sexta-feira, julho 11, 2014

A freguesia do caos!

Por Matias Guente

Está instalado o pânico e o desespero. A freguesia adepta do caos, que vive acossada pelos prazos constitucionais de abandonar o poder, não esperava uma reacção ponderada e um tom conciliatório por parte de Afonso Dhlakama. É que, depois de terem mandado raptar António Muchanga, esperavam uma reacção violenta, em larga escala, por parte da Renamo, para, com base nela, justificar o uso do material bélico que vêm coleccionando nos últimos meses, para com ele patrocinar o caos, suspenderem a ordem constitucional e adiar eleições. Dhlakama não respondeu do modo como se pretendia, e o plano deu para o torto. É que não se compreende que enquanto estamos todos concentrados a procura de soluções que nos possam tirar do caos e com penitências para que haja cedências de parte a parte, para o bem mais comum a abrangente, haja cidadãos que estejam a investir o seu intelecto a elaborar estratégias que nos levem aos caos. Não se compreende que estejamos todos a olhar para moderação e o bom senso como alternativa para paz, haja cidadãos que estejam a elaborar o seu caderno de encargos “anti-paz”.


Mas é também preciso termos em conta, que ninguém se prepara para eleições comprando material de guerra. Isso é mentira. Deixemos esta treta de que todo este material bélico que tem sido comprado no “take away” romeno e chinês é para defender a soberania. Não é. É para defender a soberania dos apetites insanos da freguesia do caos. É para colocar cada moçambicano sob custódia da bota e da espingarda. Este material serve para a operação da subtração dos direitos fundamentais, que há muito vem sendo ensaiada. Os resultados que vêm sendo obtidos pela oposição nas últimas eleições aceleraram a esquizofrenia natural da freguesia do caos.

Que garantias tem agora Afonso Dhlakama de que se deslocar a Maputo para encontrar-se com Guebuza não será detido? Logo, fica claro o que a freguesia do caos pretende. Prender o emissário de um partido que representa a estratégia, o pensar, a mensagem do referido partido, tem valor simbólico equiparado a prender o emissor, no caso Afonso Dhlakama. Já dissemos bastas vezes que a questão Renamo, nunca foi necessariamente juridíca, mas sim política, que requer maturidade, ponderação e acima de tudo uma postura psíquica estável que concorre com o sentido de Estado.

Nunca, desde a instauração da democracia neste país, a oposição foi tão perseguida, humilhada e até assassinada. A megalomania da freguesia do caos quer levar as pessoas a acreditarem que a oposição é um grupo de expatriados e, por isso, perigosos. Como a freguesia do caos tem saudades e obsessão pela prática de horrores pelos quais fez passar os que pensavam diferente no passado, apegou-se à obsessão, e parou no tempo.

A freguesia tronou-se uma seita perigosa que destila a exclusão e o ódio ao pensar diferente. Criou as suas próprias pautas de definição de patriotismo inspiradas no sadismo. 
Esquece-se a freguesia que o povo de ontem já não acredita nessas histórias de “bandidos armados”, porque o povo de hoje sabe que existe um acordo que a freguesia simplesmente esquartejou, a fim de alimentar os seus apetites de ser dona de tudo e de todos. Qualquer cidadão medianamente lúcido consegue perceber que a fonte desta guerra é a freguesia do caos.

Agora que o tiro saiu pela culatra, e mantendo constante alguma dose de loucura com que a freguesia fez nome e fama, não surpreenderá um próximo episódio com semelhante requinte, para ganhar tempo. Eu, pessoalmente, que aprendi a não subestimar a freguesia do caos, não ficava espantado se a freguesia mandasse raptar o próprio Gabriel Muthisse que tem servido como chefe da delegação do Governo, só para criar o caos. É radical, mas, para um freguês do caos, é só mais um investimento. O que importa mesmo, é o caos! (Matias Guente)




Fonte: Canalmoz - 11.07.2014

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