Por Matias Guente
Está instalado o pânico e o desespero. A
freguesia adepta do caos, que vive acossada pelos prazos constitucionais de
abandonar o poder, não esperava uma reacção ponderada e um tom conciliatório
por parte de Afonso Dhlakama. É que, depois de terem mandado raptar António
Muchanga, esperavam uma reacção violenta, em larga escala, por parte da Renamo,
para, com base nela, justificar o uso do material bélico que vêm coleccionando
nos últimos meses, para com ele patrocinar o caos, suspenderem a ordem
constitucional e adiar eleições. Dhlakama não respondeu do modo como se
pretendia, e o plano deu para o torto. É que não se compreende que enquanto
estamos todos concentrados a procura de soluções que nos possam tirar do caos e
com penitências para que haja cedências de parte a parte, para o bem mais comum
a abrangente, haja cidadãos que estejam a investir o seu intelecto a elaborar
estratégias que nos levem aos caos. Não se compreende que estejamos todos a
olhar para moderação e o bom senso como alternativa para paz, haja cidadãos que
estejam a elaborar o seu caderno de encargos “anti-paz”.
Mas é também preciso
termos em conta, que ninguém se prepara para eleições comprando material de
guerra. Isso é mentira. Deixemos esta treta de que todo este material bélico
que tem sido comprado no “take away” romeno e chinês é para defender a
soberania. Não é. É para defender a soberania dos apetites insanos da freguesia
do caos. É para colocar cada moçambicano sob custódia da bota e da espingarda.
Este material serve para a operação da subtração dos direitos fundamentais, que
há muito vem sendo ensaiada. Os resultados que vêm sendo obtidos pela oposição
nas últimas eleições aceleraram a esquizofrenia natural da freguesia do caos.
Que garantias tem agora
Afonso Dhlakama de que se deslocar a Maputo para encontrar-se com Guebuza não
será detido? Logo, fica claro o que a freguesia do caos pretende. Prender o
emissário de um partido que representa a estratégia, o pensar, a mensagem do
referido partido, tem valor simbólico equiparado a prender o emissor, no caso
Afonso Dhlakama. Já dissemos bastas vezes que a questão Renamo, nunca foi
necessariamente juridíca, mas sim política, que requer maturidade, ponderação e
acima de tudo uma postura psíquica estável que concorre com o sentido de
Estado.
Nunca, desde a instauração
da democracia neste país, a oposição foi tão perseguida, humilhada e até
assassinada. A megalomania da freguesia do caos quer levar as pessoas a
acreditarem que a oposição é um grupo de expatriados e, por isso, perigosos.
Como a freguesia do caos tem saudades e obsessão pela prática de horrores pelos
quais fez passar os que pensavam diferente no passado, apegou-se à obsessão, e
parou no tempo.
A freguesia tronou-se uma
seita perigosa que destila a exclusão e o ódio ao pensar diferente. Criou as
suas próprias pautas de definição de patriotismo inspiradas no sadismo.
Esquece-se a freguesia que
o povo de ontem já não acredita nessas histórias de “bandidos armados”, porque
o povo de hoje sabe que existe um acordo que a freguesia simplesmente
esquartejou, a fim de alimentar os seus apetites de ser dona de tudo e de
todos. Qualquer cidadão medianamente lúcido consegue perceber que a fonte desta
guerra é a freguesia do caos.
Agora que o tiro saiu pela
culatra, e mantendo constante alguma dose de loucura com que a freguesia fez
nome e fama, não surpreenderá um próximo episódio com semelhante requinte, para
ganhar tempo. Eu, pessoalmente, que aprendi a não subestimar a freguesia do
caos, não ficava espantado se a freguesia mandasse raptar o próprio Gabriel
Muthisse que tem servido como chefe da delegação do Governo, só para criar o
caos. É radical, mas, para um freguês do caos, é só mais um investimento. O que importa mesmo, é o caos! (Matias Guente)
Fonte: Canalmoz - 11.07.2014
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