segunda-feira, julho 02, 2012

Estudantes recusam-se a fazer novas avaliações anuladas por alegada

Mais de mil e quinhentos estudantes do Ensino Secundário Geral na cidade de Quelimane, amotinaram-se ontem defronte da Direcção Provincial da Educação e Cultura da Zambézia, protestando contra a decisão de anulação das avaliações do segundo trimestre em oito disciplinas, sob alegação de fraude académica.


Segundo o jornal Notícias, o sector da Educação e Cultura na Zambézia anunciou sexta-feira passada a invalidação das provas de Matemática, Biologia, Química, Física, Geografia, Inglês, História e Francês das 8ª, 10ª, 11ª e 12ª classes respectivamente sob a alegação de ter havido um grande número de casos de fraude académica que pode obstruir os objectivos psico-pedagógicos pretendidos com as provas.
Os alunos afirmam terem conseguido obter bons resultados, por isso, recusam-se categoricamente a repetir os testes. “As provas não têm pernas, como é que chegaram ao mercado informal até termos conhecimento de que estão à venda”, lê-se num dos dísticos que os alunos transportavam e colocado no portão principal que dá acesso ao edifício onde está a funcionar aquela instituição, escreve o jornal na sua edição desta terça-feira.
Insatisfeitos com a decisão, alunos das cinco escolas secundárias que funcionam em Quelimane organizaram-se para se deslocarem à Direcção Provincial da Educação e Cultura. Os membros da direcção, trabalhadores e colaboradores ficaram surpreendidos logo pela manhã, ao se depararem com uma grande moldura humana que com dísticos e cantos de protesto exigia às autoridades da Educação e Cultura a reconsideração da sua decisão, uma vez que não havia tempo suficiente para os alunos voltarem às salas de aula para a realização de novas provas daquelas disciplinas.
O matutino Notícias escreve ainda que tomou donhecimento que as provas daquelas disciplinas estiveram a ser vendidas nos principais mercados e reprografias de todas as escolas a preços que variavam entre vinte e quarenta meticais. Alguns professores que conversaram com a nossa Reportagem confirmaram que muitos alunos tinham comprado os enunciados e as respostas visto que muitos deles foram surpreendidos com cábulas com os exercícios todos resolvidos tal como aparecia nas folhas de resposta e outros alunos em menos de um quarto de hora já estavam a entregar. Este facto despertou a atenção tendo se iniciado um trabalho de busca nos mercados e reprografias de Quelimane que confirmaram a circulação das avaliações.
Um professor, de acordo com o jornal, foi mais longe ao afirmar que até as vendedeiras de peixe e matapha no Mercado Central, localizado a escassos metros da Direcção Provincial da Educação e Cultura, deixaram de fazer o que era habitual para vender provas. Ontem, quando chegamos à Direcção Provincial da Educação e Cultura, os alunos amotinados confirmaram que há professores e funcionários da direcção de tutela envolvidos na venda das avaliações.
Entretanto, a Rádio Moçambique citou semana passada o director provincial da Educação e Cultura, Faustino Amimo, a dizer que o sector está a investigar se o cerne da fraude está naquela direcção; ou nos Serviços Distritais da Educação, Juventude, Ciência e Tecnologia ou a nível das direcções das escolas.
Fonte: Rádio Moçambique – 02.07.2012

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