Causou-nos estranheza o facto de uma carta de professores e funcionários da Educação, em Mocímboa da Praia, ter sido enviada à delegação do “Notícias”. A missiva abordava assuntos do dia-a-dia, que em condições normais teriam de ser debatidos nas reuniões ordinárias e/ou nos contactos com as instituições subordinadas.
Chamou-nos, por outro lado, a atenção o facto de nela desfilarem muitos aspectos do foro particular dos gestores do sector, mas chegamos ao ponto em que não deveríamos resistir, face a alguma vestimenta que se lhe dava, em relação à gestão dos recursos humanos, com algum cheirinho a nepotismo, dos mais primários.
Nunca nos havia passado pela cabeça que a atitude dos subscritores tivesse a ver com a forma como são tratados quando expõem os problemas à direcção distrital do ramo, pois não acreditávamos que a respectiva directora dos serviços distritais, Maria Guilherme, fosse assim tão insensível às preocupações sobre o seu funcionamento, entanto que servidora do Estado.
Acabámos acreditando porque, pela seriedade do que se expunha, entendemos que para cumprirmos o nosso dever, sem nenhuma paixão, precisávamos de ouvir a direcção, de quem se falava, em primeiro lugar a directora.
Eis que ficámos três semanas e meia, com a carta na mão, sem darmos nenhum passo, porque era profissionalmente inútil, sem a confrontação dos dados em presença. Na primeira semana, pedíamos o endereço electrónico da chefe (fax ou e-mail) para lhe enviarmos o documento e reagir proporcionalmente às acusações nele constantes. Não enviou!
Na segunda semana, era para que, estando em Pemba por cerca de três dias, procurasse um tempinho para que nos encontrássemos e em presença se pronunciasse à volta da matéria aludida na carta que já se tinha transformado em documento. Fintou-nos, até dizer chega!
Disse-nos que não nos poderia atender, por se tratar de vésperas do mês de Março, alegadamente porque, no mesmo período do ano passado, o jornal tinha publicado notícias não abonatórias à sua pessoa. Que tinha medo do terceiro mês do ano! Foi quando nos lembrou que se tratava da mesma directora que teve um “ximoco” com o seu motorista, tendo saído para fora de assuntos aparentemente internos. É que na altura falava-se da alta qualidade da sua arrogância.
Na mesma semana, a modos excepcionais, instrui-nos a falar, sobre assuntos da sua direcção, com o administrador do distrito ou com o secretário permanente ou ainda com o seu chefe dos Recursos Humanos. Impressionou-nos a delegação de poderes ao administrador e ao SP, seus chefes hierarquicamente superiores. As instruções estão registadas em mensagens de telemóvel. Ainda assim, nem sequer sabia do tema da conversa que insistíamos!
Na terceira semana começámos a entender algumas passagens da carta, que não quisemos usar para o nosso trabalho, numa altura em que nos sentíamos comprometidos em relação à necessidade de esclarecer o caso, se é verdade que os cidadãos que se dirigiram ao jornal mereciam (como todos) consideração e o tempo ameaçava-nos fazer um mês sem termos feito nada em concreto.
Na última meia semana decidimos viajar à Mocímboa da Praia, cerca de 400 quilómetros, para fazer aquilo que seria dispensável, caso a directora nos tivesse facultado os seus endereços ou nos tivesse dado a oportunidade de nos encontrarmos, quando, por pelo menos três dias, esteve na capital provincial.
Mesmo assim, chegados lá, disse que não seria ela a nos atender, tendo delegado o seu chefe dos Recursos Humanos, este que nos confirmou que, sim, a directora meteu o seu irmão nos quadros do Aparelho do Estado, num processo no mínimo questionável; que ele também, o chefe do DRH, também enquadrou, nos mesmos moldes, a sua sobrinha, assim como o Secretário Permanente fê-lo, a favor de um seu primo (ou sobrinho). Depois concluir que é assim em Moçambique, a nossa realidade, dando o exemplo, para nós infeliz, das irmãs Diogo (vide pág.4 desta edição).
Regressámos à base, aguentando a distância e o que fazem os buracos em tempo de chuva, mas derrotados por não termos visto a directora, a quem gostaríamos de perguntar mais coisas. Deu, todavia, para perceber porque é que a única saída que têm os seus funcionários é encontrar vias terciárias para verem os seus problemas resolvidos.
É difícil a directora da Educação de Mocímboa da Praia e, em dizer por dizer, se a arrogância se emulasse, deste canto propúnhamos uma competente EMULAÇÃO (fosse ela socialista, capitalista ou até comunista). Rendemo-nos!
Fonte: Jornal Notícias – 09.03.2013
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