quinta-feira, janeiro 15, 2009

“Bases da Renamo” pressionam Daviz Simango a fundar um partido


Para concorrer já nos pleitos eleitorais deste ano

* As pressões estão a surgir de todo o país, diz Geraldo Carvalho

Geraldo Carvalho, porta -voz político do Gabinete Eleitoral que apoiou a candidatura do engenheiro Daviz Simango, disse aqui na Beira que as “bases” da Renamo querem um novo partido liderado pelo filho do reverendo Urias Simango, o único vice-presidente que a Frelimo teve até hoje e que acabou sendo assassinado no Niassa, depois da Independência Nacional.

O Gabinete Eleitoral foi formado em Agosto de 2008, por membros da Renamo que discordaram da direcção da Renamo quando Dhlakama, a cinco dias de encerar o prazo para as inscrições junto da CNE para as eleições autárquicas de 19 de Novembro último, resolveu unilateralmente anunciar que Manuel Pereira era o candidato a edil da Beira pelo partido, em vez do eng.º Daviz Simango que já havia sido decidido pelas “bases” que seria o candidato à sua própria sucessão.

Geraldo Carvalho é desde essa altura o porta-voz do Gabinete Eleitoral. Confirmou há dias, na Beira, que as bases da Renamo e a sociedade civil que apoiaram a candidatura independente do Daviz Simango à Presidência do Município da Beira, eleições em que o filho de Urias Simango saiu vitorioso deixando para trás o candidato da Frelimo, Lourenço Ferreira Bulha, e Manuel Pereira, candidato oficial do partido de Dhlakama, voltam agora a pressionar esta mesma figura política para fundar um novo partido político, em tempo recorde, de modo a concorrer nos próximos pleitos eleitorais, isto é às próximas eleições provinciais e gerais: legislativas e presidenciais do corrente ano.

De acordo com Geraldo Carvalho, o Gabinete Eleitoral do candidato Daviz Simango à sua reeleição como edil da Beira, “já recebeu e continua recebendo cartas de pedidos da bases, outros políticos, comerciantes, religiosos, régulos e académicos, a evocar que neste momento a única saída para salvar a oposição no País é avançar com o projecto de formação de um novo movimento político alternativo”.

A referida ideia, isto é a ideia de se criar um novo partido político, segundo a fonte, surge pelo facto do povo de Sofala e de todas as províncias do País terem visto goradas todas as expectativas para se encontrar uma reconciliação com a liderança da Renamo.

A decisão das “bases da Renamo” de todo o País é agora avançar-se com o projecto de formação de um novo partido político. Surge após a recusa do líder da Renamo, Afonso Dhlakama, de acatar o apelo de certas personalidades políticas de renome no País. Estas sentaram-se com ele para encontrar soluções para a crise interna que se instalou no seio daquele que foi o maior partido da oposição nos últimos tempos. Depois das graves cisões surgidas com a indicação de Manuel Pereira como candidato oficial da Renamo a edil da Beira, isto é depois das “bases” terem dito ao líder Afonso Dhlakama que queriam Daviz Simango como candidato à sua própria reeleição como presidente do Município da capital da província de Sofala e não Manuel Pereira, como Dhlakama não acatou a vontade das bases, aí estoira um grave problema entre as bases da Renamo e a Direcção do partido.

As agora ex-bases da Renamo, envolvidas com o Gabinete Eleitoral do candidato independente a edil da Beira, em vez de extinguirem o referido gabinete, dado que está em vias de ser concluído o processo das eleições autárquicas com a promulgação de resultados pelo Conselho Constitucional, pressionam Daviz Simango para formar um movimento político. Antes estabeleceram um prazo limite para Dhlakama se pronunciar sobre a reconciliação entre alas da Renamo que a partir da revolução de 28 de Agosto na Beira estão desavindas. Como nada se conseguiu que fosse do seu agrado agora para esses militantes da Renamo a solução é partir para outra e criar-se um novo partido com os dissidentes da Renamo em todo o país que se opõem aos métodos anti-democráticos que vigoram actualmente, segundo eles, na Renamo.

