Na sequência do artigo
publicado pelo @Verdade, na edição antepassada, em que trouxemos a público uma
série de investimentos detidos por Nini Satar no estrageiro, o Gabinete Central
de Combate à Corrupção (GCCC) foi ouvi-lo em audição na passada sexta-feira na
cadeia de máxima segurança, vulgo B.O. O GCCC é uma unidade subordinada à
Procuradoria-Geral da República (PGR) que se dedica à investigação de crimes de
corrupção, como o nome sugere. Uma das formas de manifestação da corrupção é o
branqueamento de capitais, daí a preocupação da PGR em querer saber onde aquele
recluso arranjou tanto dinheiro no período que vai de 1996 (ano da fraude no
defundo BCM) até 2009. Será que a PGR vai conseguir apresentar respostas?
O processo número
186PRC/14
De acordo com fontes
insuspeitas do @Verdade, dois investigadores do GCCC estiveram na passada na
BO, onde ouviram em audiência Nini Satar. Os membros da equipa liderada por Ana
Maria Gemo, segundo as nossas fontes, querem saber daquele onde terá arranjado
investimentos na ordem de cerca de 100 milhões de dólares americanos.
“Basicamente, o
Ministério Público pretende saber os mecanismos que aquele teria usado para a
transferência e a proveniência do dinheiro” disse uma fonte ligada ao processo.
O @Verdade apurou que o interrogatório levou três horas de tempo, e os agentes
do MP não terão ficado satisfeitos com as respostas obtidas. De referir que os
advogados de Nini Satar não foram notificados para a audição de sexta-feira,
que consideram ilegal.
“A PGR tenta a todo o
custo ouvir Nini na calada sem que o advogado esteja presente” disse-nos um dos
advogados. Um dos seus defensores, que pediu para não ser citado, lembrou que o
código penal vigente defende a presença daqueles nas audições com os seus
clientes. “Parece que a PGR está preocupada com o facto de o meu cliente ter
cumprido metade da pena e está preocupada com a sua provavél liberdade condicional”.
Nini igual a si mesmo
Na referida audiência,
Nini Satar terá dito aos procuradores que a “audiência é ilegal” e que poderia
provar a origem dos investimentos detidos em França, África do Sul e Portugal.
De acordo com as nossas fontes, na mesma audiência, o mais novo da badalada
família Satar não terá deixado satisfeitos os procuradores que o foram ouvir ao
apelar-lhes para “investigarem outro tipo de crimes”, alegando que aqueles
investimentos eram antigos. Nini terá mesmo dito aos procuradores que ganhara
aquele montante no “Euromilhões” e que tem “dinheiro para comprar a Barragem de
Cahora Bassa”.
Os factos que levaram a
PGR à B.O
Momad Assif Abdul Satar,
mais conhecido por Nini Satar, de 40 anos de idade, tem investimentos na ordem
de 100 milhões de dólares americanos, apurou o @Verdade nas suas investigações.
Do período que vai de 1996, ano em que ele fez parte dos delapidadores do
defunto Banco Comercial de Moçambique (BCM), até 2009, Satar terá feito
investimentos avultados no sector imobiliário, de cerca de quatro milhões de
dólares norte-americanos em França, na compra de 40 apartamentos numa das zonas
luxuosas de Paris, designada Louvre.
Na época, 1996, Nini
Satar terá desembolsado cerca de 14 milhões e 480 mil francos franceses, ao
câmbio da época, equivalentes a quatro milhões de dólares. Por outro lado,
entre os anos 2006 e 2008, Momade Assif investiu cerca de 580 milhões de randes
na compra de um hotel de cinco estrelas numa zona privilegiada da Cidade de
Cabo, em Green Poit.
Para a compra do
referido empreendimento, os pagamentos foram feitos a partir de um banco em
Dubai, o Emirates Bank, para uma conta na África do Sul, ambas tituladas por
Momade Assif Abdul Satar. Outra parte de dinheiro foi paga a partir duma conta
em Londres, também registada em nome de Momade Assif. O @Verdade apurou que a 3
de Outubro de 2008, Momade Assif Abdul Satar ordenou, atráves dos seus
representantes, ao banco de Dubai que fizesse uma transferência no valor de 11
milhões de dólares, para uma conta sul-africana também em seu nome.
Já no dia 8 do mesmo mês
e ano, a transferência foi de seis milhões de dólares e no dia seguinte seria
de nove milhões. Já no dia 5 de Novembro do mesmo ano, Nini Satar voltaria a
ordenar uma transferência de três milhões de dólares. No dia 2 de Fevereiro de
2009 foi de quatro milhões de dólares e, dois dias depois, seriam pagos mais
cinco milhões, o que significa que, até Fevereiro de 2009, Nini Satar já havia
feito uma transferência de 46 milhões de dólares de Dubai, o equivalente a 168
milhões e 360 mil dharams, moeda local. Este valor, na sua totalidade, foi
transferido para um banco sul-africano, o Nedbank.
Fonte: @Verdade – 04.07.2014
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