domingo, maio 20, 2012

Crime macabro em Inhambane: Mandou executar o marido para ficar com a “fortuna”


Joaquina Niquice (esq.) e L. Guiamba
Joaquina Niquice (esq.) e L. Guiamba

O colectivo de juízes da Primeira Secção do Tribunal Judicial da Província de Inhambane condenou, na semana passada, três réus a penas máximas de 30 anos cada um, depois que no processo de julgamento ficou provado o seu envolvimento no assassinato de António Menete Canda e Serafina Alberto Guambe.


Ainda no mesmo julgamento, outros dois co-réus do mesmo processo foram condenados a 24 anos de prisão maior devido ao seu envolvimento no macabro crime.

Os primeiros três condenados e declarados pelo Tribunal de delinquentes por tendência, são Joaquina Samuel Niquice, por sinal esposa do assassinado, Laurinda Guiamba e Moisés António Vilanculos, nomeadamente esposa e marido, todos residentes no bairro Josina Machel, na cidade de Inhambane.
António Menete Canda, ou simplesmente Tio Toni, como era carinhosamente o malogrado era tratado no seu bairro residencial, na zona da praia de Tofo, onde era um pequeno e próspero agente económico local, foi assassinado por estrangulamento no seu quarto em Junho do ano passado por um grupo de indivíduos contratados para o efeito pela sua esposa, Joaquina Samuel Niquice. Ao mandar acabar com a vida do seu marido, conforme ficou provado em sede do julgamento, Joaquina pretendia ser a única herdeira dos bens do casal, fruto do negócio que os dois vinham desenvolvendo, uma vez que não tinham filhos
Mas antes do cometimento deste crime, que ficou apelidado na zona de “huahua ya Babalaza” e que agitou o bairro Josina Machel, Joaquina Samuel Niquice, sob o conselho da sua melhor amiga, Laurinda Guiamba, cometera um mês antes (Maio) um outro crime, que pôs termo à vida da Serafina Alberto Guambe que, na altura, era amante de António Menete.
A juíza da causa, Ercília Assis, disse durante a leitura da sentença que, no mês de Maio, um mês antes do assassinato de António Menete, Joaquina Niquice contactou o mesmo grupo que acabou com a vida do seu marido.
Moisés Vilanculos
Moisés Vilanculos

