quarta-feira, julho 02, 2014

"Perante esta nova situação qual é a desculpa de Abdul Carimo e do Dr. Augusto Paulino para não actuarem proibindo a propaganda eleitoral, de ilegalidade escandalosa, que continua por todo o país?"

MARCO DO CORREIO, 

Por Machado da Graça

Justino, meu bom amigo

Como vai essa saúde? Do meu lado está tudo bem, felizmente.
Só que estou muito espantado e preocupado com o que está a acontecer por cá.
Lembras-te que, quando começou esta campa¬nha eleitoral galopante, e totalmente ilegal, a fa¬vor do candidato presidencial do partido Frelimo, algumas vozes se levantaram e foram pedir medi-das ao Presidente da CNE. O sheik Abdul Carimo escusou-se a tomar quaisquer medidas afirmando que, oficialmente, Filipe Nyusi não era candidato a coisa nenhuma, pois não tinha entrado na CNE nenhuma candidatura em nome dele.

Colocado perante a mesma questão, o Pro¬curador-geral da República deu a mesmíssima resposta.
Só que, neste momento, a situação legal mudou, na medida em que a candidatura de Nyusi à Pre¬sidência da República já deu entrada na Comissão Nacional de Eleições.
Perante esta nova situação qual é a desculpa de Abdul Carimo e do Dr. Augusto Paulino para não actuarem proibindo a propaganda eleitoral, de ilegalidade escandalosa, que continua por todo o país?
Nos órgãos de propaganda do sector público tudo o que Filipe Nyusi faz ou diz é notícia do maior destaque. Todos os dias e a todas as ho¬ras. O que significa uma ilegalidade acrescida, na medida em que a campanha é feita usando meios que são pertença do Estado.
E o meu espanto é não ouvir ninguém a protestar contra estas ilegalidades. É estar toda a gente num silêncio cúmplice com a ilegalidade.
Os dirigentes do partido Frelimo que, quando isso lhes convém, defendem que a lei é igual para todos e de cumprimento obrigatório por todos, espezinham agora essa lei sem qualquer problema ou pudor.
Como escreveu George Orwell, somos todos iguais mas há alguns que se julgam mais iguais do que os outros.
Um abraço para ti do
Machado da Graça


Fonte: CORREIO DA MANHÃ – 02.07.2014

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