Por Jeremias Vunjanhe
Aliado a potências imperialistas e coloniais, o
Japão quer construir e ampliar sua “zona de influência” e poder geoestratégico
no continente africano: eis o real motivo da digressão pela África do
Primeiro-ministro nipónico, Shinzo Abe.
O objectivo desta
visita é imperial é perigoso. Uma disputa acirrada das grandes potências
colonias pela posse e controlo dos recursos naturais africanos justifica esta
prioridade japonesa pelo velho continente. Aliás, o próprio Primeiro-ministro
japonês clarificou, da melhor forma possível e em primeira mão, as razões de
fundo por detrás da sua viagem.
Desde que Shinzo Abe
disse que o "Japão deve reforçar as suas relações
com a África. Em meados do século 21, sem dúvida, a África estará no centro do
desenvolvimento, por isso, se não investirmos lá agora, quando o faremos? Qual
seria o momento certo? Agora é a hora de investir ", ficou claro que o
Japão estava decidido a participar de forma decidida no novo processo pós-Berlim
de partilha, divisão, ocupação e ocupação de África em pleno seculo XXI.
Debaixo de muito
secretismo e escuridão incomum de um chefe de Governo, o Primeiro-ministro
nipónico, acompanhado por mais de 50 grandes empresários, chega hoje a Maputo
para uma visita oficial de Estado de três dias. A chegada da delegação de Shinzo Abe a Maputo
está prevista para às 19 horas e 55 minutos de hoje, dia 11 de janeiro de 2013,
no aeroporto internacional de Maputo, de onde seguirá para o Hotel Polana.
Pelas 13 horas e 30 minutos do dia 12 de Janeiro de 2013, portando, amanhã
domingo, o Primeiro-Ministro japonês participará de um seminário sobre
oportunidades de negócio que contará com a presença de empresários de ambos os
países. Shinzo Abe deixará Maputo na manhã de segunda-feira, 13 de Janeiro
corrente rumo a Costa do Marfim, Etiópia e Omã.
Há seis meses que as
autoridades de Maputo e de Tóquio trabalham coletivamente para viabilizar esta visita
que, sobretudo, visa a conclusão das negociações de fornecimento de gás natural
e desbloquear o financiamento destinado ao controverso programa de
desenvolvimento de agricultura comercial nas savanas tropicais do norte de
Moçambique, mais conhecido por ProSavana, congelado pelo Japão depois ter sido
amplamente contestado e denunciado por camponeses
e camponesas, famílias das comunidades do Corredor de Nacala, organizações
religiosas e da sociedade civil moçambicanas, em Carta Aberta dirigida aos presidentes
de Moçambique, Armando Gueguza, e do Brasil, Dilma Rousseff e do Primeiro-Ministro
do Japão, Shinzo Abe.
Em Moçambique, as equipas
conjuntas do ProSavana envolvendo Moçambique através do Ministério da
Agricultura, Brasil por meio da Agência Brasileira de Cooperação-ABC e Japão
por intermedio da Agência de
Cooperação Internacional do Japão-JICA encarregaram-se por construir uma falsa
pretensa arquitetura de diálogo durante a qual a estratégia principal foi
omitir e distorcer toda a informação relevante além de manipular, intimidar e
ameaçar representantes de comunidades de camponeses,
activistas, líderes de organizações da sociedade civil e movimentos sociais que
se opõe ao Prosavana. Na verdade, a equipa trilateral do ProSavana é portadora
de uma direção e pensamento problemático, perigoso e contra os interesses
soberanos dos camponeses e das camponesas.
Apesar da
subordinação e conivência do executivo de Armando Guebuza face aos interesses
capitalistas do Japão, os moçambicanos reagiram fortemente e estão decididos a
manter-se na vanguarda popular para impedir o avanço do Programa ProSavana e da
Nova Aliança para Segurança Alimentar e Nutricional em África. O povo
moçambicano compreende muito bem o que está em jogo e por quê. A ofensiva
neoliberal liderada pelos Estados Unidos da América e pelas autoridades de
Tóquio potencialmente tem o mesmo padrão perverso e mortífero semelhante ao das
decisões da Conferência de Berlim de 1884/85 de uma ocupação efetiva de África.
Enquanto isso, em
Moçambique, um Hitler negro está a empurrar o Pais para o retorno de um
conflito armado de proporções violentas e também mortíferas para conseguir se
manter no poder por tempo que julgar satânico para satisfazer os seus
interesses.
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