MARCO DO CORREIO
Por Machado da Graça
Bom dia Luísa
Como estás? E o teu marido e filhos? Nós, cá em casa, estamos bem.
Mas estamos muito preocupados. E creio que há fortes razões para isso.
Estão claramente a querer tramar o MDM do Daviz Simango.
Toda esta jogada da anulação das candidaturas só tem esse objectivo: impedir que o MDM concorra em todos os círculos eleitorais. E, obviamente, o medo é que aquele novo partido conquiste um número significativo de lugares na Assembleia da República e nas assembleias provinciais criando problemas aos dois eternos rivais, a Frelimo e a Renamo.
E esses dois, neste caso, deixaram de ser rivais para serem parceiros. Tal como estão a fazer na Assembleia Municipal da Beira, agora também se uniram na Comissão Nacional de Eleições para travar o passo ao MDM.
Vais-me dizer que não foi só o MDM a ser afastado da corrida eleitoral. Mas eu respondo-te que o resto, com a excepção do PDD, é o que na pesca se chama de fauna acompanhante. Isto é, quando queremos pescar um determinado tipo de peixe ou de marisco, na rede vêm também outras espécies de pescado que não interessam directamente à nossa actividade.
O objectivo da “pesca” da CNE é o MDM e, em menor medida, o PDD. Os outros foram apanhados por arrasto.
E como essas coisas não acontecem por acaso, não me admirava que o partidão tivesse mandado fazer estudos sobre a implantação nacional do novo partido e os resultados se tenham mostrado assustadores para o seu domínio absoluto.
Porque se o MDM e o PDD conseguirem uma votação significativa e a Renamo não for muito penalizada pelas constantes asneiras que faz, a Frelimo pode perder a maioria absoluta na Assembleia da Republica e isso significaria que a legislação só passa se houver negociação entre as bancadas para se conseguir o número de votos necessário à sua aprovação.
Isto é, acabaria o monopólio político da Frelimo.
Uma bancada significativa do MDM significaria que iríamos assistir de novo a intervenções parlamentares de qualidade como aconteceu nos primeiros tempos da última legislatura com a bancada da Renamo dirigida por Maria Moreno. A maioria dos responsáveis por essa qualidade mudou de ave, passou da Perdiz para o Galo.
E, para impedir que tudo isso possa acontecer, há quem ache que vale tudo. Que a vitória se prepara com violência nas ruas e nas salas de tomada de decisão e que a vitória se organiza espezinhando as leis do país.
O Dr. João Leopoldo está, provavelmente, a aperceber-se do que se quer dizer quando se afirma que ninguém nos oferece um jantar de borla.
A sua equiparação a ministro, com todos os benefícios e mordomias inerentes, foi o jantar. Mas tem agora que ser pago obedecendo aos interesses de quem lhe deu o jantar. Mesmo que agora possa ter que engolir sapos vivos.
Já há dois ou três dias ele mostrou-se admirado por os partidos não terem recebido a deliberação da CNE que os exclui, documento indispensável para eles poderem recorrer. Ora, até onde sei, essa deliberação continua por entregar.
Por outro lado, a CNE apressa-se a tratar da distribuição do dinheiro para a campanha aos seus escolhidos. Isto é, trava por um lado e acelera pelo outro. E esta aceleração brusca já deu asneira grossa no sorteio dos lugares nos boletins de voto.
Anda aí um spot na RM a dizer que a embriaguez nos faz perder o raciocínio ao volante, quando conduzimos.
Pois tudo leva a acreditar que a embriaguez política também fez perder o raciocínio aos membros da CNE e a quem, muito provavelmente, lhes deu ordens.
E, já agora, termino com outro provérbio: Se o Poder corrompe, o Poder Absoluto corrompe absolutamente.
