segunda-feira, maio 12, 2014

Juízes indignados por se colocar em causa carácter de colega assassinado

Os juízes manifestaram-se hoje indignados por suspeitas em relação ao carácter do colega assassinado na semana passada, que estava a investigar casos de raptos e em cujo carro foi encontrada uma avultada soma de dinheiro.
Dinis Silica, magistrado de instrução criminal que tinha em mãos processos relacionados com a onda de raptos, foi mortalmente baleado por homens, que ainda estão a monte, no centro da capital moçambicana.
Logo após o homicídio, a polícia moçambicana afirmou ter encontrado na viatura do juiz mais de 60 mil dólares (mais de 43 mil euros) e mais de um milhão de meticais (cerca 23 mil euros), estando a investigar a origem do dinheiro.
Falando no velório da vítima, realizado no fim-de-semana, em Maputo, a presidente da Associação Moçambicana de Juízes, Vitalina Papadakis, manifestou indignação face a alegadas tentativas de "assassinato de carácter", numa alusão a sugestões de que o dinheiro encontrado no veículo do magistrado pode ter origem em actos de corrupção relacionados com os raptos.
"Estamos indignados com o facto de, além da violência física que levou à sua morte, estarmos a testemunhar a tentativas, em vão, daqueles que querem assassinar o seu carácter e a sua dignidade, bem como a função de juiz", afirmou Vitalina Papadakis, lendo o elogio fúnebre dos juízes moçambicanos.
Para a presidente da Associação Moçambicana dos Juízes, a violência psicológica causada por rumores sobre a conduta de Dinis Silica está a infligir maior dor à família do magistrado.
Segundo a imprensa moçambicana, Silica ordenou a prisão preventiva do empresário moçambicano Hanish Cantilal, por supostos indícios de envolvimento em raptos nas cidades de Maputo e da Matola, sul do país.
Dados do Governo moçambicano referem que mais de 40 pessoas foram raptadas nas cidades do país em 2013, incluindo cidadãos estrangeiros, entre os quais portugueses.
Apesar de nesses dados o Governo não referir o facto, a imprensa tem relatado que a maioria das vítimas tem sido libertada mediante o pagamento de avultadas somas de dinheiro de resgate.
Fonte: LUSA - 12.05.2014

Sem comentários: