sábado, abril 09, 2016

Severino Ngoenha e Tomás Vieira Mário dizem que Dom Jaime é um exemplo de nacionalismo

Depois da missa do corpo presente de Dom Jaime Gonçalves, a morte do Arcebispo Emérito da Beira continua sendo um assunto na ordem do dia, não fosse uma das figuras mais proeminentes no processo da pacificação do país. A fim de analisar a sua vida e obra, o académico Severino Ngoenha e o jornalista Tomás Vieira Mário juntaram-se há uma hora para recuperar o passado de um homem que sempre foi defensor dos seus ideais.
Quer para Severino Ngoenha quer para Tomás Vieira Mário, Dom Jaime Gonçalves foi uma figura nacionalista, e que, a pesar de ter herdado uma igreja em conflito com o poder após a independência, soube renova-la com discursos que consistiam em ajudar as pessoas a desenvolver numa filosofia da cristianização, mas sem colonização. “Dom Jaime foi um verdadeiro nacionalista, muito antes de ser democrata”, disse Severino Ngoenha.
Não obstante, na opinião de Tomás Vieira Mário, Dom Jaime sempre foi um bispo que se opôs ao colonialismo, “grande moçambicano que nunca se coibiu de expressar a sua opinião”.
Estas qualidades caracterizam a vida e obra de Dom Jaime. Caso contrário, de acordo com Severino Ngoenha, teria sido impossível renovar uma igreja em perseguição na década de 80. “Dom Jaime foi a cara e a alma da nova igreja católica, o homem que impulsionou o conjunto da conferência episcopal a tomar decisões”, enalteceu o académico, revelando que o bispo nunca quis se juntar a Frelimo, o que muitas vezes criou-lhe animosidades com o poder num contexto em que para se ser nacionalista tinha-se de alinhar com o partido da maçaroca. “Dom Jaime apoiou o seu povo sem ser militante”, rematou.
Severino Ngoenha e Tomás Vieira Mário foram convidados da apresentadora Olívia Massango no Especial Dom Jaime, transmitido em directo pela Stv.

Fonte: O País – 09.04.2016

Sem comentários: