Por Pedro Nacuo
NÃO me lembro de onde ou com quem tenha ouvido uma frase mais ou menos como esta: o Homem é o único animal que sabe fazer de propósito! Da mesma forma que não procurei tanto a veracidade desta definição do Homem, primeiro porque parece muito correcta, de tal jeito que, por pouco seria até o que só faz de propósito, não fosse a ainda incognoscível Natureza, que vezes sem conta surpreende-o com coisas novas para as quais não estava preparado.
NÃO me lembro de onde ou com quem tenha ouvido uma frase mais ou menos como esta: o Homem é o único animal que sabe fazer de propósito! Da mesma forma que não procurei tanto a veracidade desta definição do Homem, primeiro porque parece muito correcta, de tal jeito que, por pouco seria até o que só faz de propósito, não fosse a ainda incognoscível Natureza, que vezes sem conta surpreende-o com coisas novas para as quais não estava preparado.
Em campanhas eleitorais tudo assenta na definição do homem, tal igual, acima. Desde 1994 que cubro eleições na província de Cabo Delgado, sendo por isso que nunca me recenseei em nenhuma outra província do país para votar. Na campanha em curso, juro sinceramente, que nunca tinha visto homens grandes a fazerem de contas que… são normais no seu dia-a-dia, tendo abandonado por estes dias a sua posição postiça em que se encontram na sua vida passageira por alguns cargos que a confiança lhes confiou(passe a repetição) ou a intransparência lhes colocou.
Se se reclamava a raridade dos representantes do povo no terreno, para a fiscalização da acção do Governo, como seria por definição um deputado, hoje não só todos estão presentes, como não saem nunca das suas aldeias, fartos de dizer que são dali, que por isso gostariam de renovar o seu mandato e que para isso todos os aldeões votem em determinado partido e num especifico candidato à presidência.
Aqueles que eram lembrados depois da poeira dos seus 4x4 se levantar, hoje, de propósito deixaram-nas nas suas casas em determinada capital e são vistos a caminhar, a pé, ao lado do povo de quem nunca se deveriam separar. São na verdade filhos daqueles de quem só voltarão a se lembrar daqui a cinco anos. Ficam à frente da multidão, não interessa se de petizes (como vi em Mecúfi) ou de velhos, desde que haja gente atrás a dar vivas, em sinal de campanha.
O Homem, naquela sua definição, é mesmo capaz de colocar tantos panfletos numa viatura até não se ver nem a marca nem a matrícula, com o objectivo de esconder, igualmente as outras partes sensíveis, como as inscrições incómodas nas portas das mesmas, entretanto em meios em que até os pneus são conhecidos por todos como pertencendo a determinada figura.
Interessante é esta outra dimensão do Homem: de cá nascido, de cá saído para outras paragens, regressa em missões politico-partidárias ou governamentais e as suas reuniões valem duas, simplesmente porque precisa de um intérprete, que traduza da língua que não é sua para a sua língua. Fica um civilizado que estudou até ser analfabeto, como diria Awendila. Sim, até não saber falar a sua língua! Desta vez, tudo é terra-terra. Os “meninos” afinal fazem de propósito, ainda podem falar a sua língua materna. É o que estamos a ver no contacto porta-a-porta.
Afinal a água não mineral não faz mal. É o que estamos a ver de gente graúda que alguma vez foi acusada de usá-la até para o banho em plenas aldeias nativas. Hoje pode-se beber directamente do poço, com as mulheres da aldeia que ali buscam o precioso líquido, para de propósito passar a mensagem de solidariedade de que somos iguais, que juntos devemos lutar para mais água potável, desde que se vote em “X” e “Z”.
Apetece perguntar porquê tanto esforço em condições de trabalho, nos gabinetes de todos os que nestes dias não querem ouvir falar nem de cadeira de sofá, nem de aparelho de ar condicionado! Afinal podem trabalhar como a maioria trabalha neste país e como se trabalhou durante anos até eles nascerem e não morrerem de calor, precisamente no momento em que inspiravam mais cuidados ainda, porque bebés!
Mas duma coisa parece estar convencido: até aqui a campanha é morta, há pouco frenesim, pouca avalanche, todos são de todos os partidos. Ainda não ouvi ninguém a dizer que não vai votar em quem pede que vote no dia 28 de Outubro. Todos dizem si, vou votar e todos os partidos ficam por isso contentes e já começaram a pôr nas estatísticas o número de vezes que assim ouviram e começaram a pensar com base nesse diapasão.
Fonte: Jornal Notícias
Se se reclamava a raridade dos representantes do povo no terreno, para a fiscalização da acção do Governo, como seria por definição um deputado, hoje não só todos estão presentes, como não saem nunca das suas aldeias, fartos de dizer que são dali, que por isso gostariam de renovar o seu mandato e que para isso todos os aldeões votem em determinado partido e num especifico candidato à presidência.
Aqueles que eram lembrados depois da poeira dos seus 4x4 se levantar, hoje, de propósito deixaram-nas nas suas casas em determinada capital e são vistos a caminhar, a pé, ao lado do povo de quem nunca se deveriam separar. São na verdade filhos daqueles de quem só voltarão a se lembrar daqui a cinco anos. Ficam à frente da multidão, não interessa se de petizes (como vi em Mecúfi) ou de velhos, desde que haja gente atrás a dar vivas, em sinal de campanha.
O Homem, naquela sua definição, é mesmo capaz de colocar tantos panfletos numa viatura até não se ver nem a marca nem a matrícula, com o objectivo de esconder, igualmente as outras partes sensíveis, como as inscrições incómodas nas portas das mesmas, entretanto em meios em que até os pneus são conhecidos por todos como pertencendo a determinada figura.
Interessante é esta outra dimensão do Homem: de cá nascido, de cá saído para outras paragens, regressa em missões politico-partidárias ou governamentais e as suas reuniões valem duas, simplesmente porque precisa de um intérprete, que traduza da língua que não é sua para a sua língua. Fica um civilizado que estudou até ser analfabeto, como diria Awendila. Sim, até não saber falar a sua língua! Desta vez, tudo é terra-terra. Os “meninos” afinal fazem de propósito, ainda podem falar a sua língua materna. É o que estamos a ver no contacto porta-a-porta.
Afinal a água não mineral não faz mal. É o que estamos a ver de gente graúda que alguma vez foi acusada de usá-la até para o banho em plenas aldeias nativas. Hoje pode-se beber directamente do poço, com as mulheres da aldeia que ali buscam o precioso líquido, para de propósito passar a mensagem de solidariedade de que somos iguais, que juntos devemos lutar para mais água potável, desde que se vote em “X” e “Z”.
Apetece perguntar porquê tanto esforço em condições de trabalho, nos gabinetes de todos os que nestes dias não querem ouvir falar nem de cadeira de sofá, nem de aparelho de ar condicionado! Afinal podem trabalhar como a maioria trabalha neste país e como se trabalhou durante anos até eles nascerem e não morrerem de calor, precisamente no momento em que inspiravam mais cuidados ainda, porque bebés!
Mas duma coisa parece estar convencido: até aqui a campanha é morta, há pouco frenesim, pouca avalanche, todos são de todos os partidos. Ainda não ouvi ninguém a dizer que não vai votar em quem pede que vote no dia 28 de Outubro. Todos dizem si, vou votar e todos os partidos ficam por isso contentes e já começaram a pôr nas estatísticas o número de vezes que assim ouviram e começaram a pensar com base nesse diapasão.
Fonte: Jornal Notícias
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