Por Fernando Veloso e Luís Nhachote
Maria Moreno e Eduardo Namburete dizem que não sabem como se toma posse como “edil paralelo” * Pode estar iminente a destituição da actual chefe de Bancada como também pode acontecer dentro de dias o anúncio da criação de um Movimento liderado por Daviz Simango
Maputo (Canal de Moçambique) - A Renamo está em polvorosa. Estão a abrir-se brechas por todos os lados. As estruturas do partido que pareciam finalmente aptas a governar o país, de repente começaram a desmoronar-se. A gota de água que fez transbordar o copo, como se costuma dizer, foram os acontecimentos de 28 de Agosto de 2008, na Munhava, na Beira, a poucos dias de terminar o prazo de inscrição dos candidatos às eleições autárquicas de 19 de Novembro último. O cenário prevalecente agora é de descalabro, mas enquanto isso as bases do partido abrem novos horizontes que podem ser anunciados dentro de dias, o mais tardar em Fevereiro. A purga está em marcha na Renamo, mas também está iminente o anúncio do MDM, movimento para defesa da democracia em Moçambique.
Dhlakama, em Agosto, contra todas as expectativas, anunciara que o candidato a Edil da Beira já não seria o engenheiro Daviz Simango, mas, sim, o deputado da Renamo à Assembleia da República pelo círculo de Sofala, Manuel Pereira. Isso foi o bastante para começar em catadupa um suceder de acontecimentos que estão a fazer com que o líder tradicional esteja agora a perder todo o prestígio que granjeou com a luta que empreendeu contra o totalitarismo político da Frelimo. Com o que está agora a fazer, designadamente opondo-se à realização de um congresso que está atrasado há mais de três anos de acordo com os seus estatutos, o eleitorado está em fase adiantada de não acreditar mais que a Renomo com Afonso Dhlakama pretenda de facto a democracia em Moçambique e tomar o poder por via do voto defendido nas urnas.
O maior partido da oposição está francamente a correr o risco de ser reduzido a um partido subalterno no futuro que se seguirá às eleições gerais e provinciais do corrente ano. A última estocada foi a recusa de Maria Moreno e Eduardo Namburete de alinharem no plano do presidente do seu partido, de fazer com que os candidatos derrotados da Renamo nas autárquicas tomem posse como presidentes paralelos das edilidades.
Dhlakama inicialmente dissera que os edis “paralelos” seriam empossados nas regiões centro e norte, mas mais recentemente disse que daria posse a todos os 43 edis das autarquias existentes no país, com excepção de Nacala onde ainda está para ser disputada uma segunda volta.
Chefe de Bancada diz que não sabe de que fala Dhlakama
Maria Moreno foi candidata a edil de Cuamba e perdeu. Reconheceu a derrota e recusa-se a tomar posse como edil paralela. Ela é ainda a chefe da Bancada da Renamo na Assembleia da República.
Contactada ontem pela Reportagem do diário «Canal de Moçambique» e do Semanário ZAMBEZE, Maria Morena diz que não vai tomar posse nenhuma. Disse que está no Niassa, em Cuamba, está de férias e que não vai tomar nenhuma posse. “Não sei como é que um candidato derrotado toma posse”, disse Maria Moreno, contrariando o anunciado propósito do presidente da Renamo, Afonso Marceta Macacho Dhlakama.
Eduardo Namburete, também candidato a Edil da Cidade de Maputo e porta-voz da Bancada parlamentar da Renamo na Assembleia da República, quando ouvido ontem pela nossa reportagem, disse: “Eu sou candidato derrotado. Como é que vou tomar posse se já felicitei publicamente o vencedor?”
Namburete disse que admitiria tomar posse “se a CNE (Comissão Nacional de Eleições) alterasse os resultados”. Estava assim dado o passo que faltava para também ele entrar em confronto com o líder do seu partido Afonso Dhlakama.
Estão, entretanto, a correr no seio da Renamo em Maputo e noutras partes do país, informações segundo as quais Dhlakama terá ordenado a Salvador Murema, mandatário da Renamo junto da CNE, que fizesse uma carta em nome do Partido à Assembleia da República para mandar cessar Maria Moreno como chefe de bancada. Maria Moreno disse-nos que não tem conhecimento de nada. Dhlakama tinha o telefone desligado ontem cerca das 10h45.
