segunda-feira, julho 02, 2012

M´sawise, antiga base da Frelimo, será cidade - promete Armando Guebuza

Transformar o posto administrativo de M´sawise, antiga base central da Frelimo, no distrito de Mavago, em grande cidade, constitui um dos desafios lançados pelo Presidente Armando Guebuza como forma de valorizar ainda mais os feitos dos nossos heróis e preservar a história de Moçambique.

M´sawise é  antiga base da Frelimo cujo respectivo comandante era o saudoso Presidente Samora Machel.
Depois da independência nacional, o local passou à categoria de posto administrativo. M´sawise dista 48 km da vila-sede do distrito de Mavago.
É este local que o Chefe de Estado pretende ver não só evoluir para uma cidade de referência, como também se preservar o seu historial, que foi determinante para a libertação do país.
Falando num comício popular que marcou a sua passagem por aquele ponto do território nacional, no âmbito da presidência aberta, Armando Guebuza apelou aos residentes para que caminhem pouco a pouco mas firmes, de modo a tornar M´sawise numa cidade. Contudo, segundo explicou, a evolução não pode ser feita com base em infra-estruturas de capim, mas sim de material convencional, ou seja, de tijolo queimado.
“Se nós apostarmos no tijolo queimado, faremos boas casas e a nossa vida vai melhorar. As casas actuais, feitas de capim e outro material nao convencional, deixam o seu interior numa total escuridão. Isso acontece também porque não têm janelas grandes. Neste tipo de construções é susceptível a contaminação por doenças pois, se uma pessoa doente tossir, não há como arejar a casa, porque é pequena e sem ventilação. Por isso, o desafio passa por construirmos casas de tijolo, o que impulsionará o desenvolvimento rápido deste local que está ligado à história de Moçambique. Vamos fazer de M´sawise uma grande cidade” – alertou Guebuza.
Explicando parte da história da região de M´sawise, o estadista moçambicano disse que este local desempenhou um papel importante quando a Frelimo tomou a decisão de lutar para tornar o país independente. Na ocasião, o movimento libertador fez deste local a sua base central.
“Aqui perderam-se vidas mas também se construíram vidas, incluindo a independência do nosso país. Se as árvores de M´sawise falassem, falariam do heroísmo dos moçambicanos na luta pela conquista da independência nacional. Mas há quem não concordou com esse feito e nos quis arrancar a independência. Novamente M´sawise foi determinante para defendermos o país e estamos aqui com atenções viradas para o combate à pobreza e criar o bem-estar dos moçambicanos. É por isso que construímos escolas, disponibilizamos água potável e resolvemos os problemas de saúde construindo mais hospitais, tudo para satisfazer ao nosso povo” – disse.
Na sua inteiração com a população, o Presidente da República sublinhou que o caminho para se acabar com a pobreza ainda é longo mas, segundo ele, o importante é que todos os moçambicanos estão juntos nesta luta.  
Guebuza recordou que durante o tempo colonial M´sawise tinha pouca gente. Segundo ele, as pessoas que existiam cabiam apenas numa sombra de mangueira onde se reuniam para tratar de assuntos do país.  
“Hoje, depois de conquistarmos a independência, e as pessoas se sentem livres, vejo que o número de pessoas aumentou. Isso quer dizer que M´sawise cresceu. Do mesmo modo que a população cresceu, temos de trabalhar para desenvolver esta região” – disse.

Engolido pela Reserva

NOVENTA e oito por cento do territorio do posto administrativo de M´sawise fazem parte da Reserva do Niassa, razão pela qual o conflito Homem/animal é uma constante. Aliás, de forma a afugentar ou abater os animais problemáticos, a população pede a alocação de uma arma de fogo. Ainda assim, no ano passado, usando meios alternativos, foram abatidos quatro animais problemáticos, na sua maioria porcos do mato.
Esta região, onde a base de sobrevivência da maioria é a agricultura, está a registar um nível de desenvolvimento acelerado. Espera pela chegada da energia eléctrica e, enquanto isso não acontece, os populares servem-se de painéis solares para produzir corrente, sobretudo para infra-estruturas públicas, contando-se escolas.
A região viu recentemente edificado o mercado e outras infra-estruturas que dão corpo ao seu crescimento. Possui 15 associações agro-pecuárias.
O escoamento de produtos é feito em camionetas, sendo o principal destino o vizinho distrito de Mecula e a sede do distrito de Mavago, apesar de as vias de acesso não oferecerem condições para o transporte da produção agrícola. Por estarem a enfrentar dificuldades de escoamento dos seus produtos, os moradores de M´sawise pediram a intervenção do Chefe de Estado para que se proporcionem vias de acesso à altura de facilitar a sua movimentação.  
Sabe-se ainda que está para breve a activação da antena da mcel, uma vez que já foi montada a respectiva estrutura física.

O abastecimento de água ainda constitui um problema. Os quatro furos existentes servem aos mais de quatro mil residentes, daí que pedem que o Governo proporcione mais fontanários. Para contornar esta situação, muitas famílias se servem de furos caseiros, ou seja, poços a céu aberto.
Dos pedidos formulados pelos populares ao PR consta ainda uma ambulância para transportar  doentes, sobretudo mulheres grávidas. Conforme explicaram, a falta deste meio faz com que os pacientes não tenham outro meio de transporte para fazer os 48 km de estrada até à vila-sede, de modo a serem assistidos no hospital local, que apresenta melhores condições.

Polícias denunciados por cobrar mercadoria

OS residentes tocaram também na problemática dos subsídios ao idoso e aos antigos combatentes, dizendo ser poucos, pelo que pedem o seu aumento. Para Armando Guebuza, embora reconheça que seja pouco, os residentes de M´sawise deviam-se contentar com o facto  de terem pouco, porque existem muitas regiões do país onde as pessoas ainda não recebem qualquer valor.
Contudo, prometeu estudar minuciosamente os casos, de igual modo que prometeu resolveu o problema de muitos automobilistas e residentes estarem a ser interpelados pela Polícia de Trânsito e da Guarda Fronteira, elementos que cobram valores monetários para os deixar passar a mercadoria adquirida em Lichinga ou nos países vizinhos.
Entretanto, nos cinco meses deste ano, o posto administrativo de M´sawise colectou em receitas próprias mais de cinco milhões de meticais provenientes de taxa de barracas, mercado e da indústria moageira.
No que respeita à prevenção e combate ao HIV/SIDA, foram aconselhadas 307 pessoas e testadas 297, das quais 13 por cento com HIV, contra 292 testadas em 2010 com oito positivos, com uma evolução na ordem de dois por cento e 63 por, respectivamente. Dois doentes estão em tratamento anti-retroviral.
Quanto à criminalidade, durante o ano findo foram reportados sete casos e apenas um de acidente de viação. Estão por detrás da criminalidade o consumo excessivo de álcool e estupefacientes, com destaque para a “soruma”, a condução sem obedecer às regras de básicas de trânsito.
O Governo do posto de M´sawise aponta como constrangimentos ao desenvolvimento a insuficiência de água potável, cuja cobertura é de 49 porcento, e intransitabilidade da via que liga o vizinho bairro de Mecula.
Já no que se refere aos desafios, apontam-se a reabilitação de fontes avariadas, difundir mensagens educativas de prevenção e combate ao HIV/SIDA. Ainda consta a sensibilização de mutuários de modo a procederem à devolução dos sete milhões de meticais. (Hélio Filimone)

Fonte: Jornal Notícias – 02.07.2012

Sem comentários: