Os directores e demais gestores das escolas básicas em Moçambique devem ser nomeados por competência para assegurarem melhor prestação de serviços de educação no país.
Está é uma das recomendações saídas de um estudo de avaliação da qualidade dos serviços de educação em Moçambique, realizado em três províncias do país, pelo Centro de Aprendizagem e Capacitação da Sociedade Civil, em parceria com o Movimento de Educação para Todos (MEPT).
De acordo com Manuel Lobo, consultor da pesquisa, os beneficiários dos serviços de educação, nomeadamente: alunos, pais e encarregados de educação, líderes comunitários e outros, consideram que os serviços de educação são deficitários.
Parte-se do princípio de que melhorando os serviços de educação é possível melhorar qualidade de ensino/educação no país.
Os mesmos consideram que o Governo e os gestores das escolas são os responsáveis por esta situação, sobretudo pelo facto de director de escola ser um cargo de confiança política.
“As pessoas sentem que a qualidade dos serviços de educação não é a desejada. Os serviços são deficitários e os responsáveis para os entrevistados para esta pesquisa é o governo e os gestores das escolas e recomendam que o director de escola seja nomeado por competência para uma melhor prestação”, referiu.
O estudo concluiu que a falta de cumprimento do regulamento das escolas do ensino básico é um dos grandes problemas para a má prestação dos serviços de educação, por isso a gestão das escolas não é a recomendável.
A gestão das escolas é muito centralizada nas autoridades escolares, havendo pouca participação da comunidade.
Segundo o estudo, as autoridades escolares aproximam-se da comunidade exclusivamente quando querem algum tipo de apoio e há pouca prestação de contas, mesmo sobre a contribuição da comunidade
No que refere ao ambiente, registam-se casos de violência entre alunos e de professores para alunos, sendo mais grave quando há agressão física. Ainda há muitas escolas localizadas longe da casa dos alunos, apesar da expansão das infra-estruturas registada no país ao longo destes anos, o que constitui problema, no que refere a assiduidade.
Na prática pedagógica, regista-se falta de material didáctico para os alunos acompanharem as aulas. Os manuais são o único instrumento de trabalho, quando existem outros, como mapas, cartazes, livros de leitura, entre outros.
“Mesmo os manuais que existem não são suficientes e muitos estão em más condições de conservação. Não há produção complementar de material para o ensino como é recomendado ao currículo do ensino básico”, disse Lobo.
Os professores têm dificuldades de fazer o acompanhamento individualizado e personalizado do nível de aproveitamento dos alunos, devido ao facto de as turmas terem muitos alunos, chegando a atingir mais de 70 pessoas.
A avaliação do aluno circunscreve-se aos testes escritos, enquanto os trabalhos de casa e trabalhos na sala de aula não são avaliados.
Às más condições de trabalho dos professores acrescem-se a desmotivação por falta de progressão na carreira.
“As escolas carecem de professores e de pessoal administrativo. Há poucos professores com formação psíco-pedagógica e, ainda, carecem de preparação adequada para lidar com alunos que possuem alguma deficiência ou dificuldades de aprendizagem. Os demais funcionários também carecem de formação adequada para exercerem devidamente as suas actividades”, afirmou.
O país tem infra-estruturas escolares insuficientes e condicionadas para uma boa prática pedagógica, desde salas de aula, bibliotecas com algum material, casas de banho em condições, entre outras.
As salas de aula são insuficientes, havendo crianças que sentam no chão ou em bancos improvisados de pedra e/ou troncos de arvores, havendo até casos de alunos que trazem cadeiras de casa.
Os alunos fazem as suas necessidades ao ar livre, são obrigados a permanecer próximo de lixeiras por falta de pessoal para fazer limpeza na escola ou porque a escola se localiza próximo de um mercado ou depósito de lixo.
“Muitas destas situações podem ser resolvidas ao nível da própria escola”. frisou o consultor.
Face a esta situação, recomenda-se o acompanhamento da aplicação do regulamento geral das Escolas do Ensino Básico.
A pesquisa foi realizada em Gaza, Zambézia e Cabo Delgado, envolvendo 536 pessoas, um número não representativo, mas significativo para avaliar a situação do país, segundo os autores da iniciativa.
(AIM)
FTA/DT
Fonte: >Agência de Informação de Moçambique - 11.08.2011
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Reflectindo: Algo que temos debatido aqui, mas que certos compatriotas fingem não ser problema.
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