Constando que Dhlakama quer substituir Maria Moreno por Eduardo Namburete, pelo menos era essa informação até este confirmar que lhe vai desobedecer no que respeita à posse como “Edil paralelo” de Maputo, ontem colocámos a questão ao Dr. Namburete. Este disse-nos que esteve fora do país todo o mês de Janeiro, de férias, e não tem nenhuma informação nesse sentido. Dessa forma confirmaria que nada sabe sobre a ideia do líder da Renamo colocá-lo como chefe de Bancada na AR em substituição de Maria Moreno que muitas fontes nos dizem estar próxima de poder vir a aderir ao movimento que pretende colocar o Edil da Beira, Daviz Simango, como seu líder.
Correm também informações segundo as quais Afonso Dhlakama está desesperado e sente-se rodeado por “traidores” daí que muitas fontes da Renamo admitam ser verdade que ele ordenou também a substituição dos actuais membros da Renamo e da coligação RUE, que assumem cargos nas comissões da Assembleia da República.
Entre os nomes que nos disseram estarem em rota de colisão com Dhlakama constam os deputados Luís Boavida, que já participou em Maputo numa homenagem à vitória do candidato independente na Beira, Daviz Simango, e ainda outros tais como João Carlos Colaço, Lutero Simango, Artur Vilankulos, Máximo Dias, Manuel de Araújo, Agostinho Ussore, Luís Inácio, Ismael Mussa, Manecas Daniel, Cornélio Quivela, delegado político da Renamo em Cabo Delgado, Maria Moreno, chefe da Bancada na Assembleia da República e candidata a edil em Cuamba, Eduardo Namburete, ministro dos negócios estrangeiros sombra da Renamo e membro da Comissão de Relações Internacionais e porta-voz da bancada.
O burburinho que está a acontecer na Renamo já chegou a Quelimane de onde várias fontes nos telefonaram a declarar apoio a qualquer iniciativa que parta do Gabinete Eleitoral constituído pelas bases da Renamo que levaram à vitória na Beira o edil Daviz Simango. De outras partes do país o movimento também está a ganhar corpo e simpatia. No Niassa a chefe da Liga Feminina da Renamo acaba de pedir a sua demissão por discordar do líder Dhlakama. Em Cabo Delegado o delegado político provincial Cornélio Quivela poderá ser a próxima vítima de Dhlakama na sua saga para se rodear apenas de quem não ousa questionar as suas decisões.
Movimento para defesa da democracia
Sabe-se, entretanto, que estão a avançar por todo o país trabalhos no terreno com vista à mobilização de membros e quadros para a formação de um movimento para a defesa da democracia em Moçambique. Os seus promotores deixaram já transparecer que o mesmo se designará por MDM. Trata-se de um movimento constituído pelas bases da Renamo na Beira e a ganhar dimensão por todo o território nacional onde se sente o mesmo pulsar de desacordo com a liderança da Renamo pelos sucessivos “tiros nos pés” que vem dando ultimamente e sobretudo pela percepção de que Dhlakama está feito com a Frelimo para ir vivendo bem, com bolsos cheios, adiando sucessivamente a vontade popular de ver o país experimentar algo novo e responsável que assegure uma transição democrática e pacífica por via do voto.
O Movimento Democrático Moçambicano (MDM) quer a liderá-lo o filho do Reverendo Urias Simango, único vice-presidente que a Frente de Libertação de Moçambique teve quando ainda se lutava pela Independência Nacional. Daviz Simango, Edil reeleito da Beira, tem estado a protelar uma decisão mas sabe-se que a qualquer momento poderá ser anunciada a formalização da intenção de criar-se um movimento que de acordo com a Lei dos Partidos deverá ter a sua sede em Maputo, mas cuja génese está na já chamada Revolução de 28 de Agosto de 2008 das Bases da Renamo contra a sua direcção provincial em Sofala e central, por terem tentado destruir Daviz Simango como candidato à sua reeleição que acabou por acontecer por uma folgada margem de 62% sobre os dois seus mais directos rivais da Frelimo e da Renamo, respectivamente Lourenço Bulha e Manuel Pereira.
Um exemplo de que a Renano está em decadência
Um exemplo de que os ventos estão a soprar forte contra a direcção da Renamo liderada por Afonso Dhlakama está a ser usado pelas bases do ainda maior partido da oposição em Moçambique. É citado o caso da derrota do candidato da Renamo na Beira, mas agora também o facto da Renamo.no populoso distrito de Milange na Zambézia, ter passado a ter em vez da segunda, a terceira bancada na Assembleia Municipal local.
Em eleições gerais admite-se que um movimento organizado que granjeie simpatias tanto de amplos sectores da Renano descontentes com a sua direcção e com Dhlakama, como de sectores da Frelimo desiludidos, mas sobretudo apoiado por eleitores que nunca foram votar por não se reverem nem na Frelimo, nem na Renamo, admite-se que possa haver alternância em Moçambique.
