Por Viriato Caetano Dias
“A bússola do destino não falha.” Arrone Fijamo Cafar, in “Ecos de Inhamitanga”
Em todos os campos da vida há sempre um homem que se notabiliza pelos seus feitos em prol de uma causa comum. Se há alguém no país, que tem sabido aglutinar todas as atenções de um povo, sem ter que pegar em armas para reivindicar à sua existência ou vender patos – “fórmula empresarial” que certas figuras de proa na arena nacional usam, para se tornar ricas e mandar no país – Daviz é um deles. Obra feita, humildade, compromisso com a verdade, o respeito pela dignidade da pessoa e de uma maior justiça social, constituem a grandeza de um homem que nasce, politicamente, dos escombros de um partido político agora sem leme, a (Renamo). A única luta pela qual Daviz Simango trava é pela melhoria de vida de todos os moçambicanos, independentemente da sua orientação política, religiosa ou outra qualquer. Nessa luta, advirto, não se recomenda às almas fracas compostas de sentimentalismo generalizado, muito menos de oportunismo político como, aliás, tem vindo a formar escola em algum sectores da sociedade. É uma guerra sem quartel, titânica e desapaixonada, para colocar o país a andar para a frente.
Arrisco-me de dizer, sem medo dos ataques de possíveis detractores de Daviz Simango; não fosse a prostituição óssea e mental que impera sobre a classe dos escribas e aspirante a este ofício era, no mínimo, indubitável, o rebento de uma ou mais obras literárias sobre o homem do momento, cujo povo o colocou no tabuleiro indelével da história nacional. A heroicidade de Daviz Simango não pode ser confundida por este ser vergôntea de um dos fundadores da FRELIMO, enga-se rotundamente quem assim ousar, quer em pensamentos quer em palavras, porque Daviz Simango surge, na verdade, no contexto de uma calamidade mental que fustigou a Renamo e que o obrigou a remar contra a maré até à fecundação do mais recente partido político no país, o Movimento Democrático de Moçambique (MDM). Não há indivíduo que não goste de ouvir o galo a cantar; o galo madrugador que desperta a todos, homens e mulheres, jovens e adultos, tal é o chamariz o símbolo do MDM.
A história do filho confunde-se com a do pai, ambos foram sacrificados nos seus respectivos partidos por pensarem de maneira diferentes, ou seja, por não estarem de acordo com as regras mentais da maioria ou de um simples “chefe”. Infelizmente, no nosso país, quem faz a diferença com obras feitas para satisfação da maioria encontra como resposta uma coroa de espinhos. Portanto, não me desvio das balas que eventualmente serão lançadas pelos possíveis detractores de Daviz Simango a razão desta homenagem que lhe faço. Mas se alguém estiver contra o débito das minhas palavras, ao invocar os feitos deste homem, que as lance com a mesma frontalidade que faço aqui. A minha defesa ´anti-balas´, confesso, está preparada contra qualquer artilharia que pretender atacar-me, sem justa causa, ou seja, sem uma circuncisão cabal dos factos.
Sem querer mexer no vespeiro ou lamber feridas dos tempos da ditadura samoriana, altura em que a nossa bendita democracia andava perdida nas matas de Maringué, Gorongosa; em Roma, ou em cada alma revolucionária do povo moçambicano contra as vicissitudes do regime, porque ainda não cessou o prurido das cicatrizes do passado, tanto para a família Simango, como para outras, incluindo a minha. Foi duro ouvir que o meu progenitor, no meio de tantos outros presos políticos, teve de aguentar os mais duros golpes do “Sistema” numa masmorra debaixo da terra construído para o efeito. Quando consultado os vesgos de direito (porque naquela altura não havia - que saiba - em Tete, doutos no aludido ofício) disseram, como era hábito naquela circunstâncias, que estavam apenas a cumprir ordens superiores, instigado pelo facto de, no entender do “Sistema”, “por àqueles terem trabalhado com a administração colonial português, ora tinham o prolongamento mental dos português.” Valeu a pronta e sabia intervenção de Hama Thai, que lhe devo publicamente a safa da vida ao meu pai, pelo menos para este caso. Quanto aos restantes casos, em que o mesmo foi sujeito há torturas, a história julgará por isso! Os olhos de Deus não pestanejam!
