O número de africanos entre 15 e 24 anos vai
dobrar até 2045, segundo o "Panorama Econômico Africano", divulgado
pelo Banco de Desenvolvimento Africano, o Centro de Desenvolvimento da
Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico, a Comissão Econômica
da Organização das Nações Unidas para a África e o Programa de Desenvolvimento
da ONU. Neste momento, até as principais economias africanas mostram poucos
sinais de que estão preparadas para gerar empregos para essa juventude, disse o
relatório.
Segundo a Organização Internacional do
Trabalho, o desemprego em muitos países africanos chega a 20%. Na África do
Sul, a maior economia do continente, o desemprego é de 25,2%. E é ainda pior
para os jovens — 60% da população economicamente activa e desempregada de
África tem menos de 24 anos.
"O continente está a viver um crescimento
sem geração de emprego", disse o economista-chefe do Banco de
Desenvolvimento Africano, Mthuli Ncube, num comunicado divulgado juntamente com
o relatório. "É uma realidade inaceitável num continente com uma oferta
tão impressionante de jovens talentosos e criativos."
O relatório prevê que a economia de África vai
crescer 4,5% este ano e 4,8% em 2013. Mas boa parte desse crescimento será em
países ricos em commodities, que têm assistido a um boom na exploração do
petróleo, como Nigéria e Guiné Equatorial, ou em carvão e jazidas de gás
natural, como Moçambique. Os resultados ainda não se traduziram numa melhoria
geral do padrão de vida para a população jovem em franca expansão, o que ameaça
a coesão social e a estabilidade política em países que não estão a solucionar
os seus problemas de desemprego, disse o relatório.
Para corrigir a situação, o relatório recomenda
que esses países incentivem o crescimento veloz do sector privado, especialmente
na economia informal e em empregos agrícolas, que ainda dominam muitos países
de África.
Melhorar a educação também é crucial, disse o
relatório, bem como a expansão dos sectores industriais e de serviços para
libertar esses países da receita insustentável proveniente das exportações de
commodities.
"A diversificação das exportações além das
matérias-primas e o desenvolvimento do sector privado são importantes para
mitigar a suscetibilidade do continente a choques externos, mas isso leva
tempo", disse Emmanuel Nnadozie, director de desenvolvimento econômico da
Uneca, como a Comissão Econômica da ONU é conhecida.
Há indícios de que a África já está a
diversificar-se mais, com os sectores de telecomunicações, comércio e serviços
a apresentar forte crescimento a partir de uma base extremamente pequena, disse
o relatório.
Fonte: Rádio Moçambique – 30.05.2012
Sem comentários:
Enviar um comentário