Fonte: Canal de Moçambique, 29.01.2009
Maria Moreno e Eduardo Namburete dizem que não sabem como se toma posse como “edil paralelo” * Pode estar iminente a destituição da actual chefe de Bancada como também pode acontecer dentro de dias o anúncio da criação de um Movimento liderado por Daviz Simango
Maputo (Canal de Moçambique) - A Renamo está em polvorosa. Estão a abrir-se brechas por todos os lados. As estruturas do partido que pareciam finalmente aptas a governar o país, de repente começaram a desmoronar-se. A gota de água que fez transbordar o copo, como se costuma dizer, foram os acontecimentos de 28 de Agosto de 2008, na Munhava, na Beira, a poucos dias de terminar o prazo de inscrição dos candidatos às eleições autárquicas de 19 de Novembro último. O cenário prevalecente agora é de descalabro, mas enquanto isso as bases do partido abrem novos horizontes que podem ser anunciados dentro de dias, o mais tardar em Fevereiro. A purga está em marcha na Renamo, mas também está iminente o anúncio do MDM, movimento para defesa da democracia em Moçambique.
Dhlakama, em Agosto, contra todas as expectativas, anunciara que o candidato a Edil da Beira já não seria o engenheiro Daviz Simango, mas, sim, o deputado da Renamo à Assembleia da República pelo círculo de Sofala, Manuel Pereira. Isso foi o bastante para começar em catadupa um suceder de acontecimentos que estão a fazer com que o líder tradicional esteja agora a perder todo o prestígio que granjeou com a luta que empreendeu contra o totalitarismo político da Frelimo. Com o que está agora a fazer, designadamente opondo-se à realização de um congresso que está atrasado há mais de três anos de acordo com os seus estatutos, o eleitorado está em fase adiantada de não acreditar mais que a Renomo com Afonso Dhlakama pretenda de facto a democracia em Moçambique e tomar o poder por via do voto defendido nas urnas.
O maior partido da oposição está francamente a correr o risco de ser reduzido a um partido subalterno no futuro que se seguirá às eleições gerais e provinciais do corrente ano. A última estocada foi a recusa de Maria Moreno e Eduardo Namburete de alinharem no plano do presidente do seu partido, de fazer com que os candidatos derrotados da Renamo nas autárquicas tomem posse como presidentes paralelos das edilidades.
Dhlakama inicialmente dissera que os edis “paralelos” seriam empossados nas regiões centro e norte, mas mais recentemente disse que daria posse a todos os 43 edis das autarquias existentes no país, com excepção de Nacala onde ainda está para ser disputada uma segunda volta.
Chefe de Bancada diz que não sabe de que fala Dhlakama
Maria Moreno foi candidata a edil de Cuamba e perdeu. Reconheceu a derrota e recusa-se a tomar posse como edil paralela. Ela é ainda a chefe da Bancada da Renamo na Assembleia da República.
Contactada ontem pela Reportagem do diário «Canal de Moçambique» e do Semanário ZAMBEZE, Maria Morena diz que não vai tomar posse nenhuma. Disse que está no Niassa, em Cuamba, está de férias e que não vai tomar nenhuma posse. “Não sei como é que um candidato derrotado toma posse”, disse Maria Moreno, contrariando o anunciado propósito do presidente da Renamo, Afonso Marceta Macacho Dhlakama.
Eduardo Namburete, também candidato a Edil da Cidade de Maputo e porta-voz da Bancada parlamentar da Renamo na Assembleia da República, quando ouvido ontem pela nossa reportagem, disse: “Eu sou candidato derrotado. Como é que vou tomar posse se já felicitei publicamente o vencedor?”
Namburete disse que admitiria tomar posse “se a CNE (Comissão Nacional de Eleições) alterasse os resultados”. Estava assim dado o passo que faltava para também ele entrar em confronto com o líder do seu partido Afonso Dhlakama.
Estão, entretanto, a correr no seio da Renamo em Maputo e noutras partes do país, informações segundo as quais Dhlakama terá ordenado a Salvador Murema, mandatário da Renamo junto da CNE, que fizesse uma carta em nome do Partido à Assembleia da República para mandar cessar Maria Moreno como chefe de bancada. Maria Moreno disse-nos que não tem conhecimento de nada. Dhlakama tinha o telefone desligado ontem cerca das 10h45.
Constando que Dhlakama quer substituir Maria Moreno por Eduardo Namburete, pelo menos era essa informação até este confirmar que lhe vai desobedecer no que respeita à posse como “Edil paralelo” de Maputo, ontem colocámos a questão ao Dr. Namburete. Este disse-nos que esteve fora do país todo o mês de Janeiro, de férias, e não tem nenhuma informação nesse sentido. Dessa forma confirmaria que nada sabe sobre a ideia do líder da Renamo colocá-lo como chefe de Bancada na AR em substituição de Maria Moreno que muitas fontes nos dizem estar próxima de poder vir a aderir ao movimento que pretende colocar o Edil da Beira, Daviz Simango, como seu líder.