Sobre a maldade dos homens no mundo, deixo ficar para a reflexão aquém estas linhas interessar uma frase da minha bússola literária, da autoria do zambeziano Arrone Fijamo Cafar (já falecido) que diz, cito na íntegra: “raras as vezes em que das reuniões dos homens resultem obras do bem comum para humanidade, obras facilitantes, enfim obras que revelem a verdadeira nobreza do carácter racional. Geralmente, se, por omissão, um dos componentes se autoriza introduzir qualquer opinião neste sentido e que seja de acordo da maioria, a maldade, que simplesmente prefere viver com a parte superior da comunidade humana, revolta-se na cabeça do membro mais representativo e este exibe seu voto: é uma loucura; nem sempre se deve usar contemplações, principalmente, nos casos como....É assim, infelizmente, que se vive no mundo dos homens!” (In “Ecos de Inhamitanga”, pp.52).
Há dias uma leitora das minhas reflexões perguntava-me da Beira, se concordava ou não com o verídico da Comissão Nacional de Eleições (CNE) em excluir, contra os anelos do povo, o MDM em nove dos 13 círculos eleitorais para as próximas eleições legislativas? A minha resposta, para não desfraldar a minha leitora ante a pergunta tendenciosa, é esta que foi dada pelo historiador, Egídio Vaz, quando em Junho de 2007 vaticinou o seguinte: "(...) A CNE tem agora todas as condições necessárias para prestar um péssimo serviço ao povo. A CNE tem agora melhores condições (que antes) para levar a cabo um processo eleitoral bem desorganizado e fraudulento de sempre! A incompetência está de parabéns.“ (http://oficinadesociologia.blogspot.com/ ). Destaque meu.
A barragem de artilharia da CNE contra o MDM não podia esperar por muito tempo, numa altura em que o MDM e o seu candidato às presidenciais, Daviz Simango, estão cada vez mais a amealhar simpatias do povo moçambicano, o que deixa preocupado o “Sistema” e os seus acólitos. De resto não era para menos, estamos a falar de um partido que surge na história democrática do país há sensivelmente 1 ano e meio, mas que têm a força de um vendaval que arrasta consigo a “maçaroca” e faz tocar, de tonto, o batuque, para não falar do condicionamento da “perdiz” em levantar o voo. É, de facto, um incómodo o MDM. Mas também é, no fundo, um partido para autópsia nos laboratórios científicos das nossas academias. Já era tempo das nossas oficinas do saber, ao invés de mandar decorar aos estudantes as datas e feitos de alguns heróis, cujas heroicidades deixam muito a desejar aos olhos da história, bem podiam estudar os fenómenos históricos nacional. O fenómeno Daviz Simango, o MDM, a postura da CNE, as intempéries da Renamo e do seu líder, Afonso Dhlakama, etc. devem merecer um estudo profundo por parte dessas academias.
A cegueira da CNE em excluir o MDM nos nove círculos eleitorais para as próximas eleições legislativas a decorrer no dia 28 de Outubro corrente, usando os argumentos que usou, sinceramente, deixa-me muito preocupado. Estou mais preocupado com o asfixiamento democrático que com as fomes, que dizimam vidas humanas no país, porque se a fome (cerebral) vem de um órgão como a CNE; então temos que parar e pensar, piores hecatombes estão ainda por vir. A pior desgraça que um país pode ter é de ver a justiça ser substituída pela arrogância. Quando assim acontece, é porque estamos perante um caos. Tenho estado a falar com os meu botões, se bem que a CNE não funciona como devia ser, se os seus quadros deixaram de fazer aquilo que deviam fazer, pior ainda, deixaram de pensar para seguir os caminhos da ignorância, bem podíamos lançar uma SOS para a comunidade internacional dar cobro à situação. A fome pode ser combatida com comida, mas a ignorância não, só com atitude séria e responsável. Parece-me que a CNE manda “lixar” as duas coisas. Prefere seguir à senda da sua ignorância, mesmo quando os avisos vêm donde sai a “mola”. Por mais que eu queira me convencer de que a CNE é um órgão independente e imparcial, mas não posso, nem devo, porque os factos falam por si. Uma grande parte dos seus funcionários seniores é “pupilo” do “partidão”. Mal que termine a comissão de serviços na CNE, os mesmos voltam a ocupar os seus cargos políticos no partido. Incrível!
