Fátima Mimbire, AIM
MAPUTO, 04 OUT (AIM) – Algumas individualidades políticas e religiosas entrevistadas pela AIM consideram que a paz é uma realidade em Moçambique e enfatizam a necessidades de se intensificarem as acções de preservação da paz que existe no país há 19 anos.
Interceptadas pela AIM, na Praça dos Heróis Moçambicanos, em Maputo, afirmaram que para que a paz seja efectiva e duradoira em Moçambique é necessário haver um diálogo permanente entre as diferentes forças políticas, o Governo e a população.
Por outro lado, consideram ser premente evitar a discriminação, a intolerância, exclusão, as diferenças sociais, entre outros males.
Para o Arcebispo da Cidade de Maputo, Dom Chimoio, há que acabar com as assimetrias sociais porque elas criam condições para a insatisfação dos cidadãos, podendo resultar em conflitos.
Dom Chimoio defende que a paz é o caminho para um crescimento harmónico, fraterno do país, em que cada moçambicano se sente integrado e pode contribuir de modo positivo.
“Devemos valorizar as conquistas alcançadas. Temos que continuar a pactuar pelo bem que é a construção da paz, manutenção da serenidade. Mas a paz deve provir do fundo do coração de cada cidadão. Saber que cada cidadão tem direito a vida, ao respeito, ao amor, e a consideração. Quando percebermos isso, teremos paz. Porque a paz se consegue na partilha, na condivisão do que temos”, referiu Chimoio.
Por sua Vez, Dinis Sengulane, Bispo da Igreja Anglicana em Moçambique, considera que Moçambique é um solo fértil para a paz esta que vai prevalecer e transbordar.
Entretanto, Dom Dinis Sengulane chamou a atenção para a necessidade dos líderes políticos moçambicanos usarem uma linguagem moderada quando pretendem fazer qualquer crítica.
Por outro lado, considera que os jovens devem saber filtrar a informação, deixando de lado as mensagens que apelam à violência, perigando a paz e o bem-estar social.
“Nenhum dirigente deve usar linguagem que possa por em perigo a paz e apelar a guerra. Mesmo quando queremos criticar as coisas que não estão bem, devemos usar uma linguagem que inspira a paz. O discurso, seja qual for, deve incorporar mensagem de paz. Ninguém tem saudades da guerra em Moçambique” defendeu ele, sublinhando que “os jovens, devem filtrar a mensagem, escutar as mensagens que falam da paz e ignorar as que perturbam a paz”.
Enquanto isso, o membro da Conselho Nacional do Movimento Democrático de Moçambique (MDM) e Chefe da Bancada Parlamentar daquele partido na Assembleia da República (AR), Lutero Simango, defende que para que a paz seja efectiva em Moçambique é preciso que todos cultivem a reconciliação nacional.
Segundo Lutero Simango, os professores, principalmente os do ensino primário, devem ensinar os alunos os valores da paz e reconciliação nacional, bem como do patriotismo.
Para ele, a exclusão política constitui um aspecto que pode perigar a paz que Moçambique conquistou há 19 anos.
“Devemos deixar de excluir os moçambicanos politicamente. Devemos promover nas empresas a promoção na carreira com base na competência profissional e não da confiança política. Que tenhamos na mente que os moçambicanos mais competentes, mais profissionais são uma mais-valia para o desenvolvimento nacional”, disse ele.
“Não podemos continuar com situações em que os directores das escolas sejam nomeados por confiança política e não em função da competência. Não podemos continuar com as células dos partidos como forma de valorizar o trabalho.Queremos uma economia que para além de gerar riqueza, gere emprego porque a estabilidade familiar é factor determinante para a estabilidade social”, indicou Simango.
Para ele, não há ambiente para a guerra e que este é o momento de todos virarem a sua atenção para acções que constroem a paz, que, no entanto, veio para ficar.
Por sua vez, Raul Domingos, ex - Secretario geral da Renamo e actual Presidente do Partido para a Paz, Democracia e Desenvolvimento (PDD), o diálogo permanente e a reconciliação nacional são pilares fundamentais da paz.
De acordo com Domingos, o AGP ainda não caducou e é um instrumento de manutenção da paz e que, o mesmo, não vai morrer enquanto prevalecer a vontade da paz.
Por sua vez, a Comunidade de Sant’Egídio considera que a chave para a manutenção da paz está no diálogo.
“A cultura do diálogo é decisiva para o futuro do País. Este é também o apelo que dirigimos aos governantes, aos políticos, aos líderes religiosos, à sociedade civil, e a todos: Procurem o bem comum! Procurem aquilo que une!”, refere a comunidade de Sant’Egídio que desempenhou um papel importante para a assinatura do AGP.
Por ocasião da passagem do 19º aniversário do AGP, a Comunidade de Sant’Egidio, em parceria com o Conselho Cristão, organizou uma marcha pela paz na cidade de Maputo.
A marcha iniciou nas primeiras horas de hoje, na baixa da capital moçambicana, Maputo, e terminou na praça da paz onde houve um culto pela paz que contou com a presença do Presidente da República, Armando Guebuza, e outros membros do Governo, representantes do corpo diplomático, sociedade civil, partidos políticos, confissões religiosas, entre outros convidados.
Durante a marcha, os participantes empunharam dísticos cujos dizeres se resumiam no “NÃO A VIOLENCIA E SIM A PAZ”.
(AIM)
FTA/mz
Fonte: AIM - 04.10.2011
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