O conhecimento sobre a prevenção do HIV aumenta com o nível de escolaridade.
Entretanto, as pessoas continuam a ter parceiros múltiplos e poucos usam o preservativo nas relações sexuais.
Estas são as constatações do Inquérito Demográfico e de Saúde (IDS) 2011, cujo relatório preliminar foi divulgado hoje, em Maputo. Trata-se de um documento produzido pelo Instituto Nacional de Estatísticas (INE), em parceria com o Ministério da Saúde (MISAU), com financiamento da Agência Norte-americana para o Desenvolvimento Internacional (USAID) e apoio técnico da Macro Internacional.
De salientar que os indivíduos que mantêm relações sexuais com parceiros múltiplos estão mais expostos à infecção de HIV.
O Inquérito refere que os homens tendem a reportar o maior número de parceiras sexuais. Os que têm mais parceiras são os que sofreram uma dissolução marital por viuvez, separação ou divórcio, seguido dos homens em união marital e os que nunca se casaram.
Numa distribuição por províncias, os dados mostram que dos inquiridos, os homens da província de Cabo Delgado são os que apresentam maior número de parceiras múltiplas, seguido de Niassa.
Quanto as mulheres, a proporção das que apresentam múltiplos parceiros sexuais baixa ligeiramente com a idade, sendo mais alta entre o grupo de 25-29 e 15-19 anos, e mais baixa entre 30-39 e 40-49 anos.
A proporção das que reportam ter parceiros múltiplos é menor entre as mulheres em união conjugal e maior entre as solteiras e ainda maior entre as que sofreram uma dissolução marital por viuvez, separação ou divórcio.
A tendência das mulheres terem parceiros múltiplos é muito maior nas zonas urbanas e aumenta com o nível de instrução.
Enquanto relativamente aos homens, o inquérito sublinha que o nível de instrução ou tipo de residência não influencia o comportamento destes quanto ao número de parceiras sexuais.
O inquérito aborda, igualmente, a questão da fecundidade, contracepção, mortalidade infanto-juvenil, saúde materno-infantil, tratamento de doenças infecciosas, amamentação e nutrição, indicadores da malária. O estudo traz, pela primeira, a questão da violência doméstica.
O inquérito foi realizado no campo entre Abril e Novembro de 2011, na base duma amostra representativa nacional, provincial e por área de residência (rural e urbana).
O mesmo previa entrevistar 13,964 agregados familiares, destes foram encontrados 13,951 e dos quais 13.919 foram entrevistados, correspondendo a uma taxa de resposta de 99.8 por cento.
De salientar que este é o terceiro IDS, sendo que o primeiro foi realizado em 1997 e o segundo em 2003. O mesmo faz parte do programa mundial de Inquéritos Demográficos e de Saúde.
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2 comentários:
Numa sociedade tradicional, onde o sexo continua a ser um tabu, qualquer resposta dada tanto pelo homem como pela mulher, deveria ser tratada com muita suspeicao. Por regra cultural, estes jovens mesmo que homosexuais, vao responder que possuem muitas namoradas, mas em contrario, a expectativa e de que a mulher mesmo com gravides a vista vai dizer que nunca fez sexo. Dados ligados com sexo, consumo de drogas, alcool, votacao, nao me parecem fiaveis nesta sociedade. Mas, se numa escola secundaria da America onde esses inqueritos foram desenvolvidos, o pesquisador entrar numa sala e perguntar quem consumiu marijuana no dia anterior, metade da turma vai levantar o braco. Que resultado se obtem quando a mesma pergunta e feita aos alunos da Manyanga?
Exactamente, em sondagens é preciso contar com questões culturais. Após as eleicões de 2004 fez-se inquérito, mas apesar de peso de abstencão, quase que todos inqueridos afirmavam em ter votado e no partido no poder... Com certeza, é preciso saber o que significa ter muitas parceiras para os nossos homens. Portanto, nem que não tenham uma só, um homem é capaz de dizer que tem muitas namoradas, apenas porque quer ser como outros. Contrariamente, muitas das nossas mulheres querem parecer sempre virgens. O ponto negativo nisto é elas não querem ser desconfiadas que sofrem de DTS e podem não exigir preservativos, isto sobretudo as do campo ou com baixo nível académico. As instruidas têm muito para justificar quando exigem do parceiro a aplicacão de camisinha, por exemplo para evitar gravidez.
Mas também a não ser que se advoga ABSTENÊNCIA, este relatório, não indica que os mocambicanos não assumem o risco pois, devia-se questionar o uso de preservativos. No ano passado fiquei surpreendido em Nacala-Porto, quando num grupo três meninas com uniforme escolar e vinham da escola com certeza, uma delas comprou camisinhas. Para mim, aquilo é prova de que os jovens estão cada vez mais assumindo a responsabilidade.
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