Porque ainda admiro o actual presidente da CNE, Dr. Leopoldo da Costa, e para que este não veja o seu nome apodado em adjectivos desapropriados como, aliás, tem estado a acontecer, aconselho-o a demitir-se do cargo que ocupa, sem antes um aviso: há certos cargos políticos que pela sua natureza funcionam como anéis de ouro, porém às vezes criam feridas aos dedos. A incompetência tem as suas consequências, às vezes paga-se caro. O actual Primeiro-Ministro de Portugal, Engº José Sócrates, em entrevista a uma canal televisivo português, disse e passo a citar de memória: “Um dirigente não deve orientar as suas decisões com base em quem se manifesta e em quem tem mais voz, mas com base no interesse geral. Não é possível agradar a todos, o que é necessário fazer é aquilo que a sua consciência dita para o bem comum.”
Neste processo eleitoral a única coisa que mudou são as vítimas a lamentar. Se antes era a Renamo e o seu líder, Afonso Dhlakama, agora passou a ser o MDM e o seu candidato às presidências, Daviz Simango. Já assistimos um pouco de tudo, sendo o mais grave das atrocidades cometidas pelos militantes da Frelimo, o ataque contra à sede do MDM, em Chokwé. É uma aberração contra a lei (semáforo de orientação de uma e qualquer sociedade hierarquicamente bem organizada) fere, igualmente, os princípios democráticos que se pretende construir no país. Creio que, dentro do meu pessimismo histórico, se o contrário fosse acontecer (espero que não aconteça) contra à sede da Frelimo já teríamos assistido uma retaliação sangrenta ou, no mínimo, ouvido a Procuradoria-geral da República falar, como é de costumo em armação de contendas do género, a invocar uma série de ladainhas em jeito de leis e artigos enfadonhos a bom de um Estado de direito. “Ninguém está acima da lei” diriam! Teríamos, por outro lado, a PIC, a FIR, a PRM, provavelmente o SISE e outras forças, a forjar culpados contra tal acto, quão inquilinos inocentes nas masmorras do país. Consta-me que em tempo de eleições, ou seja, de campanha eleitoral, as forças policiais no país abdicam-se dos seus mais nobres afazeres: que é de velar pela ordem e tranquilidade públicas, para servir os interesses obscuros do “Sistema”.
Não queria terminar esta minha reflexão sem antes deixar ficar um recado ao Eng.º Daviz Simango (repare que ao longo da minha dissertação evitei, no máximo, usar o prefixo “Eng.º”, porque os “tugas”, no berço da “língua de Camões”, que veio para a África de barco, não souberam, como ainda não sabem, diferenciar os títulos académicos; por um simples bocejo na expressão portuguesa, que seja de difícil compreensão do próximo, e o espreitar dos bancos de uma universidade) atribui-se à velocidade de um cruzeiro e a qualquer escumalha os títulos de “Engº”; “mestre”; “Dr.”; “Professor Dr”; etc., embora Daviz Simango seja, neste caso vertente, uma excepção.
O conselho que deixo é este: “o piolho que te suga estará, provavelmente, nas tuas próprias vestes.” Por isso, é preciso ter muita atenção com aqueles que te rodeiam, pois nem sempre te querem o bem. É preciso ter cuidado com os homens – disse Fijamo, que é citado ao longo desta reflexão – principalmente aqueles que te parecessem dedicar grandes amizades.” Na vida aprendi com o meu professor de História Política, na UP, Dr. Francisco Zacarias Mataruca, que em política os nossos adversários são muita das vezes os nossos melhores amigos, àqueles com quem conversamos e convivemos, porque não são capazes de nos dar o bom combate, enfim, são bajuladores à troco de apetites estomacal; já os inimigos fazem exactamente o contrário, não se escondem nem fazem o jogo baixo da avestruz – esconder a cabeça mas com o corpo fora – são frontais e sabem estender à mão quando perdem.
P.S: Semana passada visitei o “Palácio de Belém”, em Lisboa. Entre outras informações dadas, fiquei a saber pelo guia turístico que nos levou a conhecer os 4 cantos da casa; apesar de ser a residência oficial do Presidente da República, o actual presidente, Professor Aníbal Cavaco Silva mora em casa própria (apartamento), arredores de Lisboa. Quem quiser visitar o museu do palácio – e o próprio palácio – pode fazê-lo todos os dias, sábado e domingo de manhã. Vê se a moda pega na “Ponta Vermelha”.
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