A lista de puxa-sacos vai ficando longa
Por Edwin Hounnou
No programa da Rádio Moçambique, “Esta Semana Aconteceu”, de 22 de Agosto, em que pontificavam como comentadores o jornalista Gustavo Mavie, director da Agência de Informação de Moçambique, e o jurista Carlos Jeque, funcionário do Banco de Moçambique. O tema em discussão era se tem ou não razão os que dizem que, no Estado, a indicação para cargos de chefia obedece a critérios políticos, portanto, discriminatória.
Disseram que não, enquanto a nomeação se baseia na militância partidária e não em função da capacidade técnico-científica. Há pessoas sem qualidades técnico-científicas ocupando altos postos de direcção pelo facto da sua militância no partido governamental. Conhecem-se técnicos bem qualificados, mas, a vegetar por não puxarem pela Frelimo.
Mavie e Jeque defendem práticas injustas da Frelimo. Sabiam que estavam a mentir. Durante todo o tempo, foram incapazes de indicar um único exemplo de alguém nomeado para cargo de chefia que não fosse do partido no poder ou que por ele não nutra simpatias com a Frelimo. Falaram que os que dizem haver discriminação se deve ao facto de eles pretenderem tais cargos para satisfazer seus apetites.
Mavie chamou de penosa missão de ser chefe. Se fosse penoso, os oito directores da Agricultura, destituídos por Erasmo Muhate, não teriam feito corredores para sua recondução. Em nome da verdade, peço para não intoxicarem a opinião pública. Negar que o Aparelho do Estado esteja partidarizado é uma desonestidade intelectual. Já se pensa que Jeque esteja ao serviço da Frelimo.
Os escalões de responsabilidade, no Estado, são ocupados por pessoas que professam, ou obrigadas seguir, a mesma ideologia política. Até para secretário de bairro, é requisito essencial ser membro da Frelimo. É raro no mundo em que um Estado de Direito e Democrático seja dominado por um partido. Em Moçambique, a lei é Frelimo. L’Etat c’est moi – o Estado sou eu, dizia Luís XIV, rei da França, que acabou na guilhotina.
No reinado de Joaquim Chissano, houve dois casos de indivíduos chamados para cargos de responsabilidades. Francisco Songane, um profissional competente, sem filiação partidária, para ministro da Saúde, e Benjamim Pequenino, renamista assumido, para PCA dos Correios de Moçambique. Esta experiência terminou com a ascensão de Armando Guebuza ao poder. Os Correios de Moçambique chegaram a níveis recordes de organização e funcionalidade, mas, foi jogado fora por não ser da Frelimo.
Em entrevista ao MAGAZINE, Jeque disse que os partidos da oposição são tribalistas e só a Frelimo é nacionalista. Não questionou o facto de, na história do partido Frelimo, os quatro líderes serem todos da região Sul e da mesma etnia. No Aparelho do Estado, todos professam a mesma ideologia política. Isso é anormal. Mentir é uma coisa feia. O Dr. Domingos Arouca acabou se desentendendo com o seu secretário geral, Jeque e ficou afundada a FUMO/ PSD. Assim, acabou o sonho do velho Arouca.
( Edwin Houinnou, Tribuna Fax, 26/08/09 )
Este artigo foi publicado também no debates e devaneios
No programa da Rádio Moçambique, “Esta Semana Aconteceu”, de 22 de Agosto, em que pontificavam como comentadores o jornalista Gustavo Mavie, director da Agência de Informação de Moçambique, e o jurista Carlos Jeque, funcionário do Banco de Moçambique. O tema em discussão era se tem ou não razão os que dizem que, no Estado, a indicação para cargos de chefia obedece a critérios políticos, portanto, discriminatória.
Disseram que não, enquanto a nomeação se baseia na militância partidária e não em função da capacidade técnico-científica. Há pessoas sem qualidades técnico-científicas ocupando altos postos de direcção pelo facto da sua militância no partido governamental. Conhecem-se técnicos bem qualificados, mas, a vegetar por não puxarem pela Frelimo.
Mavie e Jeque defendem práticas injustas da Frelimo. Sabiam que estavam a mentir. Durante todo o tempo, foram incapazes de indicar um único exemplo de alguém nomeado para cargo de chefia que não fosse do partido no poder ou que por ele não nutra simpatias com a Frelimo. Falaram que os que dizem haver discriminação se deve ao facto de eles pretenderem tais cargos para satisfazer seus apetites.