Correm também informações segundo as quais Afonso Dhlakama está desesperado e sente-se rodeado por “traidores” daí que muitas fontes da Renamo admitam ser verdade que ele ordenou também a substituição dos actuais membros da Renamo e da coligação RUE, que assumem cargos nas comissões da Assembleia da República.
Entre os nomes que nos disseram estarem em rota de colisão com Dhlakama constam os deputados Luís Boavida, que já participou em Maputo numa homenagem à vitória do candidato independente na Beira, Daviz Simango, e ainda outros tais como João Carlos Colaço, Lutero Simango, Artur Vilankulos, Máximo Dias, Manuel de Araújo, Agostinho Ussore, Luís Inácio, Ismael Mussa, Manecas Daniel, Cornélio Quivela, delegado político da Renamo em Cabo Delgado, Maria Moreno, chefe da Bancada na Assembleia da República e candidata a edil em Cuamba, Eduardo Namburete, ministro dos negócios estrangeiros sombra da Renamo e membro da Comissão de Relações Internacionais e porta-voz da bancada.
O burburinho que está a acontecer na Renamo já chegou a Quelimane de onde várias fontes nos telefonaram a declarar apoio a qualquer iniciativa que parta do Gabinete Eleitoral constituído pelas bases da Renamo que levaram à vitória na Beira o edil Daviz Simango. De outras partes do país o movimento também está a ganhar corpo e simpatia. No Niassa a chefe da Liga Feminina da Renamo acaba de pedir a sua demissão por discordar do líder Dhlakama. Em Cabo Delegado o delegado político provincial Cornélio Quivela poderá ser a próxima vítima de Dhlakama na sua saga para se rodear apenas de quem não ousa questionar as suas decisões.
Movimento para defesa da democracia
Sabe-se, entretanto, que estão a avançar por todo o país trabalhos no terreno com vista à mobilização de membros e quadros para a formação de um movimento para a defesa da democracia em Moçambique. Os seus promotores deixaram já transparecer que o mesmo se designará por MDM. Trata-se de um movimento constituído pelas bases da Renamo na Beira e a ganhar dimensão por todo o território nacional onde se sente o mesmo pulsar de desacordo com a liderança da Renamo pelos sucessivos “tiros nos pés” que vem dando ultimamente e sobretudo pela percepção de que Dhlakama está feito com a Frelimo para ir vivendo bem, com bolsos cheios, adiando sucessivamente a vontade popular de ver o país experimentar algo novo e responsável que assegure uma transição democrática e pacífica por via do voto.
O Movimento Democrático Moçambicano (MDM) quer a liderá-lo o filho do Reverendo Urias Simango, único vice-presidente que a Frente de Libertação de Moçambique teve quando ainda se lutava pela Independência Nacional. Daviz Simango, Edil reeleito da Beira, tem estado a protelar uma decisão mas sabe-se que a qualquer momento poderá ser anunciada a formalização da intenção de criar-se um movimento que de acordo com a Lei dos Partidos deverá ter a sua sede em Maputo, mas cuja génese está na já chamada Revolução de 28 de Agosto de 2008 das Bases da Renamo contra a sua direcção provincial em Sofala e central, por terem tentado destruir Daviz Simango como candidato à sua reeleição que acabou por acontecer por uma folgada margem de 62% sobre os dois seus mais directos rivais da Frelimo e da Renamo, respectivamente Lourenço Bulha e Manuel Pereira.
Um exemplo de que a Renano está em decadência
Um exemplo de que os ventos estão a soprar forte contra a direcção da Renamo liderada por Afonso Dhlakama está a ser usado pelas bases do ainda maior partido da oposição em Moçambique. É citado o caso da derrota do candidato da Renamo na Beira, mas agora também o facto da Renamo.no populoso distrito de Milange na Zambézia, ter passado a ter em vez da segunda, a terceira bancada na Assembleia Municipal local.
Em eleições gerais admite-se que um movimento organizado que granjeie simpatias tanto de amplos sectores da Renano descontentes com a sua direcção e com Dhlakama, como de sectores da Frelimo desiludidos, mas sobretudo apoiado por eleitores que nunca foram votar por não se reverem nem na Frelimo, nem na Renamo, admite-se que possa haver alternância em Moçambique.
Fonte: Canal de Moçambique, 29.01.2009