Antes mandou matar a rival


O grupo dos assassínios contactado para matar Serafina Alberto Guambe, de 26 anos de idade, é constituído por Moisés Vilanculos, por sinal marido da melhor amiga de Joaquina Samuel Niquice, Fernando David e Isac Ngove, estes sobrinhos da Laurinda Guiamba. Estes, depois de executarem o crime, enrolaram o corpo da malograda em capulanas e introduziram-na numa vala.
Mas antes, os mandantes do crime tiveram que amputar as penas e os braços da vítima para caber na vala onde foi introduzida na posição vertical, porque era de pequena profundidade. Serafina foi enterrada no interior de uma casa desabitada no bairro Chalambe-1 arredores da capital provincial de Inhambane.
No entanto, a morte da Serafina Alberto Guambe foi despoletada durante a investigação da morte de António Menete Canda, pois, até àquela altura não havia informação do desaparecimento na zona da amante daquele comerciante do chamado Mercado Babalaza, localizado no entroncamento das estradas que vão às praias de Tofo e Barra, no caso Serafina Guambe. Depois de um intenso trabalho de investigação, a mandante deste segundo crime confessou que também mandara matar a sua rival antes de mandar executar o seu marido.
Joaquina Niquice indicou o local do crime bem como onde foi enterrado o corpo da Serafina que, entretanto, os familiares da vítima foram exumá-lo para um funeral condigno realizado algures no bairro Josina Machel. O corpo da Serafina havia sido metido numa cova de uma latrina e na posição vertical com as pernas e braços amputados.
A acusação do Ministério Público, representada pelo Procurador Arone Nhaca, indica que no período em que ocorreu o assassinato da Serafina Alberto Guambe, rival da Joaquina Niquice, as relações desta e seu marido, António Menete, eram azedas, pois, o finado acusava a sua esposa de desviar os resultados do negócio que os dois faziam numa banca construída no bairro.
Foi na sequência destas contradições que Laurinda Guiamba, que já tinha aconselhado a sua amiga, Joaquina Samuel Niquice, mandar matar a sua rival, Serafina, engendrou mais uma acção macabra desta feita para acabar com a vida do marido da sua amiga para que a Joaquina ficasse com tudo, pois, o casal não tinha filhos.
Consumado o assassinato do então pequeno agente económico da região da Josina Machel na noite do dia 7 de Junho, na manhã do dia seguinte, Joaquina Niquice, limpou o local onde o corpo do seu marido foi enterrado. No entanto, duas semanas depois solicitou os assassínios para transferir o corpo para uma machamba onde, no dia seguinte, viria plantar estacas de mandioca, na tentativa de desviar as atenções dos vizinhos e familiares que já manifestavam sua preocupação pela prolongada ausência de um dos melhores negociantes da zona.
Perante as insistências dos amigos, familiares e estruturas do bairro, Joaquina Niquice acabou revelando o crime por si praticado. Laurinda Guiamba e seu marido, Moisés António Vilanculos receberam pela execução de António Menete, um congelador e um valor monetário não especificado e os sobrinhos Fernando David e Isac Ngove receberam das mãos da Joaquina Niquice, quinhentos meticais cada um pelo trabalho que tinham realizado, de assassinar o seu tio António Menete.
Para além da condenação a 30 anos de prisão maior, aquele trio de réus vai ainda pagar 30 mil meticais cada um, aos familiares de cada uma das vítimas, 700 meticais de emolumentos de imposto de Justiça, 500 meticais ao defensor oficioso.
No mesmo processo, com número 59/11, foram condenados a 24 anos de prisão maior, os co-réus, Fernando David e Isac Ngove e a uma indemnização de 25 mil meticais cada aos familiares de cada uma das vítimas, 700 meticais de emolumentos do imposto de Justiça e 500 ao defensor oficioso. Ussene Cassula, pronunciado no processo em causa, foi absolvido e pendem ainda mandatos de captura contra a foragida Dulce Canda, arguida no processo em alusão.
Joaquina Niquice
Joaquina Niquice

Revelação de outros crimes


Por outro lado, segundo soubemos, Joaquina Niquice, antes da sua condenação na última quarta-feira, e talvez consciente de que era irreversível, começou a confessar outros crimes por si praticados antes do assassinato do seu marido e rival. Dados em nosso poder indicam que entre vários crimes, alguns dos quais alegadamente com a participação do seu falecido marido, segunda ela, a serem revelados, podem obrigar as autoridades judiciárias a abrir um outro processo autónomo.
Na opinião desta reclusa, o caso da morte do seu marido, pode ser consequência de algumas atrocidades que vinha praticando, incluindo a morte por encomenda aos curandeiros, de algumas figuras públicas da praça.
Entretanto, este crime hediondo inspirou o músico, Mr. Dallas, residente em Conguiana, bairro vizinho do Mercado Babalaza a fazer uma música em gitonga, com título “Huahua ya Babalaza” (Grito de Babalaza).
Mr. Dallas, jovem músico que acabou confirmando a sua popularidade na arena musical na cidade e província de Inhambane, na sua segunda música, deplora a atitude da Joaquina Niquice que não teve dó nem piedade em mandar matar o seu próprio marido.
Após a condenação do grupo dos assassinos-confessos, “Huahua ya Babalaza”, era a música que se ouvia em quase todas as viaturas que circulavam na cidade naquele dia, como sinal inequívoco de que a justiça foi feita.

  • Victorino Xavier
Fonte: Notícias - 19.05.2012

2 comentários:

Ximbitane disse...

Parece coisa de cinema!

witness carlos paulo disse...

Que coisas sem nome. Em outros países merecia pena de morte ou perpetua