Eleições presidenciais e legislativas
- “Há camaradas meus que lutam a todo momento para reconstruir o socialismo.
A única razão para continuarmos a viver é acreditarmos que é possível pelo
socialismo. Não sabemos que concretizaremos hoje, amanhã ou depois...” –
Marcelino dos Santos, confirmando a existência de alas ideológicas e
mostrando crença na implementação de um socialismo moderno
- “Temos um incomensurável número de gente pobre e muito pobre. Mas o
Estado não tem capacidade de resolver isto porque as políticas são
capitalistas” – idem
Marcelino dos Santos, militante de primeira linha do partido Frelimo
palestrou na manhã desta quarta-feira com estudantes da FLCS (Faculdade de
Letras e Ciências Sociais) da UEM (Universidade Eduardo Mondlane) cujo pivot do
debate foi: “O papel do Estado e da governação no
Moçambique de hoje: que perspectivas de mudança nas eleições de
2013-14”.
Em vários pontos da sua intervenção, Marcelino dos Santos não escondeu o
seu desalento e revolta em torno dos caminhos que o país está a tomar. De forma
particular apontou questões que tem a ver com políticas de desenvolvimento,
particularmente o lugar secundário para o qual o povo é relegado e os
mecanismos que estão a ser privilegiados na exploração dos recursos naturais.
Para defender e justificar as suas zangas com o rumo das políticas
nacionais de desenvolvimento,MarcelinodosSantosconvidou os estudantes a fazerem
um simples exercício de revisita as teses do 3º congresso da Frelimo, realizado
em 1977 que defendiam e mostravam claramente os caminhos e as estratégias que
deviam ser seguidas para assegurar o triunfo do socialismo. Aceita que os
momentos são outros, mas ainda sonha e acredita com um Estado socialista porque
“só o socialismo é capaz de sentir o povo e pelo povo”.
Por causa das zangas que tem, Marcelino dos Santos tem uma certeza: que em
2014 não sabe em quem vai votar, exactamente pelo facto de ainda não ter
indicações de quem está em altura de definir e implementar políticas
objectivas“pelo povo e para o povo”.
“Se me forem a perguntar a quem vou votar nas autárquicas, sem dúvida, irei
responder que votarei na Frelimo. Vocês dirão que votar na Frelimo estaria a
votar no capitalismo. Sim, mas não podemos apoiar expressões que não
conhecemos no concreto” – disse o antigo combatente e membro sénior da Frelimo.
Dizquenãosepodefazeraventurasmaiores e fora deste campo de acção porque
votar na Renamo estaria a votar no imperialismo e votando no MDM, estaria a
votar “numa coisa qualquer”.
Mais, acrescentou, também se deve votar na Frelimo por uma questão de
assegurar a paz.
Portanto, “tenho agora que preservar Guebuza porque também estamos a
preservar a paz”.
“Mas em 2014, temos que parar, olhar e reflectir sobre quem está em
condições de lutar pelo povo. É esta questão que temos que colocar em 2014 no
sentido de definir e decidirmos” – anotou Marcelino dos Santos.
Pensar diferente
Em discurso directo, Marcelino dos Santos disse que no seio da Frelimo há
tal como aconteceu no passado, o pensar diferente, resultado das nuances que
caracterizam o estado de espírito de cada militante e das suas ideias para
desenvolver o país.
Nesta lógica, acrescenta “há camaradas meus que lutam a todo momento para
reconstruir o socialismo. A única razão para continuarmos a viver é
acreditarmos que é possível reconstruir o socialismo. Não sabemos se
concretizaremos hoje, amanhã ou depois...”
De alguma forma, este discurso vem confirmar as suspeições em torno da
luta de alas no seio da Frelimo para a definição dos modelos de governação para
o país, particularmente a postura e o lugar dos governantes diante dos
governados.
É que há um entendimento público de que os governantes da actual Frelimo
estão a tornar-se autênticos predadores das riquezas nacionais que tem como
resultado a acumulação incessante e desmedida da riqueza ilícita, ante uma
população
Cada vez mais pobre. Aliás,esta realidade é espelhada em vários relatórios
nacionais e internacionais.
Questionado se nas actuais condições haveria algum espaço para a
implementação do socialismo, dos Santos aceitou que os tempos são outros e não
podem ser comparados com a realidade que se observava na década 70. Entretanto,
entende que a paixão e a convicção de que o povo é dono do seu destino, pode
criar condições para a implementação daquilo que se poderia chamar socialismo
moderno.
Fonte:
Mediafax - 11.04.2013
2 comentários:
Nguiliche
Ficou ultrapassado com o tempo. O sistema politico em Moçambique não é capitalista, é feudocapitalista.
Exactamente isso caro Nguiliche
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