O Ministério da Educação veio a público ontem explicar que não tem nenhuma responsabilidade para com os estudantes bolseiros que se encontram no Sudão, uma vez que os jovens cidadãos moçambicanos foram enviados para aquele país por organizações islâmicas para perseguir objectivos de foro religioso.
Neste processo, segundo um comunicado do Instituto de Bolsa de Estudo do MINED citado pelo matutino Notícias, não houve, em nenhum momento, o envolvimento e muito menos o conhecimento do Ministério da Educação.
O IBE esclarece ainda que, em nenhum momento, durante a sua intervenção no Parlamento, o ministro Zeferino Martins chegou a se referir sobre um eventual regresso de estudantes bolseiros do Sudão mas sim, dos que lideraram a greve dos estudantes na Argélia. Reagindo aos últimos pronunciamentos dos próprios estudantes e da sociedade civil, segundo o qual um grupo de estudantes bolseiros no Sudão perdeu direito a bolsas de estudo e que, em consequência disso, serão recambiados, e que na mesma informação a sociedade civil indica que os mesmos estudantes foram deixados à sua sorte, onde o MINED não está a responsabilizar-se por eles, o IBE esclarece que o grupo “possui vínculo com organizações religiosas islâmicas e não foram obrigados pelo Governo a estudar no Sudão”.
“Os estudantes no Sudão não fazem parte do contingente de bolseiros moçambicanos sob a responsabilidade do Governo” – aponta o documento.
O IBE explica que recebeu uma comunicação de um cidadão moçambicano no Sudão, clamando por um apoio financeiro para ele e mais colegas a estudarem. Como a instituição desconhecesse a existência deste grupo naquele país, solicitou que o mesmo enviasse com urgência as suas preocupações e fornecesse uma lista nominal dos abrangidos e indicando possíveis nomes dos responsáveis pelo envio do grupo, para o estabelecimento dos contactos correspondentes.
“Foi nesta esteira que o MINED conseguiu contactar o representante da organização islâmica responsável pelo recrutamento de cidadãos moçambicanos para Sudão. Estamos a falar do senhor Tayob que se dignou a dar esclarecimentos. O programa em apreço data desde a década 80, quando o primeiro grupo de jovens cidadãos moçambicanos beneficiou de bolsas para estudos religiosos, concedidas pelo Instituto Islâmico Africano, sediada em Cartum, e financiadas pela Africa Muslim Agency, com apoio dos países árabes. Na altura, estes grupos gozavam de melhores condições de vida e de estudo, com direito a férias em Moçambique em cada dois anos e beneficiando de um subsídio mensal de 25 libras sudanesas, entre outras regalias. A partir de 1999, depois da Guerra do Golfo, a assistência aos bolseiros religiosos sofreu revezes, quando os países árabes deixaram de apoiar o Governo de Sudão” – indica o IBE.
Mais adiante, de acordo com a instituição, o cidadão admitido a bolsa de estudo assina um termo de compromisso com a organização islâmica no qual constam linhas gerais das regras e normas a ser seguidas na universidade sudanesa, dentre elas a responsabilidade individual de bilhete de passagem de ida e volta, o valor individual de 300 dólares que cada estudante deve possuir e levar consigo em mão.
“Actualmente, encontra-se no Sudão, um grupo de 45 cidadão moçambicanos a estudar e nem todos foram através da organização islâmica, visto que outros seguiram por meios próprios a partir de conhecimentos da existência desta universidade. Alguns não vivem no campus universitário, uns já são casados entre moçambicanos e outros com parceiros de outras nacionalidades. Estes estudantes têm recebido apoio simbólico de uma organização denominada Sautl Islam que envia valor monetário para sufragar necessidades primárias” – esclarece o MINED.
Fonte: Rádio Mocambique - 26.05.2012
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