A detenção, esta segunda-feira, de António Muchanga,
conselheiro de Estado e porta-voz do líder da Renamo, Afonso Dhlakama, no
recinto da Presidência da República, pode ter deitado por terra todos os parcos
resultados dos esforços até aqui feitos em busca de uma solução negociada e
rápida da actual tensão político-militar em Moçambique.
É nosso modesto entender que esta detenção de Muchanga pura e simplesmente vai desencorajar Dhlakama a sair da “parte incerta” para “o tão almejado encontro”, na cidade de Maputo – usando as palavras do porta-voz da Presidência da República, Edson Macuácua, ontem pronunciadas minutos antes da prisão daquele político oposicionista.
Aliás, a detenção de Muchanga poderá, salvo melhor opinião, engrossar a multidão de residentes “em parte incerta”, a avaliar pela quantidade de números de telemóveis pertencentes a gente ligada à Renamo que ficaram incomunicáveis, mal foi conhecida a notícia que marcou aquilo que chegou a ser apelidado de Conselho de Estado de Esperança para milhões de moçambicanos.
Provavelmente, fica, assim, mais afastada a hipótese de um hipotético encontro Guebuza-Dhlakama esta semana, no âmbito da presidência aberta e inclusiva que o Chefe de Estado começa esta quarta-feira à província central de Sofala – por muitos ventilado.
Se até agora tínhamos um pé na boca da sarjeta, agora vamos pela cintura abaixo, aparentemente sem hipóteses de salvação.
Bem gostaria, muito sinceramente, de estar equivocado.
Editorial do Correio da Manhã, Maputo, 08/Junho/2014
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