Um beijo para ti do
Machado da Graça
CORREIO DA MANHÃ – 11.09.2009
Fonte: Mocambique para todos
Por Machado da Graça
Bom dia Luísa
Como estás? E o teu marido e filhos? Nós, cá em casa, estamos bem.
Mas estamos muito preocupados. E creio que há fortes razões para isso.
Estão claramente a querer tramar o MDM do Daviz Simango.
Toda esta jogada da anulação das candidaturas só tem esse objectivo: impedir que o MDM concorra em todos os círculos eleitorais. E, obviamente, o medo é que aquele novo partido conquiste um número significativo de lugares na Assembleia da República e nas assembleias provinciais criando problemas aos dois eternos rivais, a Frelimo e a Renamo.
E esses dois, neste caso, deixaram de ser rivais para serem parceiros. Tal como estão a fazer na Assembleia Municipal da Beira, agora também se uniram na Comissão Nacional de Eleições para travar o passo ao MDM.
Vais-me dizer que não foi só o MDM a ser afastado da corrida eleitoral. Mas eu respondo-te que o resto, com a excepção do PDD, é o que na pesca se chama de fauna acompanhante. Isto é, quando queremos pescar um determinado tipo de peixe ou de marisco, na rede vêm também outras espécies de pescado que não interessam directamente à nossa actividade.
O objectivo da “pesca” da CNE é o MDM e, em menor medida, o PDD. Os outros foram apanhados por arrasto.
E como essas coisas não acontecem por acaso, não me admirava que o partidão tivesse mandado fazer estudos sobre a implantação nacional do novo partido e os resultados se tenham mostrado assustadores para o seu domínio absoluto.
Porque se o MDM e o PDD conseguirem uma votação significativa e a Renamo não for muito penalizada pelas constantes asneiras que faz, a Frelimo pode perder a maioria absoluta na Assembleia da Republica e isso significaria que a legislação só passa se houver negociação entre as bancadas para se conseguir o número de votos necessário à sua aprovação.
Isto é, acabaria o monopólio político da Frelimo.
Uma bancada significativa do MDM significaria que iríamos assistir de novo a intervenções parlamentares de qualidade como aconteceu nos primeiros tempos da última legislatura com a bancada da Renamo dirigida por Maria Moreno. A maioria dos responsáveis por essa qualidade mudou de ave, passou da Perdiz para o Galo.
E, para impedir que tudo isso possa acontecer, há quem ache que vale tudo. Que a vitória se prepara com violência nas ruas e nas salas de tomada de decisão e que a vitória se organiza espezinhando as leis do país.
O Dr. João Leopoldo está, provavelmente, a aperceber-se do que se quer dizer quando se afirma que ninguém nos oferece um jantar de borla.
A sua equiparação a ministro, com todos os benefícios e mordomias inerentes, foi o jantar. Mas tem agora que ser pago obedecendo aos interesses de quem lhe deu o jantar. Mesmo que agora possa ter que engolir sapos vivos.
Já há dois ou três dias ele mostrou-se admirado por os partidos não terem recebido a deliberação da CNE que os exclui, documento indispensável para eles poderem recorrer. Ora, até onde sei, essa deliberação continua por entregar.
Por outro lado, a CNE apressa-se a tratar da distribuição do dinheiro para a campanha aos seus escolhidos. Isto é, trava por um lado e acelera pelo outro. E esta aceleração brusca já deu asneira grossa no sorteio dos lugares nos boletins de voto.
Anda aí um spot na RM a dizer que a embriaguez nos faz perder o raciocínio ao volante, quando conduzimos.
Pois tudo leva a acreditar que a embriaguez política também fez perder o raciocínio aos membros da CNE e a quem, muito provavelmente, lhes deu ordens.
E, já agora, termino com outro provérbio: Se o Poder corrompe, o Poder Absoluto corrompe absolutamente.
Um beijo para ti do
Machado da Graça
CORREIO DA MANHÃ – 11.09.2009
Fonte: Mocambique para todos
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