, explicou Machava.
Fonte: Jornal Notícias – 22.03.2013
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