sábado, janeiro 10, 2009

Solidariedade selectiva? Parece que sim.

Tenho insistentemente dito que apesar de deste ou daquele discurso, diferentemente de África do Sul com a COSATU, em Moçambique, são pouquíssimos os que verdadeiramente se solidarizam com o povo do Zimbabwe. Se a falta de solidariedade é apenas com o povo do Zimbabwe ou com outros povos africanos, ainda não sei dizer. Sei também que não há e nunca houve um sinal expressivo de solidariedade para com o povo de Darfur, no Sudão nem assisti uma reacção clara da sociedade civil em Moçambique quanto à situação da República Democrática do Congo. Se foi-se à rua para se manifestar contra o ataque terrorista às duas Torres Gêmeas (World Trade Center) nos Estados Unidos, não me lembro.

Porém, a verdade é que os mesmos moçambicanos que não se solidarizam expressivamente com os zimbabweanos, com o povo de Darfur, com os congoleses, estão sempre na vanguarda quando se tratar de mostrar e demonstrar a solidariedade com outros povos fora do continente africano. Sempre têm havido super-manifestações na Cidade de Maputo quando se tratar de violência na Ásia. Só para lembrar, já houve uma super-amanifestação contra a invasão dos Estados Unidos da América ao Afeganistão e uma outra contra a republicação da caricatura de Mohamade pelo Savana. Hoje houve muita aderência à manifestação em apoio ao povo Palestino.

Curiosamente, estas manifestações são autorizadas pelas autoridades do país [leia-se pela Polícia da República de Moçambique] sem nenhum questionamento, enquanto que as tentativas feitas pela Liga dos Direitos Humanos para uma manifestação em apoio ao povo do Zimbabwe, encontraram um obstáculo por parte das mesmas autoridades. Um tratamento discriminátório? Os zimbabweanos não merecem a nossa solidariedade?

Entenda-se, não estou contra as manifestações que já tiveram e sempre terão lugar em Moçambique sem qualquer obstáculo. Pelo contrário sou também solidário para todos os que sofrem e sou contra os promotores da violência. Sou contra a morte dos inocentes na Palestina. Estou a questionar porém, a atitude daqueles que são mais solídários para com uns povo e não para com os outros. Estou a questionar o tratamento discriminatório. O que assistimos é uma solidariedade selectiva, incoerência e inconsequente.

Tenhamos todos coragem para denunciar atitudes duvidosas!

8 comentários:

JOSÉ disse...

Muito bem! Este tipo de solidariedade selectiva é mesmo questionável.

Reflectindo disse...

É isso, admiro-me que os jornalistas não queixem.

Anónimo disse...

mas meu irmão os academicos íntegros e integrais pensam por nós, pois então...

Reflectindo disse...

Pois, pois...

Unknown disse...

Aí está acoisa Reflectindo, o Manuel de Araujo um deputado da RENAMO pela convivência que por sinal já teve com o povo Zimbabweano não aguentou com o mutismo dos Moçambicano quanto ao sofrimento deste e tentou organizar uma marcha de solidariedade, viu o que aconteceu? a policia não estava disponível...

Reflectindo disse...

Chacate, são estes pormenores que não se deviam deixar passar. Em 1998 os terroristas fizaram explodir bombas em Dar-es-Salam e Nairobi matando centenas de pessoas, porém, não vimos esta solidariedade.

Eu gostaria de facto a saber a base da escolha da solidariedade.

Ivone disse...

Tento manter-me a par do que se passa em Moçambique. Mas vejo tudo à distância. No entanto, essa indiferença e falta de solidariedade para certas causas, por quanto outras causa movimentam as massas, também se sente noutras partes do mundo. A própria informação contribui para isso. Eu vejo que a informação é tendenciosa e ligada a interesses políticos e económicos. Geopolítica.
Por exemplo: Na visão dos EUA. Os terrosistas são sempre os outros e nunca eles. O 11 de Setembro foi um ataque terrorista. Será que a Guerra no Iraque não foi um ataque terrorista?

Reflectindo disse...

Cara Ivone, obrigado. É preciso compreendermos que o maior terror em todo o lado é executado pelos estados sob cobertura da imprensa pública ou imprensa pro-governamental. Essa imprensa transfere toda a culpa para o inimigo. embora este não seja isento.

Portanto, acho que é importante sermos nós quem alerta o mundo sobre todas as situacões anti-humanitárias sem seleccão.