A PARTIR do próximo ano lectivo o aluno do Ensino Primário que não revelar competências de leitura e escrita chumba de classe, numa medida que corrige o que está em vigor, em que praticamente todos, mesmo denotando fraquezas na aprendizagem, progridem de ciclo.
Tal informação foi revelada ontem no Lichinga, província do Niassa, pelo Ministro da Educação, Zeferino Martins, na abertura do Conselho Coordenador do sector. Na mesma ocasião, explicou que a medida visa garantir qualidade do Ensino Primário, daí que para o ano será introduzido o sistema de avaliação da competência de leitura e escrita, em que só os que se revelarem capazes transitarão de ciclo.
Neste momento, segundo sublinhou, ultimam-se os indicadores de qualidade que irão servir de base de avaliação das competências de leitura e escrita que o aluno deverá alcançar nos três ciclos do Ensino Primário, designadamente primeiro (1ª e 2ª classes), segundo (3ª à 5ª classe) e terceiro (6ª e 7ª classes).
Assim, todos os alunos que não conseguirem alcançar os indicadores a serem estabelecidos até final deste ano serão retidos nas classes terminais de cada ciclo (2ª, 5ª e 7ª classes) de modo a repetir o ciclo e só transitarão quando registarem melhorias.
A definição de indicadores visa suprir a actual lacuna no sistema de avaliação, no qual o professor praticamente não tem tido balizas consistentes para determinar se o aluno está ou não apto em termos de captação da matéria para progredir. Deste modo, o Instituto Nacional de Desenvolvimento da Educação irá apresentar até ao final do ano em curso componentes de avaliação a serem tidas em conta na apreciação que o docente deverá passar a fazer aos seus alunos em cada ciclo de aprendizagem.
Zeferino Martins apontou que para elevar os níveis de conhecimento dos alunos e de modo a familiarizarem-se cada vez mais com o ensino e com as novas tecnologias a Educação vai apostar na implementação do programa “um computador por criança”, que já decorre em quatro províncias. Ao todo já foram distribuídos três mil computadores aos alunos da 1ª à 5ª classe.
“Do mesmo modo, será revisto o currículo de formação de professores, com primazia para a introdução de um novo paradigma de formação baseado em competências profissionais para o ensino, e com a duração de três anos. A gestão escolar afigura-se prioritária, por isso investiremos na capacitação dos gestores escolares baseado no princípio de responsabilidade e prestação de contas. Por outro lado, com vista a cumprir o direito de a criança ser educada na língua que domina, iremos fortalecer a educação bilingue, bem como estamos a trabalhar na elaboração da estratégia de desenvolvimento do ensino pré-escolar com vista a reintrodução do Ensino Pré-Primário” – disse.
Para o governante, o MINED assume, perante a sociedade e o mundo, o compromisso de oferecer uma educação de qualidade às crianças, jovens e adultos, na perspectiva de muni-los de instrumentos que desenvolvam as suas capacidades no saber, saber-fazer, saber-estar e saber-ler, de modo a intervir no processo de desenvolvimento do país com os conhecimentos e habilidades requeridos.
O titular da pasta da Educação sublinhou que o sector tem que continuar a fazer de tudo para que as escolas se tornem verdadeiros centros de formação de jovens flexíveis, capazes de se adaptar a um mundo em constantes mudanças, tornando-se num baluarte na luta contra a violência e o abuso sexual de crianças e jovens.
“O momento impele-nos a assumir novas posturas, novas atitudes para honrarmos o nosso compromisso, o de fazer da educação, tal como nos é exigido, o instrumento primordial no combate à pobreza, à ignorância, ao obscurantismo e ao subdesenvolvimento” – disse.
Fonte: Jornal Notícias - 18.08.2011
Reflectindo: Quanto à gestão escolar o Ministro falou de responsabilidade e prestação de contas, mas não de competência. Enquanto continuar a existência de "comissões directivas" como gestoras escolares, continuaremos com problemas sérios na Educação.
2 comentários:
Essa agora? Voltamos aos chumbos e qual é o argumento? Qualidade de ensino, competências e blá, blá... Alguém se lembra qual era o argumento para as famosas "passagens automáticas"????
Nelson, aqui não se explicou nada. Vamos esperar?
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