Nos últimos tempos tem-se questionado se alguns dos ataques que têm ocorrido em Moçambique, são, de facto, da Renamo e fala-se da existência de pequenos grupos bem organizados que estariam a tirar partido da situação de instabilidade no país.
O académico João Colaço, diz que numa situação desta, podem existir homens armados que não estejam ao serviço nem do Governo nem da Renamo.
“A nossa situação de vulnerabilidade pode levar à existência de grupos oportunistas. Penso que estamos por saber se esta teoria se confirma ou não, que para além da Renamo, podem existir outros grupos dentro do território moçambicano interessados em desestabilizar ou alcançar interesses ainda não confessos”, disse o professor universitário.
“A nossa situação de vulnerabilidade pode levar à existência de grupos oportunistas. Penso que estamos por saber se esta teoria se confirma ou não, que para além da Renamo, podem existir outros grupos dentro do território moçambicano interessados em desestabilizar ou alcançar interesses ainda não confessos”, disse o professor universitário.
Destacou ainda que “estamos lembrados que na zona centro do País houve assaltos a alguns paióis. A Renamo não confirmou ter sido ela a assaltar os paióis, e a pergunta é: quem terá sido e qual foi o destino que se deu “as armas tiradas desses paióis?”.
Segundo ele, o Governo também não deu nenhuma resposta concreta sobre este assunto, “e se se aventar esta hipótese, pode ser que existam homens armados que não estejam necessariamente ao serviço da Renamo nem da Frelimo e que façam parte de outros interesses que os moçambicanos ainda não sabem que interesses são esses”.
A uma pergunta sobre a quem serviriam esses grupos, Colaço disse ser da opinião de que as autoridades e todas as instituições que normalmente acompanham o dia-a-dia deste conflito devem fazer uma investigação para que se apure, de facto, quem poderá estar por detrás destes ataques.
Esclareceu, entretanto, que normalmente, países com grandes recursos estratégicos como petróleo e gás, sobretudo no contexto africano, facilmente se tornam sociedades vulneráveis, e essa vulnerabilidade, muitas vezes tem tido como desfecho a instabilidade político-militar.
Na opinião do académico, o petróleo e o gás, tanto podem constituir um catalisador positivo para o desenvolvimento ou pura e simplesmente “podem levar o país ao abismo, se não tivermos a clarividência de como podemos tratar deste assunto profundamente delicado em várias partes do mundo”.
João Colaço diz ser importante que se continue a discutir, sobretudo a estrutura de oportunidade. “Temos que discutir a redistribuição desta riqueza. A situação de exclusão pode levar a uma situação de violência frisou.
Referiu ainda que num país pobre como Moçambique, “em que uma parte da sua população se encontra numa situação de exclusão, porque não lhe é permitido ter acesso a certos recursos de sobrevivência, numa situação de vulnerabilidade, numa situação de conflito político-militar entre a Frelimo e a Renamo, podem existir grupos pequenos e bem organizados que queiram tirar vantagens desta situação, de modo a que, paulatinamente, possam resolver os seus problemas e alcançar os seus interesses que até podem ser interesses não correspondentes à nação de uma forma geral, mas a grupos particulares”. (Ramos Miguel)
Fonte: VOA – 23.01.2014
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