Apesar de Geraldo Carvalho não ter revelado o tempo estabelecido para Dhlakama se pronunciar, tudo indica agora que o tempo expirou e a solução agora é mesmo um novo partido.

Geraldo Carvalho acrescentou que “se Daviz Simango não aceitar o pedido, o povo sentir-se-á traído”.

Carvalho confirmou que recentemente representantes das bases do partido Renamo das provincias de Nampula, Zambezia, Niassa, Manica, Inhambane, Maputo e Gaza estiveram na Beira “fazendo auscultações discretas junto das bases” que se decidiram pela ideia de se avançar com a formação de um novo partido político para concorrer nos próximos pleitos eleitorais.

“Estes quadros do partido Renamo nas restantes províncias do País, que trabalharam há dias na Beira a fazer auscultações, concluíram que “a figura de Daviz Simango é de consenso popular”. “Daí que para eles Daviz reúne todas as capacidades para liderar um partido sério, com condições de desafiar a Frelimo’’ - rematou Geraldo Carvalho.

Falando da província de Sofala, Geraldo Carvalho avançou que as bases do partido Renamo nos distritos de Machanga, Cheringoma, Nhamatanda, Dondo e Chibabava também encorajam agora a formação de um novo partido, bem como também pedem para que Daviz se desloque ao terreno para trocarem impressões com ele.

(Francisco Esteves) - CANAL DE MOÇAMBIQUE - 15.01.2009

7 comentários:

Anónimo disse...

Pois claro, as pessoas estão fartas e há ânsia de encontrar alternativas. Acho positiva essa atitude.

Anónimo disse...

Eu sempre fui apologista desta ideia genial de D. Simango fundar um partido. Cá estamos para o apoiar! Bem-haja!

Reflectindo disse...

Caro primeiro anónimo, concordo definitivamente consigo, a ânsia de uma oposicão alternativa é efusiva. Quem deve constituir essa oposicão somos nós mocambicanos, ainda que já estamos identificando quem possa nos liderar.

Reflectindo disse...

Caro 2.º, parabenizo a ti e aos outros que sempre viram a fundacão de um novo partido liderado por excelente patriotas como Daviz Simango. Até há pouco pensava que a Renamo era restaurável mas agora estou convencido que essa é uma tarefa impossível. Do que ouvi durante esta semana já me fartou.

Para frente é o caminho! Pelo nosso amor à paz, democracia e desenvolvimento é tempo de trabalharmos todos para a restauracão e fortalecimento do processo democrático multipartidário em Mocambique que já está em crise.

Anónimo disse...

Pois claro, se há amor a Democracia deverá pensar-se em outras alternativas mesmo, visto que o declinio a Renamo é irreversível. De nada adianta olhar paciente e fielmente para uma porta fechada e esperar que esta se transforme em uma janela aberta.

Reflectindo disse...

Gata, é exactamente isso, para quem ama a democracia, sobretudo, a democracia multipartidária, deve ter chegado à conclusão que a única maneira de salvá-la é fundando um partido em volta de uma figura reconhecida no trabalho a bem da nação.

A nossa confiança a Afonso Dhlakama foi para torná-lo arrogante. A Renamo está degradada e qualquer tentativa de restaurá-la é gorada, infelizmente. Não vale a pena esperarmos que na Renamo operem mudanças. Os discursos feitos esta semana pela cúpula da Renamo banem a esperança. Agora é o momento de cada um de nós, amante da democracia e multipartidarismo, agir. O próprio Dhlakama disse que se quisermos salvar a democracia que faça isso fora da Renamo.

Anónimo disse...

Esperamos uma alternativa credivel, Raul Domingos falhou, Daviz Simango nao pode falhar poeque ele nao manda e nem quer mandar. E o povo que ordena e ele e o escolhido para representar esse povo humilde, quer ver mudanca no nosso Belo Mocambique.

DAVIZ OI CONTA COM MEU APOIO SEREI MEMBRO NA BEIRA