Duas organizações ambientalistas exigem que o Presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, imponha sanções comerciais a Moçambique, devido à situação "desenfreada" de abate ilegal de rinocerontes e elefantes no país.
Ao abrigo da emenda constitucional Pelly, que permite embargos comerciais dos Estados Unidos a países que não respeitam convenções de conservação ambiental, a Agência de Investigação Ambiental e a Fundação Internacional do Rinoceronte (EIA e IRF, nas siglas em inglês) enviaram, na quarta-feira, uma petição ao líder norte-americano apelando à imposição de sanções a Moçambique.
Segundo um comunicado de imprensa disponibilizado na página eletrónica da IRF, que, desde a década de 1980, actua em diversos países contra o tráfico ilegal de corno de rinoceronte, "as sanções comerciais [a Moçambique] são urgentes e necessárias para convencer o Governo moçambicano a decretar uma ofensiva contra os caçadores furtivos e as organizações criminosas que os financiam".
Na petição que dirigiram à administração Obama, as duas organizações garantem descrever sustentadamente a situação do abate ilegal de rinocerontes e elefantes, não só dentro das fronteiras moçambicanas, mas também na África do Sul e Tanzânia, fornecendo "suficientes evidências" para a intervenção dos Estados Unidos.
"Desde 2010, os cidadãos moçambicanos abateram pelo menos 1.862 rinocerontes na África do Sul, assim como milhares de elefantes na Tanzânia e em Moçambique", refere a nota de imprensa, na qual se acusa o Governo local de "fazer vista grossa" a esta situação.
No último ano, o Governo norte-americano aprovou uma iniciativa de combate ao tráfico ilegal de espécies protegidas, que, afirmam os ambientalistas, está a ser "directamente prejudicada" pelo executivo moçambicano e pelos caçadores furtivos do país, que "estão no centro das atividades de caça furtiva de elefantes e rinocerontes" na região.
"Os caçadores furtivos estão envolvidos em 80 a 90% dos incidentes de caça furtiva de rinocerontes registados nos parques nacionais do Kruger [África do Sul] e do Limpopo [Moçambique, onde as autoridades moçambicanas já decretaram a espécie como extinta]", afirmam as organizações.
Adiantando que "polícias e militares" moçambicanos estão a ser implicados neste tipo de casos, a IRF e a EIA notam que, "apesar de 300 caçadores furtivos moçambicanos terem sido mortos" no Kruger, o "ritmo da caça ilegal de rinocerontes não mostra sinais de redução".
A situação da caça furtiva em Moçambique tem provocado reações de várias organizações ambientalistas, como o Fundo Mundial para a Natureza (WWF, na sigla em inglês), que recentemente defendeu em Maputo uma maior responsabilização de agentes da autoridade envolvidos em esquemas de caça furtiva.
Também a Convenção sobre o Comércio Internacional de Espécies Ameaçadas (CITES), que classifica Moçambique e o Vietname como os piores países do mundo em termos da situação do tráfico de corno de rinoceronte, ameaçou suspender o país da organização, depois das autoridades locais terem falhado a entrega de um relatório com novas políticas de prevenção.
A decisão da CITES sobre a suspensão de Moçambique, segundo uma notícia avançada em março pela imprensa sul-africana, deverá ser tomada ainda durante este mês.
Fonte: LUSA - 03.07.2014
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