Por Machado da Graça
Houve confrontos militares, em Sofala “(Vanduzi) e na Zambézia
(Morrumbala), entre as Forças de Defesa e Segurança e as forças residuais da
Renamo, ou lá como quisermos chamar-lhes.
Embora nenhum dos lados revele nú- meros de baixas, terá havido,
certamente, mortos e feridos. Do lado do Governo/Frelimo uma voz autorizada
revelou em que contexto se deram esses confrontos.
O Ministro do Interior, Basílio Monteiro, veio a público afirmar que os
combates derivam da necessidade de “perseguir ninhos de instabilidade para
remover essas ameaças em resposta aos anseios de todo o povo moçambicano”. E
prometeu que “vamos continuar a perseguir até remover o último ninho de
instabilidade”.
Ora, traduzindo esta linguagem em conceitos mais claros e simples, Basílio
Monteiro está a afirmar que vai atacar todas as bases da Renamo até as
destruir. Na verdade Morrumbala é, actualmente, a principal base militar de
Afonso Dhlakama e Vanduzi é, igualmente, uma zona de forte presença da Renamo.
E, dizendo isto, creio estarmos perante uma declaração de guerra.
Declaração e actos que contrariam abertamente todo o discurso de Paz com que o
Governo e o seu Chefe nos bombardeiam diariamente. Que contrariam, de resto, os
anseios do povo moçambicano que tem sempre afirmado que o caminho para a Paz é
o diá- logo e não o desarmamento da Renamo através da força.
Esta declaração, por parte de um ministro do governo que dirige, deixa
ainda mais fragilizada a posição de Filipe Nyusi que se afirma aberto ao
diálogo com Afonso Dhlakama mas assiste, em silêncio comprometedor, aos actos
militarmente agressivos por parte daqueles que, em teoria, são seus
subordinados.
Depois das duas emboscadas em Manica
e do inqualificável assalto à residência de Dhlakama na Beira, com que cara
pode Filipe Nyusi pedir ao dirigente da Rena mo que apareça para conversarem?
Será que Dhlakama vai dar algum passo que volte a colocar a sua vida em
perigo? E, se não der, qual é a saída para esta situação em que o país foi
metido?
Até aqui a Renamo tem estado a tomar
medidas meramente defensivas: quando é atacada defende-se e contra-ataca. Não
tomou nunca a iniciativa de iniciar combates.
Mas, até onde vai o conhecimento geral, tem ampla capacidade para o fazer,
ao ní- vel de todo o país. E não sei quanto tempo Dhlakama vai evitar que isso
aconteça. Não sei quanto tempo Dhlakama, sentindo-se pessoalmente ameaçado de
morte, não vai querer que isso aconteça.
Se a Renamo passar a fazer guerra activamente o país vai passar muito mal
em todos os aspectos, desde a segurança à já tão abalada economia, desde o
desenvolvimento da democracia à possibilidade de uma real reconciliação
nacional.
Mas parece que há quem não esteja a ver isso. Quem esteja cego pela
quantidade enorme de armamento que as FDS estão a comprar e pense quer uma
vitória militar sobre a Renamo será rápida e conclusiva.
No meu ponto de vista não será nem uma coisa nem outra e, mais ainda, não
tenho certeza nenhuma sobre quem vencerá o confronto.
Do lado da Renamo, Dhlakama e os seus homens podem estar a arriscar a sua
vida física, mas do outro lado há muita gente que, para não perder nenhum dos
seus privilégios, pode estar a arriscar o tipo de vida que leva, para além da
desgraça do país.
Creio que o único caminho sensato era manter um clima de tréguas militares
enquanto se tenta, mais uma vez, construir a confiança que leve a um diálogo
produtivo e, consequentemente, à Paz que desejamos. Mas com gente tão agarrada
ao gatilho das armas, não sei se isso alguma vez vai ser possível.
E tenho medo das consequências...
2 comentários:
Eu não para dizer, apenas parabenizo a(s) pessoa(s) que escreve(m) estas noticias, meu obrigado do fundo do meu coração!!!. E também aproveito apelar a Frelimo que não será facil desarmar a Renamo a força isto comer massa sparguet com colher!.
Para mim e muito complicado o que se passa em mocambique,na teoria querem a paz, na pratica querem a guerra,parece me que os militares e policiais sao mais fortes que o presidente da republica,eles mandam e desmandam e no dia que a renamo comecar p a ofensiva todas as televisoes vao ter reportagem agora estao cegos ou foram cegados todos eles nos os ze ninguem temos informacoes todos os dias de cenas de confrontos via watsap,sms,videos em tempo real,assim como da movimentacao de material belico a luz do dia. onde vamos chegar com isto por favor queremos a paz, paz, paz, paz
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