Mavie chamou de penosa missão de ser chefe. Se fosse penoso, os oito directores da Agricultura, destituídos por Erasmo Muhate, não teriam feito corredores para sua recondução. Em nome da verdade, peço para não intoxicarem a opinião pública. Negar que o Aparelho do Estado esteja partidarizado é uma desonestidade intelectual. Já se pensa que Jeque esteja ao serviço da Frelimo.
Os escalões de responsabilidade, no Estado, são ocupados por pessoas que professam, ou obrigadas seguir, a mesma ideologia política. Até para secretário de bairro, é requisito essencial ser membro da Frelimo. É raro no mundo em que um Estado de Direito e Democrático seja dominado por um partido. Em Moçambique, a lei é Frelimo. L’Etat c’est moi – o Estado sou eu, dizia Luís XIV, rei da França, que acabou na guilhotina.
No reinado de Joaquim Chissano, houve dois casos de indivíduos chamados para cargos de responsabilidades. Francisco Songane, um profissional competente, sem filiação partidária, para ministro da Saúde, e Benjamim Pequenino, renamista assumido, para PCA dos Correios de Moçambique. Esta experiência terminou com a ascensão de Armando Guebuza ao poder. Os Correios de Moçambique chegaram a níveis recordes de organização e funcionalidade, mas, foi jogado fora por não ser da Frelimo.
Em entrevista ao MAGAZINE, Jeque disse que os partidos da oposição são tribalistas e só a Frelimo é nacionalista. Não questionou o facto de, na história do partido Frelimo, os quatro líderes serem todos da região Sul e da mesma etnia. No Aparelho do Estado, todos professam a mesma ideologia política. Isso é anormal. Mentir é uma coisa feia. O Dr. Domingos Arouca acabou se desentendendo com o seu secretário geral, Jeque e ficou afundada a FUMO/ PSD. Assim, acabou o sonho do velho Arouca.
( Edwin Houinnou, Tribuna Fax, 26/08/09 )
Este artigo foi publicado também no debates e devaneios
6 comentários:
Sobre o Dr. Pequenino eu abono. Abono também o profissionalismo do Dr. Songane mas, confesso, como ministro da saúde não fez quase nada pelo sector. Ou seja, não houve grandes transformações. Em relação aos analistas, David Aloni já escreveu muito sobre eles, são papagaios do SISTEMA.
Um abraço
Caro Viriato, tirou-me as palavras da boca.
Os dois comentadores também são papagaios do sistema. E em especial, Dr Jeque, há muito que procura colocaçõe em quaisquer dos partidos políticos em Moçambique. Só que não consegue.
Veja-se as simpatias que teve com o PDD. E agora está com o MDM e quase na recta final, alinha com a Frelimo.
Que analista é esse?
Eheheheh, Egídio Vaz... Sempre acutilante...
Devo reconhecer que sempre me enganei quanto ao Dr. Jeque. Nunca pensei que ele viria dizer coisas como estas. Egídio, parabéns pelos bons olhos!
Por um lado, a partidarizacão da funcão pública em Mocambique não é um segredo, que a nega é mesmo um puxa-sacos. Falamos do topo porque serve para um exemplo irrefutável, mas a situacão atinge a milhares de mocambicanos, já que isso atinge e afecta até a membros das direccões de escolas, dos postos de saúde lá na aldeia.
Por outro lado, não compreendo de como é possível que um analista político como Carlos Jeque pode pôr em causa as pretensões às carreiras profissionais de cidadãos. Se eu falo de discrimanacão na carreira profissional porque a situacão me afecta, será o motivo para não se valorizar a minha reclamacão. Quem deve lutar por mim? O Dr. Jeque não sabe que o que está a acontecer é uma violacão dos direitos elementares do homem, do cidadão mocambicano?
Triste, apenas muito triste.
Carlos Jeque PCA das LAM, estamos conversados!
...a palavra Recordar é Viver assenta como uma luva...parabens ao administrador deste blog pelo alto sentido de atenção. Continue assim, dissiminando informação útil para todos nós. É disso que que o país precisa. Dismascaremos esses mercenários estomais...
Enviar um comentário