domingo, abril 07, 2013

Por uma catarse histórica…

Por Livre Pensador

Houve um tempo em que nos iludimos com promessas de nunca mais haver Guerra em Moçambique. E se calhar, por isso, esquecemo-nos de fazer a nossa catarse da história violenta que formalmente pensámos ter encerrado em 4 de Outubro de 1992.

Mas depois, acomodámo-nos às novidades do mundo global. Descobrimos a terceirização. E passámos aos consultores, políticos e pseudo-patriotas a responsabilidade de pacificar a sociedade e levar o país a um novo rumo.


Acomodámo-nos à ideia de ver jovens de 20 e poucos anos, a insultar a história violenta que penámos para acabar há cerca de 22 anos. E nem sequer nos insurgimos contra o facto das faculdades de História se terem tornado em linhas de montagem da OJM. E os que nela são “barrados” de entrar pela exclusão partidária, formam-se nas emotividade do dia-a-dia e das lendas do que ouviram dizer. Por isso, nem sequer nos espantámos quando um triste PHD que por aqui passou, publicou no exterior que uns partidecos locais denominados PIMO, PT e outros, eram substitutos à altura de uma das partes signatárias dos Acordos de Roma.

Habituámo-nos a ser politicamente correctos com as directrizes do poder. E avessos à auto-crítica. Quando nos deparámos com eles, partimos para a ostracização social. Vimos a ascensão da famosa geração “Verão Amarelo” e nem sequer nos importámos de chamá-la da “Viragem” quando o líder estupidamente orientou. Vimos alguns “jovens e talentosos” deputados de um partido hegemónico, nas palavras de um historiador, a humilharem publicamente com canções revolucionárias do tempo do partido única, a sua colega deputada, da mesma comissão de trabalho na AR. Vimo a nossa comunicação social a transformar-se numa agência de fretes & suzettes, onde dificilmente se distinguem o jornalismo e a consultoria mediática para políticos, narco-traficantes, assassinos ou simples carteiristas engravatados do erário público. Vemos aclamados representantes das nossas academias a serem chamados de racistas por criticarem este estado de coisas.

Responsabilizo pois, três classes de moçambicanos, pelo estado de frission de guerre que se vive agora em Moçambique. Os historiadores, porque permitiram que a sua ciência se transformasse em consultoria política. Os escritores e poetas moçambicanos, porque se permitiram isolar-se da sociedade, deixando-a à deriva e ao sabor dos agricultores do social. E logicamente, os políticos, por nunca terem feito o mínimo esforço de haver uma Comissão da Verdade e Reconciliação, onde estes jovens de 20 e pouco anos, que estão na vanguarda dos insultadores e ciberpistoleiros de plantão no Facebook; das brigadas de choque que combatem qualquer oposição ao grande líder apedrejando e queimando bens, ideias ou membros da oposição; ou até, que promovem uma Santa Vehme de bufaria na Função Pública ou no sector privado, destruindo os pilares de um Estado soberano.

Eles não têm culpa por serem tão ignorantes quanto ao seu próprio país!!!

As únicas aulas de história que tiveram foram-lhes leccionadas nas salas de aula da Escola do Partido ou então nos seminários da OJM ou de outras juventudes partidária. Foi fácil isto acontecer, porque somos uma sociedade fundada na “tradição oral”. Ou seja, são os nossos hábitos ancestrais. É o nosso “berço” ideológico. A Falação. Portanto, toda a verdade deles se circunscreve a isso. Eis porque acho que agora é o momento da “velha guarda” como eu, que fez e viveu os acontecimentos que culminaram com o 4 de Outubro de 1992 se perfilarem e começarem a fazer depoimentos sobre o que passaram naqueles conturbados tempos.

Não importa a ideologia, não importa a filiação partidária. Esta juventude instrumentalizada por oito anos de guebuzismo necessita do nosso tratamento urgente!

Ela deve saber o que irá ter de enfrentar, como nós, quando as coisas se descontrolarem na totalidade. Eles é que serão carne para canhão. A eles devemos isso, como testemunhas oculares da nossa guerra civil. Façamos pois, um Movimento Expontâneo de testemunhos pessoais sobre a guerra civil em Moçambique. E que a media então, seja, pelo menos desta vez, patriótica.

Queriam uma ideia sólida? Aqui a têm. Um movimento expontâneo de cartase histórica feita por aqueles que viveram à sua maneira a guerra civil em Moçambique.

E mais não disse.

Exmos Srs. Ernst Habermas Elisio Macamo António Francisco Antonio A. S. KawariaAntónio Botelho de Melo Carlos Nuno Castel-Branco e outros honrados cidadaos que por aqui passam. Espero que se juntem a esta simples ideia...

Fonte: Aqui e aqui (facebook)

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